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Sobre Novak Djokovic e sua genialidade fora de roteiro

Ficou bastante claro desde o começo da final deste domingo, no Estádio Arthur Ashe. Novak Djokovic tentaria ser sólido do fundo de quadra, mas sem deixar a agressividade de lado. O plano era não se deixar abalar pelo jogo de paciência de Daniil Medvedev, uma paredão do fundo de quadra. Nole precisaria entrar em longas trocas e escolher minuciosamente as horas de atacar. Dar pontos de graça não era uma opção. Era preciso construir pontos, esperar a bola certa para agredir e desequilibrar o russo.

Medvedev, por sua vez, precisava de grandes saques - inclusive segundos serviços - para minar as excelentes devoluções do sérvio e apostava na paciência do fundo de quadra. Diante de outro paredão que é Djokovic, Daniil também precisava aguardar os momentos certos para atacar. Ou isso ou ficar ali, trocando bolas, até um dos dois cair duro.

O duelo seguiu seu roteiro esperado até a metade do segundo set, quando Djokovic, esgotado, foi ao chão. Literalmente (veja abaixo). Após uma sequência de pontos "queda de braço" - como Medvedev os rotulou - faltou gás ao veterano, e os pontos seguintes mostraram que ele não se recuperaria tão rápido. Medvedev parecia inteiro. Já não dava para o veterano ser paciente. Seria preciso improvisar.

E é na hora de rasgar o roteiro que a genialidade fica evidente. Djokovic passou a "encurtar os pontos", o que, na gíria do tênis, significa decidir os pontos mais rapidamente, sem engajar em longas trocas. Mais fácil falar do que fazer, sobretudo contra um rival sólido como o número 3 do mundo. Porém, foi o que Djokovic fez, e com sucesso.

Nole aumentou a frequência de saque-e-voleio, deu curtinhas, subiu à rede e arriscou bolas de baixa porcentagem. À exceção do saque-e-voleio, que já vinha sendo usado - embora apenas como variação - nada fazia parte do plano A de Djokovic para a final deste domingo. O sérvio, porém, encontrou uma maneira de, a despeito do roteiro em pedaços, fazer a história chegar ao fim que estava escrito. Mesmo, repito, contra um rival do nível de Medvedev.

Não foi a primeira vez, claro, que Djokovic tirou uma vitória assim da manga. Três semanas atrás, foi assim contra Carlos Alcaraz em Cincinnati. Em outra proporção, com menos fichas na mesa, mas da mesma maneira. Porque quando os planos se mostram equivocados ou o corpo de 36 anos passa a fatura, resta ao homem sua genialidade. E isso Djokovic tem de sobra.

Coisas que eu acho que acho:

- 5/6, vantagem contra, Medvedev consegue uma boa devolução, e Djokovic faz um voleio defensivo, deixando a bola curta e perfeita para o russo converter o set point com uma paralela. Daniil, contudo, tentou a cruzada, e Nole estava lá, esperando, para volear e matar o ponto. Um ponto que poderia, sim, ter mudado o rumo do jogo. Não mudou.

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- O terceiro set, com Djokovic já em melhores condições após o toilet break, foi quase protocolar. Medvedev, que também não estava 100% fisicamente, já não parecia acreditar na virada. Nem com um Nole que se mostrou vulnerável. Mérito também do currículo do veterano.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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