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Derrota dura deixa lição amarga mas importante para Thiago Wild

Thiago Wild entrou em quadra mais agressivo do que o necessário - e recomendado. Em um momento, enquanto empilhava erros não forçados, ganhou apenas três games enquanto Andrey Rublev, número 5 do mundo, venceu 12. Foi só depois de um set e meio que o paranaense encontrou uma maneira de ser eficiente e agressivo, dentro de suas características, mas sem facilitar a vida do russo.

Não que seja fácil encontrar o equilíbrio entre buscar winners e correr menos riscos contra um oponente como Rublev, que pressiona o tempo inteiro, mas foi o começo de jogo que pesou. Quando Thiago "entrou" no jogo, foi brilhante. Ganhou pontos espetaculares, conquistou a torcida, viu o russo perder a cabeça e, por pouco, não conseguiu uma virada memorável. Esteve vencendo o tie-break do quinto set por 4/1 e saque, mas só conseguiu dois pontos depois disso. Rublev, é bom que se diga, foi espetacular nessa reta final.

Não há motivo para drama. A derrota vai doer, evidentemente. Thiago esteve muito perto de bater mais um top 10 (e, coincidentemente, outro russo e amigo de Medvedev, a vítima na primeira rodada de Roland Garros) e voltar aos holofotes. Em vez disso, volta para casa com premiação de primeira rodada. No entanto, quando a dor passar, se Wild souber olhar para essa partida e entender o que faltou, dará mais um passo importante para alcançar e se estabelecer na elite - algo que ele é plenamente capaz de fazer no que diz respeito a seu potencial dentro de quadra.

Apesar de já possuir um título de ATP, Wild é relativamente inexperiente nesse nível. Foi apenas sua terceira chave principal em um slam. Seu currículo contra top 10 é limitado, o que ficou evidente neste domingo e alguns dias atrás, diante de Hubert Hurkacz, na United Cup, quando Wild também pagou um preço caro por escolhas ruins. A tendência é que as derrotas e as presenças mais frequentes nesse nível de torneio façam de Thiago um tenista mais equilibrado, que pode alcançar essas vitórias grandes com mais frequência.

Wild ainda é um tenista extremamente instintivo e às vezes se encanta demais com seu próprio talento, o que faz ele buscar jogadas mais difíceis e de baixa porcentagem que o necessário. Faz parte de sua evolução. Até gênios como Andre Agassi demoraram a entender certas coisas. O americano precisou encontrar Brad Gilbert, já no meio da carreira, para aprender que não precisava ganhar todos jogos produzindo seu melhor tênis. Às vezes, era mais simples fazer o adversário jogar mal ou apenas tirá-lo de sua zona de conforto.

Thiago, assim como o jovem Agassi (mantidas as devidas proporções, por favor!), ainda tem o que aprender no que diz respeito à escolha de jogadas. O lado bom disso tudo é que essa é a parte menos complicada. Sua bola anda. Seus golpes são bons o bastante. Puramente no que diz respeito ao "dentro de quadra", não falta tanto assim para o paranaense chegar entrar no top 50 e, de lá, dar outro salto e conseguir fazer ainda mais.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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