3 observações sobre Bia Haddad, Thiago Wild e a United Cup
O Brasil terminou sua participação na United Cup com duas derrotas em dois confrontos. Na sexta-feira, o time capitaneado por Rafael Paciaroni foi superado pela Espanha por 2 a 1. Thiago Wild abriu o confronto com derrota para Alejandro Davidovich Fokina por 6/4 e 6/0 e, em seguida, Bia Haddad superou Sara Sorribes Tormo por 7/6(1) e 6/2. Na dupla mista decisiva, Fokina e Tormo fizeram 6/4 e 7/5 sobre Bia e Marcelo Melo.
No sábado, outro revés: 3 a 0 a favor do fortíssimo time polonês. Iga Swiatek fez 6/2 e 6/2 sobre Bia Haddad, e Hubert Hurkacz fechou o confronto ao superar Wild por 6/7(4), 6/2 e 6/3. Nas mistas, Iga e Hubie superaram Bia e Marcelo por 6/4 e 6/3. Felipe e Carol Meligeni, reservas do time, não entraram em quadra.
Sobre o que vi, deixo algumas observações abaixo:
1. Bom começo de Bia
Para um começo de temporada, Beatriz Haddad Maia não foi nada mau. Superou Sorribes Tormo, uma tenista que teve um ano de ascensão e terminou 2023 em alta, e, depois, foi derrotada por Iga. Encarar a número 1 do mundo e melhor tenista do planeta logo no segundo jogo da temporada é uma tarefa ingrata, e o resultado foi mais ou menos o esperado. A polonesa jogou de maneira agressiva do começo ao fim, não recuou e exigiu muito da brasileira. No balanço dos dois jogos, se Bia não fez nada de espetacular, mostrou um bom tênis. Há espaço para evoluir antes do Australian Open. O melhor é que também há tempo.
2. Wild e baixas porcentagens
Nas duas derrotas, Thiago Wild deixou evidente seu ponto mais fraco: escolhas ruins. O brasileiro tem golpes para fazer mais contra esse tipo de adversário - de elite - mas esbarra em suas próprias decisões dentro dos pontos. Mesmo com o técnico Duda Matos conversando nas viradas de lado e pedindo que Thiago esticasse as trocas de bola (porque Wild levava vantagem sobre Hurkacz nos ralis mais longos), o tenista seguia arriscando mais do que o necessário. Contra Fokina, aconteceu o mesmo. Muitas bolas de baixa porcentagem - mesmo no primeiro set, quando este estava equilibrado. Contra esse tipo de adversário, sobretudo Hurkacz, que tem um primeiro saque excelente, não há margem para jogar assim. No fim das contas, as probabilidades jogam sempre contra Wild. Jim Courier e John Fitzgerald, que comentavam o jogo, falaram a mesma coisa durante o segundo set, quando Wild fez duas paralelas incríveis de direita e outra de esquerda. Pontos espetaculares, mas em bolas de baixa porcentagem. No longo prazo, não dá para jogar assim. Não contra Hurkacz e Fokina. Não no nível que Wild quer (e tem jogo para) estar.
3. Bocejos no banco
Entendo que a United Cup tenha tentado copiar o sucesso da Laver Cup (e da já finada ATP Cup) ao colocar o resto do time em uma espécie de banco de reservas, atrás da quadra, com uma câmera voltada para lá em todos os momentos. Não funciona tão bem. A United Cup, que tem pontos e muito dinheiro em jogo, não tem o mesmo clima leve da Laver. Na maior parte do tempo, vemos na TV reservas entediados e frequentemente olhando seus celulares. No sábado, havia gente bocejando durante o tie-break entre Wild e Hurkacz. Não pega muito bem para o tenista que aparece assim na TV (mesmo com fuso horário e tudo), mas sobretudo é ruim para a competição. Algo que a organização poderia repensar, ainda que seja muito legal ver Iga Swiatek, número 1 do mundo, super envolvida na torcida por Hurkacz.
Coisas que eu acho que acho:
- Não há por que fazer drama com as derrotas do Brasil. No papel, os resultados eram esperados. Sim, um triunfo sobre a Espanha era possível, mas não faria tanta diferença assim.
- No fim, o Brasil saiu no lucro apenas com a participação na United Cup. Vale lembrar que até o título de Bia Haddad no Elite Trophy, em sua última semana de 2023, o Brasil não tinha lugar na competição. Foi a paulista que garantiu a vaga e uma boa grana para seus companheiros (até quem não entra em quadra recebe premiação em dinheiro na United Cup).
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