João Fonseca e seu próprio crash course de tênis na grama
João Fonseca deixou bem claro antes de Roland Garros que tentaria fazer a melhor preparação possível para competir em Wimbledon - seja no qualifying, na chave principal ou ambos. Não dá para dizer, por enquanto, que seus resultados foram espetaculares, embora tenha anotado um par de vitórias interessantes. O que sim, é possível afirmar, é que o carioca de 17 anos teve um curso rápido (crash course, como está na moda chamar) de tênis na grama nos dois eventos que disputou.
O piso não é totalmente estranho para Fonseca, que já havia competido como juvenil. Porém, é diferente de dizer que o adolescente está acostumado com a grama. Não estava antes do Challenger de Surbiton e pode até não estar nem depois de Wimbledon. Não será problema nenhum. Há profissionais de respeito que se sentem desconfortáveis no piso mesmo após anos de carreira. No caso de Fonseca, em suas quatro partidas da grama este ano, é bom dizer que ele encarou vários desafios diferentes e típicos do tênis que é jogado nesta época do ano na Grã-Bretanha.
Mesmo quem só acompanha Wimbledon pela TV sabe como é. Ver tênis na grama durante a primeira semana do torneio inclui:
- Rain delays: às vezes, vários em uma partida só; às vezes, em momentos delicados dos confrontos.
- Um tenista britânico quase desconhecido e que saca bem
- Um bom tenista britânico em má fase
- Adiamentos por falta de luz
- Pelo menos um sacador em destaque. Normalmente, uma meia dúzia
- Tenistas que reclamam do piso escorregadio, da luz e dos árbitros.
- Mudança de jogo para quadra indoor (ok, não acontece em Wimbledon, mas nos Challengers de grama antes de Wimbledon)
Bingo? Fonseca está quase lá. Rain delays foram vários (item um da lista, check). Inclusive durante o jogo contra o quase nada desconhecido (item 2, check) Billy Harris, nas oitavas do Challenger de Nottingham nesta semana. Numa das paradas, Fonseca sacava na reta final do primeiro set (item 1, check outra vez).
Kyle Edmund, o ex-top 15 que hoje é #478 do mundo. Favor marcar o item 3. E Fonseca venceu bem, por 6/2 e 6/1, na primeira rodada do Challenger de Surbiton. Na fase seguinte, perdeu para o americano Brandon Nakashima (item 5, check). Tudo isto na semana passada.
Nesta semana, em Nottingham, Fonseca teve a estreia contra o reclamão Dzumhur adiada (item 4, check; item 6, check). Lidou bem com tudo isso e fez 6/1 e 7/5 no bósnio. Depois, contra Billy Harris, um jogo adiado várias vezes (item 1 de novo) e que terminou em quadra dura e indoor pelo bem da continuação do evento (item 7, check finalmente). Harris venceu por 7/6(5), 3/6 e 6/4.
O lado bom disso tudo? Fonseca deu sinais positivos em vários desses obstáculos. Não que tudo seja novidade para ele, mas não são todos jovens de 17 anos - especialmente com a badalação que ele tem desde o título no US Open juvenil e, sobretudo, o Rio Open - que respondem tão bem a essas situações diante de oponentes mais cascudos.
Coisas que eu acho que acho:
- Fonseca recebeu um convite para o ATP 500 de Halle, na Alemanha. É uma bela ocasião para voltar a mostrar seu potencial diante de gente grande, em um palco de tamanho considerável. E, claro, outra oportunidade para dar um salto no ranking e ocupar uma posição que seja, digamos, mais perto do que seu tênis vem mostrando. Hoje, o carioca é o número 224 do mundo.
- É bom ver que quatro meses depois do hype do Rio Open, Fonsesa segue fazendo seu trabalho e tomando decisões equilibradas. Não é tão simples assim.
.
Quer saber mais? Conheça o programa de financiamento coletivo do Saque e Voleio e torne-se um apoiador. Com pelo menos R$ 15 mensais, apoiadores têm acesso a conteúdo exclusivo, como podcast semanal, lives restritas a apoiadores, áudios exclusivos e de entrevistas coletivas pelo mundo, além de ingresso em grupo de bate-papo no Telegram, participação no Circuito dos Palpitões e promoções.
Acompanhe o Saque e Voleio no Twitter, no Facebook e no Instagram.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.