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Precoce e ambicioso: conheça Ben Shelton, que encara Djokovic na semi em NY

Ele tem 20 anos, é profissional há apenas um ano, nunca disputou uma temporada completa, já está entre os 50 melhores tenista do mundo e conquistou uma vaga nas semifinais do US Open, fase em que vai encarar Novak Djokovic, o maior campeão de slams em simples da história do tênis masculino.

O personagem em questão é Ben Shelton, um garotão de 1,93m de altura, tão sorridente quanto confiante, que disparou o saque mais rápido do torneio até agora (239,7 km/h) e, com um tênis tão agressivo quanto arriscado, derrubou nomes como o campeão de slam Dominic Thiem; o #14 do mundo, Tommy Paul; e o top 10 Frances Tiafoe (#10).

DNA tenístico e precocidade

Ben tem o tênis no sangue. Seu pai, Bryan Shelton, foi número 55 do mundo na década de 1990 e técnico da modalidade no cenário universitário dos Estados Unidos. Foi ele que conduziu a carreira do filho, que nem era tão ambicioso quando começou no tênis. Ben queria apenas poder ir à faculdade com uma bolsa de estudos integral para não dar custos à família.

Ben, então, foi jogar e estudar na Universidade da Flórida, treinado por seu pai. Juntos, os Sheltons levaram o time da faculdade a seu primeiro título nacional no tênis, em 2021. Nesse mesmo ano, o garoto disputou seus primeiros torneios no circuito mundial, mas ainda com status de amador, sem poder receber prêmios em dinheiro. Participou de oito torneios, de junho a novembro, inclusive ganhando uma partida no quali do US Open, e já se colocou entre os primeiros 600 do mundo.

Seu grande salto, contudo, veio no ano passado. Ben voltou ao circuito em junho, seguiu subindo no ranking e, em agosto, superou o italiano Lorenzo Sonego (#56) e o top 10 Casper Ruud (#5) no Masters de Cincinnati. Só aí, o americano decidiu se tornar profissional e disputar sua primeira temporada completa em 2023. Agora, um ano depois, soma resultados de peso como as quartas de final no Australian Open e a semi agora, no US Open. Com a campanha em Nova York, entrará no top 20 no dia 11 de setembro, quando a ATP atualizar seu ranking.

Ambição e olho em Tiger, Jordan e Federer

Shelton é o tipo de tenista que gosta estar sob os holofotes. Quer jogar com torcida, quer o público do seu lado e mais: acredita que pode ser um dos maiores. Não do tênis. Do esporte.

"Eu tenho confiança total de que posso ganhar Grand Slams, ser número 1 do mundo e não tenho medo de trabalhar. O que for preciso para chegar lá. Mas quero ser um desses caras que você tem medo porque sabe que são animais diferentes. Rafa Nadal... Você tem medo dele porque sabe que ele está dando mais duro do que você há não sei quantos anos. Todo dia ele está fazendo alguma coisa para ser melhor", disse recentemente, em uma conversa com os compatriotas tenistas Frances Tiafoe e Chris Eubanks, publicada no canal de YouTube do UTS Tour (veja acima).

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E Shelton foi ainda mais longe, citando atletas do porte de Tiger Woods, Michael Jordan, Roger Federer e outros:

"Atletas que transcendem. Seria legal ter uma história não só em quadra, mas fora. Sim, quero ser campeão no tênis, mas olhe para Tiger Woods, Michael Jordan, LeBron James, Roger Federer... As histórias que eles têm, dentro e fora da quadra, as coisas que eles fizeram... E não ser só um tenista. É a oportunidade mais legal que vejo ao ser um atleta profissional. O impacto que você pode causar nos outros. Obviamente, antes você tem que chegar a um nível em que as pessoas vão te respeitar. Quando você diz algo, quer mudar algo e se importa com algo no mundo... 'Este cara é sério, não está brincando.' Eu quero poder dizer algo num grande palco algum dia, e ter peso."

Coragem e ousadia

Dentro de quadra, a personalidade de Shelton não é muito diferente. O garotão tem um dos saques mais potentes do circuito, um forehand de canhoto respeitável e uma disposição para correr riscos com golpes agressivos.

Um bom exemplo aconteceu agora, nas quartas de final, contra Frances Tiafoe. O placar mostrava 1 set a 1, e os dois disputavam um parelho tie-break de terceiro set. Tiafoe salvou dois set points e conseguiu abrir 7/6, com a chance de sacar para ganhar a parcial. Shelton, então, colocado muito atrás da linha de fundo, disparou uma devolução gigante, buscando a linha. A bola cruzou a quadra como um torpedo, deixando Tiafoe sem ação (veja abaixo) e o público de boca aberta. Dois pontos depois, Shelton fechou o set, tomou a dianteira e não olhou mais para trás.

"Às vezes, é preciso desligar o cérebro, fechar os olhos e bater na bola", disse, depois da partida, quando admitiu que teve um pouco de sorte no golpe.

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Chances contra Djokovic

Shelton e Djokovic vão duelar na sexta-feira por uma vaga na final do US Open. Será a 47ª vez que o veterano sérvio disputará uma semifinal de slam. Para o americano, apenas a primeira. Nas casas de apostas, a diferença de experiência fica nítida. Uma vitória de Djokovic paga, em média, 1,05:1, ou seja, quem apostar no sérvio ganha cinco centavos para cada real apostado. No caso de triunfo de Shelton, o retorno, em média, é de 10:1 (dez reais para cada real apostado).

"Certamente, será um desafio duro. Enfrentar alguém que esteve nesta situação tantas vezes e e saiu vitorioso tantas vezes. Isso fica na sua cabeça. Você sabe o quão sólido e mentalmente e fisicamente forte ele é. Isso é algo para o qual tenho que me planejar. É uma vantagem, com o meu estilo, jogar contra alguém que não me enfrentou antes. Acho que posso colocar na mesa algumas coisas que não se vê numa partida normal da ATP. Vou tentar fazer coisas diferentes e espero que elas sejam disruptivas," avaliou Shelton.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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