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Esqueça Paris: Brasil encerra Jogos com atuação apagada de Bia e Luisa

Beatriz Haddad Maia e Luisa Stefani, uma vice-campeã de slam e uma ex-top 10 em duplas, eram, juntas, a maior esperança de medalha do tênis brasileiro nos Jogos Olímpicos de Paris. Terminam sua campanha com apenas uma vitória e uma derrota, que veio por 6/3 e 6/4 para as britânicas Katie Boulter e Heather Watson em uma atuação apagada, sem brilho ou inspiração.

De fato, é possível argumentar que, dado o momento de ambas no circuito mundial, sonhar com uma medalha era ousado demais. Bia atravessa uma dolorosa crise de confiança. De suas 19 derrotas na temporada, perdeu seis ou mais games de forma consecutiva em oito ocasiões. Número completamente fora da normalidade para uma top 20. Luisa, por sua vez, não faz uma temporada ruim em números absolutos, mas fez muito pouco para quem, nos últimos anos, mostrou-se capaz de brigar por coisas grandes.

A união em Paris poderia ter sido boa para ambas. Ter alguém com quem dividir a expectativa deveria ter feito bem para Bia. Do outro lado, uma Bia mais leve, solta e vibrante teria acendido uma chama que Luisa tanto precisa em certos momentos. Nada disso aconteceu com a frequência necessária, apesar de uma torcida que insistia em tentar fazer a parceria pegar no tranco dentro de quadra. Não rolou. Não do jeito que um torneio olímpico pedia.

Bia não fez a diferença que podia. Nem com o saque, nem do fundo de quadra, nem cobrindo a rede. O mesmo vale para Luisa. Quase nunca cruzou a rede, voleou frequentemente sem a convicção necessária para matar os pontos e perdeu as poucas chances que o time conquistou contra Boulter e Watson. Teve um smash para converter uma quebra e abrir 4/2 no segundo set, mas fez um golpe conservador, mandando a bola em cima de uma rival. Mais tarde, com o placar em 4/3 e 0/40 - e três chances para empatar a parcial - fez uma devolução com um lob curto, que caiu fácil para Boulter smashar; viu uma paralela passar por seu lado no ponto seguinte; e devolveu o saque em cima de Boulter no terceiro break point.

No geral, nada a destacar positivamente. Ninguém esperava mesmo que a dupla masculina ou os simplistas Thiago Wild e Monteiro brigassem por medalhas; a mista foi uma surpresa de última hora e perdeu um jogo que não era tão simples assim - embora ganhável; Laura brigou como sempre, mas esbarrou em uma rival mais forte; e Bia, como já escrevi acima, chegou em fase ruim e perdeu um jogo em que era favorita, inclusive com um segundo saque pavoroso que decidiu o primeiro set. Como diria Billy Crystal, "Esqueça Paris".

Coisas que eu acho que acho:

- Paris podia ser um divisor de águas para as temporadas de Bia e Luisa. Eu realmente acreditava que a parceria faria bem a ambas. Errei.

- Sim, dá para dizer que a dupla masculina fez até mais do que o esperado ao vencer um jogo. Maaaas e daí? Olimpíada não dá pontos nem prize money.

- O Brasil poderia ter competido com duas duplas femininas se, por exemplo, Ingrid Martins estivesse inscrita ao lado de Bia, enquanto Laura jogaria com Luisa. Seria melhor? Tenho minhas dúvidas. Mas poderia.

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- Há quem diga que Marcelo Melo e Rafael Matos também teriam entrado no torneio olímpico se as duplas masculinas tivessem sido montadas de outra maneira. É um tema que corre nos bastidores. Não fiz as contas para conferir. Se os maiores interessados não se manifestaram, é porque não devem estar tão incomodados assim.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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