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A maestral manipulação de Muchova

Uma direita com slice, uma direita angulada e uma direita vencedora na paralela. Uma direita angulada na devolução de segundo saque e outra direita vencedora na paralela. Uma direita alta e funda, balão mesmo, que acabou com um forehand longo de Bia Haddad. Uma esquerda angulada, uma esquerda no meio, uma direita defensiva funda, com spin, e mais uma direita com spin na paralela que forçou outro erro da brasileira.

Foi com estes quatro pontos que Karolina Muchova quebrou o saque de Bia Haddad pela última vez nesta quarta-feira. A quebra que decidiu o jogo. E, no meio desses pontos todos, ainda houve um rali vencido pela brasileira em que Muchova usou um slice, uma esquerda angulada e um voleio curto. Em um game, um microcosmo do potencial da tenista tcheca, que usou todas armas possíveis para manipular a brasileira do começo ao fim do encontro. Uma lição de como jogar quando os recursos estão à disposição.

Muchova não deu três bolas iguais para Bia devolver em momento algum. Se trocava duas esquerdas cruzadas, logo variava com um slice na paralela, forçando a paulista a entrar na quadra e levantar a bola, o que permitia à tcheca atacar a bola seguinte. Quando angulava com a direita, explorando a movimentação de Bia (que até se move bem para seus 1,85m, mas, no fim, também é limitada por seus 1,85m), frequentemente tinha a paralela aberta no golpe seguinte. Pressão constante no segundo saque de Bia. Ótimo aproveitamento de primeiro serviço (76%). Subidas à rede que exigiam algo especial da brasileira.

E o nada simples fato de que Muchova conseguiu tudo isso entre piques para "usar o banheiro" em mais de um intervalo durante a partida faz a atuação da tcheca merecer uma nota altíssima. Bia poderia ter feito mais, claro. No todo, nem foi uma apresentação ruim-ruim. Durante a maior parte do jogo, a paulista foi refém do que sua oponente lhe permitiu (ou não) apresentar. Foi vítima da manipulação de Muchova.

Coisas que acho que acho:

- Mesmo terminando a campanha com uma derrota dura e uma aparente crise de ansiedade no meio do segundo set, quando a vantagem de Muchova era de apenas uma quebra de saque, Bia jogou, com sobras, seu melhor tênis da temporada durante esta semana e meia. Jogou no ataque, convicta do que tinha que fazer e errando pouco. Foi legal de ver. Que o US Open tenha sido o começo de um novo momento para a paulista.

- O segundo saque ainda é algo que precisa de atenção, e isso fica mais evidente nesse tipo de jogo, contra adversárias mais fortes e em boa fase, o que sempre vai acontecer numa reta final de slam. Hoje, por exemplo, Bia sacou bem nos dois primeiros games do segundo set. No terceiro, precisou jogar com o segundo serviço em três pontos. Perdeu todos.

- A história de Muchova neste US Open é mais emocionante porque ano passado, em setembro, depois de perder nas semifinais em Nova York, ela teve uma séria lesão no punho. Primeiro, tentou um tratamento conservador que não deu certo. Só em fevereiro de 2024, mesmo sem jogar deste setembro, é que veio a passar por uma cirurgia. Só voltou a atuar em junho. Agora, retorna ao cenário de 2023, com mais uma chance para alcançar a final.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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