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Sobre Bia e Alcaraz: sem drama, por favor

A semana dos torneios das séries 1000 no Canadá é importante. Bastante. É quando a elite se reúne toda (ou quase isso!) pela primeira vez no pós-Wimbledon. É quando fica séria de verdade a fase de preparação para o US Open. Todo mundo quer saber como está seu nível de tênis. Todos querem se medir contra os melhores do planeta. Logo, os resultados e, sobretudo, as atuações, têm sua devida importância em Toronto em Montreal.

Dito isto, é preciso evitar extremos. Um título não significa, necessariamente, que o campeão vai ser um forte candidato em Nova York. Da mesma maneira, uma derrota precoce não é sinal de fracasso no US Open. Há incontáveis exemplos, e nem precisa ir muito longe. O campeão de Montreal do ano passado foi Pablo Carreño Busta, que entrou no top 15 e até foi bem em NY, mas caiu nas oitavas de final depois de superar Thiem, Bublik e De Minaur. Nunca foi considerado um dos favoritos.

Em Toronto, a campeã foi Simona Halep, que derrotou Beatriz Haddad Maia na final. A romena caiu na estreia no US Open, superada pela quase desconhecida Daria Snigur. Bia ficou na segunda rodada, superada por Andreescu. Deu para entender, não?

Por isso, não cabe dramatizar em excesso as derrotas de Bia e Carlos Alcaraz (entre outros!) nesta semana, no Canadá. Em Montreal, Bia teve a tarefa ingrata de encarar na segunda rodada uma tenista da casa, que jogou de forma corajosa, colada na linha e tirando o tempo da brasileira. Leylah Fernandez aproveitou o ambiente, com uma torcida empolgada e barulhenta, e saiu com a vitória. Palmas para ela. E não, não foi a melhor das atuações de Haddad Maia, mas tampouco foi um jogo desastroso. A vida segue, o circuito segue, e há sempre a chance de fazer ajustes e melhorar antes do US Open.



O mesmo vale para Carlos Alcaraz, o número 1 do mundo e campeão do US Open e de Wimbledon. Caiu nas quartas de final, em uma clara zebra, diante de Tommy Paul, depois de atuações com altos e baixos contra Ben Shelton e Hubert Hurkacz. Uma decepção, sim, para os padrões dos torcedores da elite do tênis masculino, não-tão acostumada a ver seus heróis perdendo jogos ganháveis.

Carlitos, contudo, já mostrou que não é o Federer de 2005-06, o Nadal de 2008 (ou 2013?) ou o Djokovic de 2011 (ou 2015? ou 2021?). Pelo menos não por enquanto. Não vai sair ganhando todos torneios, uma semana após a outra. Seu tênis, hoje, é um tanto "indisciplinado", no sentido carinhoso da palavra. Alcaraz ainda joga muito por instinto, especialmente quando se empolga com a torcida, o ambiente ou suas próprias jogadas. É como se ele pensasse "eu sei que consigo" (porque consegue mesmo!) e tentasse vencer com mais highlights do que o necessário, e isso, às vezes, resulta em erros e pontos de graça para os adversários.

Não é nada grave, sobretudo porque Carlitos já mostrou que sabe manter a disciplina quando precisa - vide final de Wimbledon. Porém, o garotão ainda vai perder jogos aqui e ali dessa maneira. Coisas da idade. Imagine um Gen-X vendo "A Origem" no cinema. O garotão abre o celular um par de vezes, troca mensagens com uns amigos, perde um ou dois detalhes da história e, quando volta a atenção ao filme, já não sabe se está vendo a vida real, o sonho ou o sonho do sonho (ou o sonho do sonho do sonho). Christopher Nolan manda beijos. Mas eu divago. Alcaraz também deixa de acompanhar o roteiro de certas partidas, e sofre derrotas assim aqui e ali.

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O que isso significa antes do US Open? Muito pouco. Ambos estão em Cincinnati nesta semana. É outra chance para voltar a competir, ganhar ritmo de jogo e, quem sabe, somar vitórias e adquirir confiança. Sem drama além do necessário, por favor.

Coisas que eu acho que acho:

- Tommy Paul foi o mesmo que eliminou Alcaraz no Masters do Canadá no ano passado. Carlitos tomou primeira rodada em Toronto e caiu nas quartas em Cincy. E acabou campeão do US Open. Paul parou na terceira rodada em NY, superado por Casper Ruud, o vice-campeão daquele torneio.

- Bia deu bastante azar no sorteio em Cincy. Vai estrear contra Karolina Muchova, vice-campeã de Roland Garros. A tcheca, aliás, fez outro jogo duro com Iga Swiatek nesta semana, em Montreal. Perdeu por 6/4 no terceiro.

- Vale registrar: com presença de Carol Meligeni no anúncio, a CBT anunciou que Brasília será a sede do próximo confronto brasileiro na Billie Jean King Cup. Os jogos contra a Coreia do Sul, válidos pelos Qualifiers, serão nos dias 10 e 11 de novembro, na Arena BRB. Vale destacar: tanto Carol quanto a capitã da equipe, Roberta Burzagli, destacaram que a confederação atendeu "todas as condições que solicitamos para enfrentar a Coreia do Sul" (aspas de Burzagli).

- Som de hoje no meu Kuba Disco: Sinnerman, na versão de Nina Simone, que foi regravada em 1965, mas foi ressuscitada no fim do século ao embalar o ótimo "The Thomas Crown Affair", com Pierce Brosnan e Rene Russo, de 1999. Porque os ladrões do cinema são muito mais inteligentes do que alguns da vida real.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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