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4 motivos para crer que Bia Haddad Maia vai continuar brilhando no circuito

Divulgação/FFT
Imagem: Divulgação/FFT

Colunista do UOL

12/06/2023 04h00

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Roland Garros acabou e, junto com o slam do saibro, foi-se também grande parte da badalação que vinha de fora da bolha tenística com Beatriz Haddad Maia. Quem acompanha tênis, porém, sabe que a campanha da paulista de 27 anos na capital francesa não teve nada de acaso nem doses exageradas de sorte, e é bem possível que voltemos a vê-la brigando por coisas grandes no futuro. Quer saber por quê? Dá só uma olhada...

1. Consistência

Bia não saiu do zero para alcançar as semifinais de Roland Garros. Era a número 14 do mundo quando o torneio começou, e é importante explicar algo sobretudo aos fãs menos assíduos da modalidade. No tênis, o ranking soma os pontos conquistados ao longo de 52 semanas. Logo, Haddad Maia tinha consistência suficiente para estar entre as melhores do mundo. Nesse período, foi campeã de dois torneios da série 250 (Nottingham e Eastbourne, ambos na grama) e vice em um WTA 1000 (Toronto). Roland Garros foi "apenas" o resultado que chamou mais atenção nesse período. Não há por que imaginar que Bia não continuará tendo resultados compatíveis com os que já alcançou.

2. Evolução

Bia já não é tão jovem, mas sua chegada à elite do esporte foi retardada por múltiplas lesões, quatro cirurgias e uma suspensão por doping. Agora, aos 27 anos, ainda tem espaço para evoluir. E mais: a brasileira tem o melhor técnico possível para isto. Rafael Paciaroni, paulista de 36 anos, é estudioso, metódico e mostra inesgotável energia para fazer sua atleta crescer. "A gente precisa estar todo dia criando desconforto", disse em entrevista ao Saque e Voleio em abril. A parceria deu muito certo e, a julgar pelo discurso de ambos, a fome para ir mais longe ainda é grande.

3. Pés no chão

Além de grande atleta, Bia é uma boa pessoa. Do tipo que cumprimenta todos e não se acha superior a ninguém. Sabe onde mora e tem consciência tanto dos problemas do país quanto dos seus privilégios (leia o item 3 deste texto para saber mais sobre isso). Logo, não é o tipo de atleta que se deslumbra com uma grande campanha ou com um gordo prêmio em dinheiro (embolsou 630 mil euros em Roland Garros). Por tudo que se sabe sobre ela, o cenário mais provável tem Bia seguindo sua caminhada com os pés no chão, sem se deixar levar por distrações e com a ambição de conquistar coisas maiores.

4. Altos e baixos em Roland Garros

Alcançar a semifinal foi um feito e tanto, inédito para Bia, mas é preciso lembrar que a brasileira não jogou seu melhor tênis ao longo de todo o torneio. Se foi brilhante ao vencer jogos apertados e sair de situações complicadas, Bia também teve momentos de instabilidade. Na segunda fase, teve um set e uma quebra de vantagem, mas perdeu a segunda parcial. Na terceira rodada, desperdiçou uma vantagem de 4/1, com duas quebras de frente, no set decisivo. Nas oitavas, vencia o primeiro set por 5/2, mas perdeu por 7/6 e deixou a rival abrir 3/0 na parcial seguinte.

O que tudo isso quer dizer? Que mesmo com altos e baixos, Bia conseguiu ir tão longe em Paris. Logo, dá para imaginar o que a brasileira é capaz de fazer em semanas realmente inspiradas. Há muito motivo para otimismo.