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Djokovic não entendeu público em Wimbledon e comprou briga por nada

Entre muitas das coisas que Novak Djokovic faz bem está a capacidade de procurar uma briga - às vezes imaginária - para se motivar. Aconteceu de novo nesta segunda-feira, nas oitavas de final de Wimbledon, quando o sérvio de 37 anos enfrentava o dinamarquês Holger Rune.

Em vários momentos do jogo, a parte do público que torcia para o desafiante passou a comemorar seus pontos gritando/cantando "Ruuuuuuuuune", alongando a pronúncia do "u". É um hábito não tão raro no meio esportivo. No tênis, eu mesmo já vi o nome de Casper Ruuuuuud ser pronunciado assim em algumas partidas. Na NBA, é mais comum ainda. Fãs de longa data do Chicago Bulls vão lembrar do pivô australiano Luuuuuuuc Longley (veja e ouça aqui). É um hábito com mais de 20 anos no meio esportivo. Não significa nada hostil. Não é uma maneira de vaiar disfarçadamente o adversário. Longe disso.

Djokovic, aparentemente, ou não sabe ou tem uma visão própria da coisa. Incomodou-se e, logo que fechou o segundo set, fez bico para o público. Não curtiu. Comprou uma briga que não existia. E tudo bem. Não é a primeira vez que Nole faz isso, buscando um inimigo no público para se motivar. Não teria pegado tão mal se o sérvio não tivesse insistido no assunto durante a entrevista pós-jogo.

Quando indagado pelo entrevistador sobre a interação com a torcida, Nole agradeceu do fundo do coração aos fãs "que têm respeito". Depois, emendou com "a todos que optaram por desrespeitar um jogador - neste caso, eu - boa noite", disse, em inglês alongando o som do "U" em "good night". A resposta de Djokovic provocou uma reação mista, com vaias e aplausos

"Espero que eles estivessem falando sobre Rune e não desrespeitando você", disse o entrevistador, tentando explicar educadamente o que estava acontecendo. Aliás, na transmissão de TV, John McEnroe e Nick Kyrgios já haviam percebido que a torcida estava apenas pronunciando o nome do dinamarquês, como costuma acontecer com outros atletas - como Casper Ruud - tem alguma sílaba que possa ser pronunciada ou quase cantada assim.

Djokovic, contudo, estava irredutível e respondeu: "Eles estavam [me desrespeitando]. Eles estavam. Eu não aceito. Eu sei que estavam torcendo por Rune, mas essa era uma desculpa para também vaiar. Ouçam, estou no circuito há mais de 20 anos, então acreditem. Conheço todos os truques. Sei como funciona. Tudo bem. Vou focar nas pessoas respeitosas, que têm respeito, que pagaram ingressos para vir ver o jogo hoje e amam tênis e o esforço que os jogadores fazem em quadra. Já joguei em ambientes muito mais hostis. Acreditem: vocês não conseguem me tocar."

Djokovic recebeu mais vaias depois disso, mas o entrevistador conseguiu mudar de assunto com sucesso, deixando o clima hostil para trás. Veja a entrevista no tweet abaixo:

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Resumo da história? Djokovic foi Djokovic mais uma vez. Se isto é o que ele acredita que precisa para se motivar durante um jogo de oitavas de final de Wimbledon, que seja. Mas o homem passou do ponto desta vez.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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