Despedida de Thiem nos lembra do melhor e do pior no mundo do tênis
Dominic Thiem foi um dos maiores tenistas da década de 2010. Ponto. O tema não está aberto a discussão. O austríaco de 30 anos, que se despediu do US Open nesta segunda-feira, no Estádio Arthur Ashe, encerra a carreira nesta temporada porque jamais conseguiu recuperar seu melhor nível após uma séria lesão no punho.
Domi, por algum tempo, foi meu tenista preferido no circuito. Jovem sério, que encara o esporte como um profissional exemplar - dentro e fora de quadra - e que desenvolveu um jogo delicioso de ver. Um tênis agressivo, de risco, com ótima movimentação e golpes potentes tanto de direita quanto de esquerda. Um lindo backhand de uma só mão, é bom destacar. Um homem de caráter jamais questionado no vestiário, e isso, como escrevi há pouco, vale mais do que mil vitórias e recordes.
Thiem vai se aposentar com "apenas" um título de slam, aquele US Open da pandemia, quando salvou match point e derrotou Alexander Zverev na final. Ganhou outros 17 torneios (um Masters 1000) e jogou mais 12 finais. Foi vice em outros três slams e perdeu duas decisões de ATP Finals. Ganhou mais de US$ 30 milhões em prêmios. Um valor mais do que merecido.
Para uma geração que cresceu vendo o Big Four, um slam pode parecer pouco, mas a carreira de Thiem não pode se resumir a isso. Aliás, Dominic é um dos muitos tenistas que tiveram suas carreiras afetadas porque viveram seus melhores dias ao mesmo tempo em que alguns do Big Four. No caso específico do austríaco, Rafael Nadal e Novak Djokovic tiveram peso especial.
Em 2017, quando derrotou Djokovic em Roland Garros, nas quartas de final, perdeu para Rafa na semi. Em 2018, foi mais longe e alcançou a final no slam do saibro. Novamente, tombou diante de Nadal. Em 2019, voltou a eliminar Nole na terra batida. Outra vez acabou superado pelo espanhol. Em 2020, no Australian Open, finalmente derrubou Nadal em um slam, mas perdeu a final para Djokovic em cinco sets. É disto que trato quando afirmo que repassar a carreira de Thiem nos força a lembrar dos melhores da história.
You will always have New York, @domithiem pic.twitter.com/xqs2Y7PJur
-- US Open Tennis (@usopen) August 26, 2024
E, de maneira proporcionalmente inversa, também não nos deixa esquecer do aspecto mais cruel de carreiras vencedoras: as lesões que encurtam essas caminhadas. Aos 30, sem precisar duelar com Federer, Nadal e Murray, Thiem poderia estar no auge da maturidade, com recursos técnicos para bater de frente com Djokovic (como fez com sucesso cinco-seis-sete anos atrás), Alcaraz e Sinner e lutar consistentemente por títulos de slam. Não foi, infelizmente, o que os deuses do tênis permitiram.
Foi, contudo, uma belíssima trajetória, com tantas cenas memoráveis. Aquele duelo de cinco sets com Nadal no US Open é inesquecível. A camisa amarela para celebrar o título do Rio Open também. E sempre teremos Nova York e o troféu.
Coisas que eu acho que acho:
- Como se não bastassem todas amostras de bom caráter ao longo da carreira, Thiem ainda é amigo de Filipe Luís e treinou esta semana com o Manto. Ídolo.
Thieminho
-- US Open Tennis (@usopen) August 25, 2024
Dominic Thiem flying Flamengo's colors in practice! pic.twitter.com/mSpeKjq8aY
- Para quem não lembra DAQUELE jogo contra Rafa, eis ele aqui, abaixo, na íntegra.
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7 comentários
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Pedro Luiz de Paula Oliveira
Excelente texto, só discordo de uma coisa Cossenza, é Big Three. Murray foi um otimo jogador, mas está muito mais próximo do Wawrinka ou mesmo do próprio Thiem do que das três lendas do tênis.
Jaimar Barreto Azevedo
Que texto gostoso de ler. Muito me agrada a forma como você valorizou o caráter do atleta.
Rodrigo Barros Soares Walladares
Carreira extraordinária a do Thiem. Só o último ato destoou. Usar essa camisa aí deixou uma mácula desnecessária