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Hawk-Eye, duplas e 14 dias: Madri volta a ser palco de queixas e polêmicas

Em 2012, o Madrid Open tentou emplacar uma das maiores inovações da época: o saibro azul. A intenção era deixar a bolinha mais visível na TV, mas o resultado foi um fiasco. As quadras ficaram excessivamente escorregadias, os tenistas reclamaram ostensivamente, e nunca mais um torneio ousou repetir aquela experiências.

Agora, mais de uma década depois, a capital espanhola volta a tornar-se um palco de problemas e polêmicas. Nem todos por sua culpa, é verdade, mas, coincidência ou não, os temas vieram à tona justamente em Madri. Vejamos alguns deles:

A "revolução" das duplas

Madri foi o palco da grande inovação prometida pela ATP, com novas regras para o torneio de duplas, inclusive um sistema diferente de formação de chave que privilegiava a participação de simplistas. A ideia era colocar mais nomes de peso, como nomes do top 10 de simples, nas duplas. Evidentemente, não deu certo.

Apenas dois top 10 entraram no torneio. Stefano Tsitsipas, que ganhou um convite para carregar o inexpressivo irmão Petros (#105 nas duplas), e Daniil Medvedev, que formou time com o top 20 Tommy Paul. Ambos perderam na primeira rodada. Nas oitavas de final, só restavam duplistas de ofício na chave. A exceção foi o americano Sebastian Korda, que fez time com Jordan Thompson. E nem dá pra rotulá-los de time de simplistas, visto que o australiano já venceu três torneios de duplas só neste ano.

A experiência de deixar pessoas se movimentando livremente na arquibancada também foi um fiasco. Palavra de quem esteve lá - vide o tweet da Aliny acima.

Hawk-Eye no saibro

O Hawk-Eye, sistema de chamadas eletrônicas mais popular do tênis, estreou na modalidade em 2006, mas só agora, em 2024, conseguiu a chancela para ser utilizado em quadras de saibro. Até então, o sistema não era preciso o bastante para o piso (que não é uma superfície, digamos, estática, já que dependendo de fatores como vento, água e manutenção, a quantidade de pó de tijolo pode aumentar ou diminuir durante um dia inteiro de jogos).

Até este torneio de Madri, o único sistema eletrônico com chancela para o saibro era o FoxTenn, que funciona de forma diferente, exibindo um replay em super slow motion que mostra se a bola, de fato, quicou dentro ou fora da área de jogo. Pois bem. O Hawk-Eye fez sua estreia em Madri e já recebeu críticas. A mais dura deles veio de Rafael Nadal, que mostrou uma marca claramente fora ao árbitro de cadeira enquanto o sistema mostrou uma marca tocando a linha no telão da arena. Veja abaixo.

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Isso acontece porque o Hawk-Eye usa câmeras para captar o movimento da bola e simular (com uma pequena margem de erro, que costuma ser convenientemente ignorada por narradores e comentaristas) o quique da bola, enquanto o concorrente mostra um replay de verdade e, portanto, não falha (por isso, foi adotado em eventos como o Rio Open, um ATP 500). Madri escolheu estrear o sistema e, mais uma vez, se deu mal.

Torneios de duas semanas

Aqui o problema não é só de Madri. ATP e WTA resolveram alongar os Masters/WTAs 1000 de Roma e Madri, que agora são jogados ao longo de duas semanas. A intenção era dar mais dias de descanso aos tenistas, evitando sequências de 4-5 partidas em dias consecutivos (enquanto isso, os torneios vendem muito mais ingressos, e a gente finge que o dinheiro não tem nada a ver com o assunto).

O tiro, entretanto, saiu pela culatra. Justamente na reta final, os torneios esfriam. São poucas partidas por dia, com muito tempo de intervalo entre as sessões diurna e noturna. Os críticos do novo formato (entre eles, este colunista) defendem que era melhor ter os tops jogando todos os dias. Era mais fácil de acompanhar e manter o interesse dos fãs no torneio.

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Para piorar, vários tenistas já reclamaram desse formato. Há queixas sobre o desgaste mental que se acumula ao longo destes dos torneios, que se alongam por um mês, e a questão física também é questionada. Há atletas que preferem viajar e descansar em casa antes do evento seguinte. O Tenisbrasil fez uma ótima compilação dessas queixas.

Coisas que eu acho que acho:

- Como escrevi lá no alto, nem tudo é culpa de Madri, mas parece que o torneio atrai polêmicas. Ano passado, houve um grande debate sobre a diferença de tratamento dada a homens e mulheres, e Victoria Azarenka ficou furiosa com o diretor do torneio, Feliciano López.

- O torneio masculino perdeu seus principais nomes, Alcaraz e Sinner, em dias consecutivos. Para piorar, havia dois jogos programados para esta quinta-feira: um não aconteceu (WO de Sinner, com uma lesão no quadril) e o outro durou apenas um set (Medvedev abandonou). Uma das semifinais será entre Félix Auger-Aliassime e Jiri Lehecka. No mínimo, surpreendente.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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