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Pós-Bastad e pré-Paris: medalha para Nadal nas simples soa pouco provável

A final do ATP 250 de Bastad, não é o melhor dos parâmetros para medir o momento técnico de Rafael Nadal, mas deu as pinceladas que completaram um quadro não tão animador para o espanhol e suas chances de lutar por medalha - pelo menos nas simples - nos Jogos Olímpicos Paris 2024.

Rafa entrou em quadra neste domingo sem energia ou brilho, completamente incapaz de mostrar-se como o habitual enorme desafio imposto a seus rivais no saibro. No quarto dia consecutivo precisando competir, com 38 anos e uma longa carreira nas costas, vindo de dois jogos de três sets (um deles teve 3h58min, o segundo jogo mais longo de sua carreira em melhor de três sets!), Nadal foi presa fácil para Nuno Borges, que fez 6/3 e 6/2 e levantou o troféu.

O resultado soa inesperado para quem comparou os currículos, mas não é nada espantoso para quem viu a semana inteira de Rafa. Desde as oitavas, contra Cameron Norrie, Nadal teve altos e baixos. Os altos foram bastante altos, é bom que se diga, mas os baixos também se mostraram baixíssimos.

Contra Navone, o espanhol teve duas quebras de vantagem no começo do segundo set (3/0 e saque) e perdeu quatro games seguidos logo depois. No terceiro, a mesma coisa. Sacou em 5/2, com duas quebras de frente, e viu Navone igualar o placar em 5/5. Na semi, contra Duje Ajdukovic, a história se repetiu. Rafa abriu 3/0 no terceiro set, com duas quebras, e o croata igualou o placar em 3/3.

Situações incomuns para Nadal no saibro. No entanto, enquanto corpo aguentou, Rafa se safou. Usou a experiência. Fez bolas altas quando seu backhand lhe deixou na mão, ganhou pontos fazendo saque-e-voleio quando faltou confiança para vencer ralis e, claro, ganhou pontos (e até alguns games inteiros!) de rivais que sentiram o peso de derrotá-lo em uma quadra de saibro e cometeram erros bobos em momentos diferentes.

De modo geral, não foi uma semana animadora para quem espera ver Nadal brigando por medalha em Paris. Se é verdade que ele derrotou rivais de respeito e que sabem o que fazer no saibro, como Cameron Norrie e Mariano Navone, é inegável que seu nível de atuação - especialmente no que diz respeito à consistência - ficou abaixo do necessário para derrotar a elite que estará em Paris.

É fato que Rafa costuma elevar o nível de seu jogo em Roland Garros, que vai sediar o torneio olímpico de tênis, mas sua campanha em Bastad é pouco animadora. Foi importante testar seu físico fazendo quatro jogos em dias consecutivos, mas a incapacidade de mostrar um tênis vencedor do começo ao fim de um jogo é preocupante. Logo, parece que suas melhores chances na capital francesa estarão mesmo na chave de duplas.

Coisas que eu acho que acho:

- Costumou-se dizer ao longo da carreira de Nadal, meio em tom de brincadeira, que ele é capaz de vencer 90% do circuito no saibro mesmo longe do seu melhor nível técnico. O que Rafa mostrou em Bastad não foi muito diferente disso. No entanto, brigar por uma medalha exigirá muito mais. Ou isso ou uma dose gigante de sorte na chave.

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- Vale lembrar: Nadal não será cabeça de chave no torneio olímpico, ou seja, pode encarar na primeira rodada até Sinner, Alcaraz ou Djokovic. Lembram de quando o sérvio estreou contra Del Potro no Rio de Janeiro? Pois é.

- Nadal disputará a chave de duplas ao lado de Carlos Alcaraz. Ídolo e fã. O maior espanhol da história contra o melhor espanhol do momento. O maior campeão de Roland Garros ao lado do atual. Dois bicampeões de Wimbledon. Ambos sabem o que fazer do fundo de quadra e junto à rede. Ambos sacam e devolvem bem. A badalação será enorme, esperada e justificada, mas Rafa e Carlitos nunca jogaram juntos. Um torneio pode ser pouco para formar um time campeão.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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