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Bia Haddad já fez 'obrigação' em Wimbledon; o que vier agora é lucro

Antes de ir adiante: ninguém é obrigado a nada no tênis. Por isso, as aspas cumprem seu papel no título deste post. Trata-se de uma maneira de dizer que Beatriz Haddad Maia passou pelos jogos em que era favorita em Wimbledon. Superou a polonesa Magdalena Frech, número 58 do mundo, na primeira rodada; e alcançou a terceira fase porque a colombiana Camila Osorio (#84) abandonou lesionada o jogo desta quinta-feira após apenas três games.

Pronto. Bia fez o seu. Seu próximo desafio em Wimbledon será contra a veterana Danielle Collins, número 11 do mundo aos 30 anos, que faz sua temporada de despedida do circuito mundial - a americana sofre com endometriose e quer deixar o tênis profissional para ser mãe. É uma ótima temporada de Collins, que foi campeã dos WTAs de Miami e Charleston, vice em Estrasburgo e semifinalista em Roma. Não por acaso, a americana é favorita para vencer neste sábado.

Collins é uma adversária especialmente perigosa para Bia porque, além de um jogo agressivo e eficiente, leva para quadra uma personalidade forte, que consegue executar esse tênis agressivo com eficiência. E é exatamente isto que a brasileira vem tendo problemas para colocar em prática.

Não custa lembrar: em sua entrevista ao Bola da Vez, da ESPN, Bia falou sobre isso: "Espero ter coragem para enfrentar os pensamentos. Principalmente quando eu errar, perder um-dois pontos mal jogados, dois games mal jogados, eu não deixar de fazer o meu padrão, não deixar de ir para cima, não deixar de buscar a rede, não deixar de sacar, que é o que está acontecendo. Estou me acuando. Estou terminando jogos que eu entro com uma forma de pensar, faço uma estratégia com o Rafa (Paciaroni, seu técnico), e termino eu jogando atrás, a menina dentro da quadra, eu correndo, e a minha bola, curta."

Ou seja, Bia entra em quadra pensando em atacar, jogando perto da linha de base e ditando o ritmo dos ralis. Quando os erros começam a aparecer, a paulista se transforma em uma tenista hesitante, passiva, que dá alguns passos para trás, deixa de atacar e dá o controle do jogo para as adversárias. É exatamente isto que Collins gosta de fazer, por isso Bia precisará, além de golpes afiados, uma dose extra de coragem e disciplina tática. Uma mulher de 1,85m tem que jogar um tênis moderno, ofensivo, e ela sabe disso.

Coisas que eu acho que acho:

- Dado o favoritismo da americana (uma vitória de Collins paga por volta de 1,6 nas casas de apostas contra 2,2 de um triunfo da brasileira), talvez seja a oportunidade ideal para Bia entrar em quadra mais leve, livre da "obrigação" de vencer e com um nível de desprendimento que lhe permita executar seu tênis ofensivo da melhor maneira possível. Essa versão de Bia é muito mais perigosa do que a que vem competindo há alguns meses.

- Ao ver Luisa Stefani perder na estreia em Wimbledon e fazer uma temporada bastante mediana para os seus padrões, a impressão que passa é justamente a oposta: um desprendimento que prejudica. Pode, claro, ser apenas a minha impressão. Talvez seja uma questão de gerenciamento de imagem. O fato é que há comentários nos bastidores do tênis sobre como a postura de Stefani não vem lhe ajudando a trazer resultados. Não conversei com Luisa a respeito, então repito: talvez seja apenas uma questão de gerenciar melhor sua imagem.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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