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Andy Murray e como aprender na beira da quadra

Quem vê entrevistas coletivas ou lê suas transcrições com frequência sabe como é: não é nada raro ouvir de tenistas que eles/elas não vão ver de perto os jogos de suas próximas adversárias. Mandam o técnico para a beira da quadra enquanto voltam para seus hotéis para ver Netflix, esperando para ouvir um resumo e um plano tático no dia seguinte. E tudo bem, né? A maioria do circuito faz isso mesmo, então não deve fazer tanta diferença assim.

Entretanto, a julgar pela entrevista que Andy Murray deu em Washington, onde o britânico disputa um ATP 500 nesta semana, faz sentido discordar do "padrão" relatado acima. O ex-número 1 do mundo, que esteve na Quadra Central de Wimbledon e acompanhou a final entre Carlos Alcaraz e Novak Djokovic, falou sobre o quanto observou e aprendeu com os atuais números 1 e 2 do mundo. Andy até filmou alguns momentos. Vejam seu relato na entrevista abaixo (tradução em seguida):


"Aprendi muito vendo e acho que, provavelmente, olhando para trás, gostaria de ter feito isso um pouco mais. Não é sempre fácil sentar na arquibancada e ver partidas porque a maioria das pessoas ali são fãs de tênis, e isso pode te distrair."

"No fim da partida, nos últimos dois sets, achei que o tênis foi excelente. As condições eram muito difíceis naquele dia. Estava ventando, então o começo não foi tão limpo, mas foi assim principalmente por causa das condições. Com o andar da partida, acho que os dois jogaram cada vez melhor. Também deu para meio que ver Alcaraz aprendendo no decorrer da partida. Poderia ter ido para qualquer lado, para dizer a verdade. Foi muito apertado. Estou feliz por ter ficado para a final."

"Acabei fazendo vídeos dos caras e focando um pouco mais em um lado da rede. Olhando suas posições de devolução e sua movimentação entre os pontos. Olhando para as vezes em que Alcaraz buscava jogar de forma agressiva e como ele fazia isso. O interessante, eu acho, é que quando eu estava sentado lá eu também estava observando as equipes e vendo os jogadores e suas reações entre os pontos. Embora às vezes os dois pareçam calmos na TV, você pode perceber que havia estresse e frustração e todas essas coisas. Quando você está só vendo pela TV, eles muitas vezes cortam para pessoas na torcida ou apenas para o cara que ganhou o ponto, e você também não vê essas reações imediatamente. Então acho que ver que havia frustração, mas também como eles respondiam a isso foi muito interessante. Estou feliz por ter ficado para ver. Vou provavelmente tentar fazer mais isso, tentar ver mais do lado da quadra e ao vivo em vez de ver apenas pela TV."

Uma aula de aprendizado, com o perdão do paradoxo.

E alguém aí ousa discordar de Sir Andy Murray?

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Coisas que eu acho que acho:

- Trata-se de uma aula que vem de Andy Murray, um veterano que coloca à prova a medicina e um quadril de metal toda vez que pisa na quadra, ciente de que seus melhores dias estão no passado. Ele sabe que se tiver Djokovic ou Alcaraz do outro lado da quadra, suas chances são mínimas. Ainda assim, aos 36 anos, mostra que sempre há o que aprender.

- Som de hoje no meu Kuba Disco: New York (St. Vincent), que entrou para minha playlist de trilhas sonoras quando ouvi no encerramento de um episódio de WeCrashed (Apple TV+).

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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