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Gustavo Heide: o brasileiro que mais evoluiu em 2023

Já faz alguns anos que o tênis brasileiro não tem uma premiação à altura dos feitos recentes de seus atletas (e os motivos para essa lacuna são tantos que renderiam um post separado!), então debates sobre quem foi o melhor tenista, o melhor técnico, o melhor torneio, etc. praticamente desapareceram das conversas dentro de clubes, academias e grupos de WhatsApp.

Não tenho a intenção - por enquanto! - de fazer uma lista com os ganhadores de cada quesito premiável, mas aproveito a disputa da Maria Esther Bueno Cup para citar um que seria inquestionável para mim. Gustavo Heide, 21 anos, #244 do mundo, ganharia na categoria Tenista Que Mais Evoluiu (aquilo que ATP e WTA chamam de Most Improved Player em suas premiações).

Não só pelo salto no ranking (de #414 em 2 de janeiro para #244 no dia 4 de dezembro), mas por alguns feitos relevantes. Heide alcançou pela primeira vez na carreira a final de um Challenger 125, disputou outras duas semifinais de Challengers, conquistou o ouro na chave de duplas dos Jogos Pan-Americanos (com uma atuação soberba na decisão), esteve a um ponto da final do Pan nas simples (o que praticamente asseguraria uma vaga nos Jogos Olímpicos Paris 2024) e, agora, encerrou seu ano com chave de ouro ao vencer a Maria Esther Bueno Cup e conquistar um lugar na chave principal do Rio Open.

Ao fazer o episódio desta segunda-feira do podcast oficial do ATP 500 carioca, conversei rapidamente com Heide, e ele mais uma vez creditou sua evolução à mudança para o Rio de Janeiro, onde passou a morar sozinho e treinar na Tennis Route, academia encabeçada por João Zwetsch.

"Mudei no fim de março. Acho que o que mais melhorei e que me ajudou muito foi a parte física. Eu acabava pecando muito, e melhorei muito nessa parte. Sem dúvidas, foi o que eu mais melhorei. Consegui ver que melhorando isso, já me ajuda muito dentro de quadra", disse o paulista. Ouça a declaração completa no player acima, no primeiro episódio da quarta temporada do podcast Rio Open.

Heide é um tenista com potencial interessante. Com 1,88m de altura, é dono de um saque de respeito e consegue gerar boa potência do fundo de quadra. Seu tênis é agressivo, ainda que não tão consistente. Gustavo também perde o foco ocasionalmente aqui e ali, deixando-se levar por discussões com árbitros e outras questões menores. No entanto, quando consegue fazer tudo encaixar, é capaz de ganhar partidas duras e de adversários com ranking muito melhor que o seu.

No momento em que Heide conseguir montar esse quebra-cabeças, fazendo cada peça encontrar seu lugar, a tendência é que ele suba ainda mais no ranking e consiga jogar torneios maiores. Pode vir algo bom por aí. Muito bom.

Coisas que eu acho que acho:

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- Sobre a Maria Esther Bueno Cup: Heide e Klier sobraram durante a semana, vencendo seus jogos sem grandes problemas. Ambos vinham de bons resultados em Challengers e aproveitaram a altitude de São Paulo com bons saques e posturas agressivas. Matheus Pucinelli e João Lucas Reis, os semifinalistas derrotados, fizeram boas apresentações, mas não chegaram tão perto assim da decisão.

- Sem João Fonseca, que deve ter um wild card para o Rio Open por ser o jovem mais promissor do país, e Thiago Wild, que deve ter ranking para entrar direto na chave do torneio carioca, a MEB Cup deste ano teve, no geral, nível técnico mais baixo do que a edição de 2022. Preocupa a ausência de outros jovens que estejam sequer perto do nível de Heide e Klier - um problema real, mas que talvez seja varrido para baixo do tapete intencionalmente ou não!) se Fonseca evoluir e brilhar entre os profissionais a partir de 2024. É muito fácil esquecer do buraco na transição quando há um nome fora de série competindo.

- Ninguém me falou (e eu não perguntei), mas não me surpreenderia se os organizadores do Rio Open optassem por fazer a Maria Esther Bueno Cup sem limite de idade na próxima edição. Deixaria de lado uma ótima proposta, que é a de dar chances a jovens talentos, mas subiria o nível técnico. Não seria uma decisão fácil de tomar porque envolve, afinal, o princípio da coisa.

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