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Após virada, Bia Haddad vai ao US Open com duro revés nos ombros

Era para ser uma semana em busca de ritmo, confiança e ares mais alegres. Beatriz Haddad Maia, afinal, não vencia dois jogos completos em sequência desde abril, no saibro de Madri. A participação no WTA 250 de Cleveland, um torneio às vésperas de um slam e com adversárias mais fracas, permitia isso. E até este sábado, tudo corria bem. No entanto, a derrota para a americana McCartney Kessler (#98 do mundo) de virada, com direito a seis games perdidos em sequência em um momento, atrapalhou os planos.

O placar final registrou 1/6, 6/1 e 7/5 para a americana, o que mostra uma parcial decisiva dura. No entanto, não foi a derrota em si, mas como ela veio que machucou. Não foi por acaso que Bia fez o discurso de premiação quase às lágrimas. A brasileira, atual #23 do mundo, venceu o primeiro set com tranquilidade e, mesmo depois de um "apagão" na segunda parcial, começou o set final abrindo boa vantagem. Chegou a sacar em 3/1 e 30/0 em um momento. O título parecia bem encaminhado.

Bia, porém, deixou o jogo ser decidido na raquete de Kessler. Começou a trocar bolas sem arriscar, sem agredir, e permitiu que a americana não só atacasse primeiro, mas que tivesse a oportunidade de, diante de uma adversária passiva, escolher com calma quando e como partir para os winners. O jogo mudou, a tenista da casa devolveu a quebra e ficou nítido que Bia estava tensa.

Com o placar em 5/5 e 40/40, uma escolha ruim da paulista pesou. Tentou fazer um saque-e-voleio no segundo saque. Perdeu o ponto e, pouco depois, também perdeu o game. Kessler sacou e fechou o jogo.

De uma hora para a outra, a Bia que poderia deixar Cleveland com a confiança no alto (ainda que a chave do torneio não tenha sido tão forte assim) encerrou sua campanha em baixa, com uma derrota dura. Mais do que sofrer o revés, a brasileira perdeu fazendo o que sabe que não pode fazer. Deixar de agredir e buscar o jogo (ela falou bastante sobre isso nesta entrevista). E se era essa a meta de jogar em Cleveland, não dá para dizer que o objetivo foi totalmente alcançado. Bia vai levar para Nova York a lembrança de uma derrota dura e que expôs novamente o maior dilema de seu jogo atualmente.

Bia costuma dizer (e falou isso hoje de novo!), como um não-tão-bom livro de autoajuda, que em alguns dias, você vence. Nos outros, aprende. Se assim for, ótimo. Se a derrota diante de Kessler servir como lição para uma postura mais ativa no US Open, maravilha. Porém, seu histórico recente não é animador. As derrotas continuam vindo, e a postura ainda não mudou. Que venha em Nova York. Por que não?

Coisas que eu acho que acho:

- Bia fez 44 partidas completas nesta temporada. Em nove delas, perdeu seis games seguidos. Isso significa que a brasileira levou um "pneu moral" em 20% de seus jogos em 2024. É muito para uma top 25.

- A entrevista para a ESPN que linkei acima é do começo de junho. Bia já havia diagnosticado o problema de sua hesitação - ou rigidez, como diz Rafael Paciaroni, seu técnico - em quadra. Já se passaram dois meses, e o dilema continua. É preocupante.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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