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De Djokovic a Bia Haddad, 5 ótimos roteiros para acompanhar em Wimbledon

Mais tradicional e cobiçado torneio do circuito mundial, Wimbledon começa nesta segunda-feira, 1º de julho, em um momento extremamente interessante da modalidade. No circuito masculino, o italiano Jannik Sinner acaba de assumir a liderança do ranking mundial e fará seu primeiro slam como número 1, enquanto Novak Djokovic se recuperou em três semanas de uma cirurgia no joelho e se diz pronto para tentar seu 25º título de slam.

Entre as mulheres, a favorita das casas de apostas não é Iga Swiatek, a número 1, mas Aryna Sabalenka, que chega ao torneio com o ombro direito baleado. Enquanto isso, Beatriz Haddad Maia chega a Londres em um momento de baixa, mas conta com uma chave que lhe dá boas possibilidades nas primeiras rodadas. Nos parágrafos abaixo, explico cada um desses roteiros que devem se desenrolar de forma bastante interessante ao longo das próximas duas semanas.

1. Djokovic: recuperado, sortudo e motivado

Novak Djokovic operou o menisco do joelho direito no dia 5 de junho, em Paris. No dia 28, venceu um jogo-treino com Medvedev em Londres, disse estar sem dor e vai competir em Wimbledon. Mais do que isso: deu muita sorte na definição da chave do slam da grama. Seus primeiros adversários não devem incomodar. Nem o tcheco Vit Kopriva (#123 do mundo) na estreia nem quem vier na segunda rodada: Alejandro Moro Cañas (#189) ou o convidado Jacob Fearnley (#271). Ou seja, Nole tem o começo dos sonhos para quem precisa de ritmo de competição e de mais alguns dias para melhorar fisicamente.

Há quem considere um risco enorme competir na grama tão pouco tempo depois de um problema no joelho. Sim, é uma preocupação legítima, mas só sabe o tamanho do risco quem também sabe a extensão real da lesão (que não parece ter sido séria) e o quanto Djokovic está incomodado jogando assim. Se é que está incomodado!

De qualquer modo, Nole bons motivos para querer estar em Wimbledon. Mesmo que não admita publicamente, o sérvio já percebeu que seu corpo, aos 37 anos, não é o de antes (vide os vários problemas físicos nesta temporada), Além disso, Alcaraz e Sinner vêm jogando em nível cada vez mais alto. Logo, a janela está se fechando para Djokovic conquistar o 25º slam. É possível que ele enxergue Wimbledon como o slam onde ele ainda tem mais chances contra Jannik e Carlitos. Daí a grande vontade de competir este ano.

2. Iga e o desafio da grama

Iga Swiatek foi campeã juvenil de Wimbledon em 2018 e é vista hoje com a tenista mais completa do circuito, mas isso não se traduziu em sucesso na grama de Londres entre as profissionais. Este ano, nem as casas de apostas lhe veem como favorita.

Isso se explica porque o jogo de Iga não se adapta tão naturalmente à grama quanto o tênis praticado por Aryna Sabalenka e Elena Rybakina, por exemplo. Na relva, a polonesa tem menos tempo para se defender, seu top spin não empurra adversárias para trás e é preciso correr mais risco do que no saibro para comandar os pontos. Além disso, Iga precisa lidar com mais frequência com um elemento que lhe causa muitos problemas: bolas baixas e retas. Até o clima britânico joga contra. Quanto menos quente, menos a bola quica, minimizando o potencial de seus golpes com top spin.

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Para piorar, a chave deste ano colocou a polonesa perto de rivais que costumam lhe dar trabalho, como Yulia Putintseva, campeã de Birmingham este ano e que pode encontrá-la terceira rodada; Jelena Ostapenko, que pode revê-la nas oitavas de final (a letã venceu todos os quatro jogos entre elas); ou Danielle Collins (ou ainda Marketa Vondrousova, atual campeã do torneio, ou Barbora Krejcikova, que tem 2 a 2 no head-to-head com Iga), possível oponente nas quartas de final e que esteve perto de eliminar Iga no Australian Open deste ano. E mais: se chegar à semi, Iga pode encarar Rybakina, que tem quatro vitórias em seis duelos com a número 1 do mundo. E mais ainda: Swiatek ainda terá uma estreia que pode ser um tanto complicada contra Sofia Kenin, outra campeã de slam.

Em resumo, é compreensível que Iga não seja "a" favorita ao título. E precisará fazer muitas coisas muito bem durante muito tempo para ser campeã.

3. Sinner: posição inédita e compatriota como ameaça

Pela primeira vez na carreira, Jannik Sinner vai disputar um slam como número 1 do mundo. É um cenário diferente, e nem todos reagem da mesma maneira. É difícil cravar como o italiano vai se portar com toda expectativa logo em Wimbledon, mas o primeiro sinal foi positivo. Em Halle, seu primeiro evento como #1, conquistou o título.

Sinner tem bom histórico no evento: fez quartas em 2022 e semis em 23 - derrotado por Djokovic em ambos - e não é por acaso. A grama potencializa seus bons saques e seus golpes agressivos da linha de base. Com a evolução de sua movimentação lateral, o que ficou nítido desde o Australian Open, Sinner minimizou o que era seu ponto mais débil na superfície.

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O maior problema de Sinner em Wimbledon é sua chave. Um possível encontro com o compatriota Matteo Berrettini na segunda rodada é um pesadelo em potencial. Matteo voltou ao circuito recentemente, mas já fez uma final na grama de Stuttgart. E quando seu seu saque e sua direita estão calibrados, pode ir longe em qualquer lugar. Berrettini, lembremos, foi finalista de Wimbledon em 2021, quando até venceu o primeiro set da decisão contra Djokovic. Se seguir avançando, Sinner pode ter que duelar com Shelton ou Jarry nas oitavas e Medvedev ou Dimitrov nas quartas. A semi, claro, seria contra Alcaraz.

Portanto, Sinner tem dois grandes obstáculos: o aspecto mental, por ser o favorito ao título, e o técnico, com pouca margem para dias ruins diante de oponentes perigosos durante as próximas duas semanas. Sim, ele é capaz superar ambos, mas é um teste e tanto para quem acabou de chegar ao topo.

4. Sabalenka: lesão e favoritismo

Quando abandonou o WTA de Berlim por causa do ombro direito, Aryna Sabalenka parecia estar sendo apenas cautelosa. Chegou cedo a Wimbledon, fez bons treinos, postou vídeos dançando e indicava otimismo. No entanto, no sábado, deu uma entrevista dizendo que não está 100% em forma e que está "fazendo tudo com meu time para que eu consiga jogar minha partida aqui", o que pinta um quadro bastante diferente.

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Ainda assim, Sabalenka é a favorita para a maioria das casas de apostas por causa do seu tênis de força, com saques potentes e capaz de disparar golpes matadores dos dois lados - características potencializadas na grama. Depois parar nas semis em 2021 e 2023, (foi impedida de competir em 2022 por conta de sua nacionalidade), Aryna tem uma chave bastante acessível para ir mais longe este ano. Iga e Rybakina estão do outro lado, e sua potencial oponente nas semis seria Coco Gauff, mas a americana nunca passou das oitavas em Wimbledon. Logo, algumas coisas conspiram a favor da bielorrussa. Resta saber se o corpo vai lhe permitir aproveitar.

5. Bia Haddad: chave boa e luta contra dilemas internos

Na entrevista que deu ao Bola da Vez, Bia deixou claro o que mais vem lhe impedindo de obter resultados melhores e o que vem tentando fazer para superar o dilema: "Espero ter coragem para enfrentar os pensamentos. Principalmente quando eu errar, perder um-dois pontos mal jogados, dois games mal jogados, eu não deixar de fazer o meu padrão, não deixar de ir para cima, não deixar de buscar a rede, não deixar de sacar, que é o que está acontecendo. Estou me acuando. Estou terminando jogos que eu entro com uma forma de pensar, faço uma estratégia com o Rafa (Paciaroni, seu técnico), e termino eu jogando atrás, a menina dentro da quadra, eu correndo, e a minha bola, curta."

A grama favorece o tênis agressivo que Bia sabe que precisa jogar, mas ainda não foi isso que aconteceu em 2024. No WTA 500 de Berlim, caiu por 6/4 e 6/4 diante de Alexandrova logo na estreia. Nesta semana, no WTA 500 de Bad Homburg, perdeu nas oitavas diante de Anna Blinkova: 6/3 e 7/5.

Se os resultados são pouco animadores, a chave em Wimbledon dá boas possibilidades. Bia (#30) estreia contra Magdalena Frech (#58) e, se vencer, vai enfrentar Camila Osorio (#84) ou Lauren Davis (#300) na segunda fase. São dois jogos bastante ganháveis e, com base no que a paulista vem fazendo, duas vitórias em Wimbledon já seriam algo positivo, talvez até para recuperar a convicção em seu tênis agressivo e abrir o caminho para algo maior como um triunfo sobre Danielle Collins (#11) na terceira rodada. Será?

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Bônus track:

Andy Murray provavelmente fará sua despedida de Wimbledon, o que é certeza de um momento comovente, seja como e em que quadra acontecer. Por causa de uma recente cirurgia para remover um cisto das costas, o ex-número 1 do mundo ainda não tem certeza se vai jogar a chave de simples. De todo modo, Andy está inscrito nas duplas ao lado de seu irmão, Jamie. Vale conferir!

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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