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Fonseca deixa a desejar, mas faz bom diagnóstico após quali de Wimbledon

A primeira partida de João Fonseca como um profissional em um torneio do grand slam não foi como o carioca desejava. Na primeira rodada do qualifying de Wimbledon, depois de vencer o primeiro set, o carioca de 17 anos levou a virada e acabou eliminado pelo espanhol Alejandro Moro Cañas (23 anos, #189 do mundo) por 4/6, 6/3 e 7/6(12-10).

Foi uma partida em que o brasileiro número 215 do mundo não conseguiu impor seu jogo agressivo consistentemente, errou mais do que deveria do fundo da quadra (40 falhas não forçadas) e fez menos do que se esperava com o primeiro serviço. Ao longo dos três sets, disparou apenas seis aces, muito menos do que os 9,8 aces por set que registrou, em média, nas cinco partidas que disputou anteriormente na grama.

Era, sim, um jogo ganhável contra um adversário que não mostrou nenhuma grande arma e que até recolocou Fonseca no jogo duas vezes no set decisivo. Primeiro, quando sacava em 4/3 e 40/15 e cometeu seguidos erros - inclusive um bizarro smash longo - até ter o saque quebrado. Depois, quando abriu 9/5 no tie-break decisivo e novamente cometeu seguidas falhas. Ainda assim, Cañas lidou melhor com os nervos e fechou a partida.

Sim, Fonseca deixou a desejar, e ele sabe disso. Aliás, se houve algo de extremamente positivo no dia foi o diagnóstico do carioca sobre o que aconteceu e o que faltou em seu tênis.

"Não joguei nem perto do meu melhor tênis. Hesitando muito nas horas de fazer. Muito nervoso. Acho normal, mas não consegui me reverter. Não consegui buscar nada. Bom... Acontece. É seguir trabalhando. Não foi uma gira boa de resultados, mas com certeza de muito, muito aprendizado, da parte minha junto com meus treinadores. Acho que foi uma gira positiva."

Outro ponto que vale destacar - e que talvez passe batido para a maioria das pessoas - é que Fonseca, diferentemente do que a maioria dos brasileiros fez nos últimos anos, optou por passar quatro semanas seguidas jogando na grama para melhorar o seu tênis nesse piso. É um plano de longo prazo, que faz todo sentido para quem está apenas em sua primeira temporada completa como profissional.

"A gente está pensando no futuro. É aonde eu quero chegar. Quero fazer bons resultados em Wimbledon nos próximos anos, então é pensando no futuro. Muitas pessoas perguntam o porquê de eu estar jogando esses torneios aqui, quatro semanas na grama, mas é pensando no meu futuro, na minha evolução como jogador. Achei a experiência maravilhosa. Foi sensacional jogar um torneio desse, meu torneio favorito. Na grama, os jogos acabam escapando muito rápido. Tem que ter muito foco na hora do saque... Nas devoluções, tem que estar focado também nas oportunidades que vão aparecer... Mas, enfim, é seguir trabalhando."

Coisas que eu acho que acho:

- É claro que no mundo ideal João teria virado o jogo e avançado no quali, levando todo esse aprendizado. Não aconteceu. Paciência. Porém, repito e vou além: o diagnóstico de hoje, feito pelo próprio João, é um belo sinal. Assim como seu calendário de grama, é um passo a mais do que alguns brasileiros deram no piso nos últimos anos.

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- Felipe Meligeni (#147) foi o único homem do país a avançar no quali. Fez 6/2 e 6/4 sobre o ucraniano Illya Marchenko (#227) e agora está a duas vitórias da chave principal. Gustavo Heide (#187) perdeu de virada para o argentino Roman Andres Burruchaga (#144) por 5/7, 7/6(4) e 6/1.

- Meligeni encara na sequência o belga Joris de Loore (#191) e, se vencer, pode encarar o perigoso americano Maxime Cressy (#176), que tem 2,01m de altura, um saque potente e já foi número 31 do mundo.

- No feminino, Laura Pigossi é a cabeça 11 e vai estrear no quali nesta terça-feira. Sua primeira oponente será a russa Anastasia Zakharova (#159).

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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