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Título de Sinner no Australian Open é alerta para Alcaraz

Quando derrotou Novak Djokovic em uma inesquecível final de cinco sets em Wimbledon, Carlos Alcaraz era "o" nome do tênis mundial. O espanhol de 20 anos era o número 1 do ranking mundial, conquistava ali seu segundo título de slam e parecia prestes a colocar o tênis em uma nova era, deixando de vez no passado o Big Three. Roger Federer já estava aposentado; Rafael Nadal tratava uma séria lesão no quadril; e Djokovic saiu da Quadra Central derrotado por um rival 16 anos mais jovem que tinha encontrado respostas para todas as armas do sérvio.

Alcaraz foi comparado com os maiores da história. Djokovic e Federer ressaltaram que o garotão tinha as maiores qualidades de cada um do Big Three. John McEnroe declarou que o espanhol era o tenista de 20 anos mais completo da história.

Desde então, entretanto, Carlitos não consegue reproduzir consistentemente o nível de tênis que mostrou naquelas duas semanas de Wimbledon e até antes daquele torneio. Enfrentou Djokovic mais duas vezes e saiu derrotado de ambas. Perdeu a semi do US Open para Daniil Medvedev, adversário que dominou em Indian Wells e Wimbledon. Diante de Jannik Sinner, tombou em Pequim. Na última semana, no Australian Open, pareceu perdido em quadra durante momentos da derrota para Alexander Zverev. Muito pouco para quem parecia prestes a estabelecer um domínio no circuito.

Por isso, o título de Jannik Sinner, atual número 4 do ranking, precisar servir de alerta para Alcaraz. O italiano de 22 anos não surgiu do nada para conquistar o Australian Open. Sinner entrou no top 20 em 2021. Em 2022, levou Djokovic a cinco sets nas quartas de final de Wimbledon e entrou no top 10 pela primeira vez. Sua evolução, embora não tão veloz quanto a de Alcaraz, foi constante. E desde o segundo semestre do ano passado, quando contratou o técnico australiano Darren Cahill (ex de Lleyton Hewitt, Andre Agassi e Simona Halep), vem registrando campanhas de peso.

Em agosto, foi campeão do Masters 1000 do Canadá. Em setembro, levantou o troféu do ATP 500 de Pequim, onde superou Alcaraz e Medvedev. Em outubro, passou pelos top 10 Rublev e Medvedev e foi campeão do ATP 500 de Viena. Em novembro, foi vice-campeão do ATP Finals, onde derrotou Djokovic, Tsitsipas e Rune na fase de grupos e eliminou Medvedev nas semifinais. Mais tarde, fechou a temporada com o título da Copa Davis, carregando o time italiano nas costas e anotando uma vitória crucial sobre Djokovic nas semifinais. Neste Australian Open, voltou a superar Djokovic nas semifinais e anotou sua quarta vitória seguida sobre Medvedev. Muitos jogos grandes, muitas vitórias grandes.

Alcaraz é um jovem ambicioso e nunca escondeu essa característica. Fala em bater recordes, ganhar slams e medalhas olímpicas. No entanto, não encontrou ainda uma maneira de tirar o máximo do potencial de seu tênis com a frequência que gostaria. Há um quebra-cabeças a ser montado, mas Carlitos e seu técnico, Juan Carlos Ferrero (aquele mesmo, o rival de Guga), não conseguiram ainda encaixar todas as peças.

Quando Sinner levanta o troféu em Melbourne, a mensagem para Alcaraz e sua equipe é clara: a fila anda. Enquanto o espanhol patina, adversários evoluem. Sinner já deu um passo adiante. Os próximos podem ser Holger Rune, que montou um supertime com Boris Becker e Severin Luthi, ex-técnicos de Djokovic e Federer; Lorenzo Musetti, outro italiano com talento que precisa ser lapidado; o francês Arthur Fils, #35 do mundo aos 19 anos; e até o ousado americano Ben Shelton.

Alcaraz que fique de olhos bem abertos.

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Coisas que eu acho que acho:

- Não cabe mais falar em Big Three. Até que Nadal volte e mostre condições de brigar por algo grande, apenas Djokovic resta do grupo que um dia já foi até um Big Four, quando Andy Murray brigava por títulos e pelas primeiras posições do ranking.

- Nole ainda é o tenista mais completo do circuito, mas não custa lembrar: dois dos últimos três slams terminaram com títulos de "garotos". Pode ser o começo do fim (embora valha ressalta que, fisicamente, Nole não dê sinais claros de desgaste ou de que a aposentadoria está próxima).

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