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Nadal pós-Roland Garros: entre otimismo, Paris 2024 e incógnitas

Sair de Roland Garros eliminado na primeira rodada, algo inédito, evidentemente não estava nos planos de Rafael Nadal, sobretudo quando esta pode ter sido sua última participação no torneio francês. Ainda assim, o ex-número 1 do mundo saiu de quadra com boas sensações e um senso de otimismo que, em outros tempos, não faria sentido.

O copo meio cheio reside no fato de que Rafa mostrou um nível de tênis muito mais alto do que nos três torneios que disputou antes de viajar a Paris (Barcelona, Madri e Roma). Não fosse do outro lado da rede um Alexander Zverev em grande forma, vindo do título do Masters 1000 de Roma, é bem possível que o veterano tivesse triunfado e ganhado alguns dias a mais para treinar e elevar ainda mais seu nível. Também por isso, Rafa não descartou totalmente a hipótese de voltar a Roland Garros em 2025.

Mas o que resta para o Rei do Saibro agora que o torneio mais importante de sua carreira ficou para trás em uma temporada que tem todos os elementos de um tour de despedida? O objetivo imediato, a curto prazo, está claro para Nadal: os Jogos Olímpicos Paris 2024, que terão o torneio de tênis ali mesmo, em Roland Garros. Depois disso, ninguém sabe, e Nadal faz questão de deixar tudo no ar porque não sabe como vai reagir seu corpo, que lhe magoou tanto nos últimos anos, com uma lesão séria no quadril e outra no abdômen.

"Eu joguei num bom nível comparando com as semanas anteriores, então estou feliz com isso. Decepcionado por perder, é claro, mas em termos de sensações, estou feliz por terminar saudável. Eu estava pronto para um pouco mais. Se for a última vez que joguei aqui, estou em paz comigo mesmo. Tentei tudo para estar pronto para este torneio. Perdi, mas faz parte do negócio", afirmou na entrevista coletiva após o duelo com Zverev.

"Minha mentalidade está pronta para as Olimpíadas. Depois, preciso conferir como estarei me sentindo em termos de motivação e de sensações sobre o meu corpo. E, depois, sobre meu nível de tênis. Pisei na quadra com uma sensação estranha de entrar na primeira rodada de Roland Garros sem ser o favorito. É a verdade. Entrei com a ideia de lutar pela partida e colocar o nível e energia e esperar que o adversário não jogasse o seu melhor", completou.

Nem o Torneio de Wimbledon, torneio de tanto prestígio e que Nadal conquistou duas vezes, está garantido nos planos do espanhol. O evento britânico, disputado na grama, tem seu começo marcado para 1º de julho. Os Jogos Olímpicos, no saibro, começam em 27 de julho. Rafa teme que seu corpo não reaja bem ao esforço físico exigido por treinar em pisos diferentes, com duas mudanças (saibro-grama e grama-saibro) em um curto espaço de tempo:

"[Wimbledon] parece difícil, honestamente. Agora, não posso confirmar, mas por enquanto parece difícil fazer a transição para a grama tendo os Jogos Olímpicos no saibro, então não posso confirmar nada. Tenho que conversar com o time e analisar muitos fatores, mas acho não que vai ser inteligente, depois de tudo que aconteceu com meu corpo, fazer uma grande transição para um piso completamente diferente e, depois, voltar para o saibro. Mesmo que eu esteja inscrito lá - porque precisava - não acho que seja uma boa ideia agora."

Em Paris, Nadal não só terá mais uma chance de defender o seu país, algo que não conseguiu fazer em Londres 2012 e Tóquio 2020 por causa de lesões, mas deve formar uma dupla com Carlos Alcaraz, algo que vem gerando enorme expectativa no mundo do tênis. Seria uma passagem metafórica de bastão, com o jovem atuando ao lado do ídolo pela primeira e, possivelmente, única vez.

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O que vier depois disso vai depender do corpo e do nível de tênis que Nadal conseguir apresentar. Por isso, ele não crava sua aposentadoria ao fim do ano ou mesmo após Paris 2024. A atuação em Roland Garros foi animadora, mas o histórico de lesões deixa o veterano com o justo receio de, a qualquer momento, voltar a sentir dores e precisar deixar o circuito novamente.

No entanto, se - e trata-se de um enorme "se" - as coisas derem certo, e Nadal conseguir ser competitivo em alto nível e com certa sequência, tudo pode mudar. Ele não diz isto com todas as palavras, mas as pistas estão todas dentro de suas declarações, que tentam não criar expectativa, mas também não dão como 100% encerrada a jornada de Rafa no circuito ao fim de 2024. É isto que dá para entender da declaração abaixo, que veio também na coletiva desta segunda-feira.

"Hoje em dia, com as redes sociais, parece que tudo no mundo tem que ser branco ou preto. O mundo real não é assim. Há opções diferentes. Neste sentido, curti esta semana de treinos aqui. Para mim, é duro chegar aos torneios e sentir que não tenho chance de ganhar. Essa é a realidade, e foi o que vivi nas três primeiras semanas que competi (Barcelona, Madri e Roma). Este foi o primeiro torneio em que entrei em quadra com uma mínima chance de ir longe e lutar por coisas importantes. É um ponto de partida para pensar no que pode acontecer. Mas é que falta um ano para o ano que vem (risos), não? Essa é a verdade. Não sei o que pode acontecer em um ano. Meu corpo, nos últimos tempos, não me deu muitas alegrias. Mas se mudar a situação e eu conseguir me estabilizar e, sobretudo, curtir o dia a dia - o que foi impossível nos últimos dois anos - não fecho nenhuma porta. Mas se voltarem os problemas, é uma questão de ser realista. A lógica diz que é muito difícil para mim chegar ao ano que vem. A realidade? Veremos com o passar das semanas. O tempo dirá, e eu vou dia após dia. Se acabar a energia e a vontade, vou saber, e esse será o dia que avisarei de forma definitiva e verdadeira."

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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