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Sabalenka e Sinner: sobre calendário, potência e brilho sob pressão

Não é comum que dois campeões de simples do mesmo slam tenham trajetórias similares, mas este US Open nos deu, em Aryna Sabalenka e Jannik Sinner, exatamente isto: dois atletas que vinham de problemas físicos, não competiram nos Jogos Olímpicos, têm na potência de seus golpes sua maior arma e que brilharam sob pressão, disputando finais contra tenistas da casa e enorme torcida contra no Estádio Arthur Ashe.

Um fator importantíssimo - talvez o maior deles - nesta equação foram as Olimpíadas, que exigiram esforço físico e mental de quem foi longe em Paris e brigou por medalhas. Carlos Alcaraz saiu de lá esgotado; Novak Djokovic comemorou o ouro com todo tempo que merecia, mas atrasou sua preparação para a temporada de quadras duras; e Iga Swiatek também teve pouco tempo de adaptação ao piso sintético e não esteve afiada neste US Open. Três nomes de peso que pouco fizeram em Nova York.

Enquanto isso, Sinner, que teve uma lesão no quadril, usou uma amigdalite como motivo para não competir em Paris (a bem da verdade, nem todo mundo no circuito acreditou, mas isso é outra conversa). Sabalenka, que não tinha uma bandeira para defender e ficou fora de Wimbledon por causa de um problema no ombro, fez quase o mesmo. Disse que preferia descansar para estar pronta na temporada de quadras duras.

Dito e feito. Os dois estavam prontíssimos quando os jogos mais duros chegaram. Sinner nem era o favorito entre os homens, mas assumiu o "cargo" quando, ao fim da terceira rodada, Nole e Carlitos já estavam eliminados. Pegou uma chave que não era tão fácil assim e passou com louvor. Tommy Paul, Daniil Medvedev, Jack Draper e, por fim, Taylor Fritz. Impôs seu jogo de fundo de quadra com potência e precisão. Não passou nenhum susto de verdade.

Sabalenka já era a preferida das casas de apostas quando o torneio começou. Perdeu um setzinho para Alexandrova, mas nem nesse jogo passou aperto. Até a semifinal, não tinha cedido mais do que nove games em uma partida. Passou fácil por Qinwen Zheng, bateu Emma Navarro com um tie-break brilhante no segundo set e superou Jessica Pegula em dois sets.

Nem a torcida da casa nem a queda de rendimento no meio do segundo set foram o bastante para derrubar Aryna. Pegula até sacou para forçar uma terceira parcial, mas Sabalenka lhe fechou as portas, muito como Sinner fechou as portas para Fritz, que sacou para vencer o terceiro set. Bielorrussa e italiano absorveram a pressão, silenciaram a torcida americana e brilharam quando mais precisaram.

Dois títulos esperados e mais do que merecidos. Dois tenistas que começaram o ano levantando troféus em Melbourne e agora, em Nova York, repetem a cena. Dois atletas cujas personalidades não poderiam ser mais diferentes, mas que mostraram saber gerenciar as circunstâncias e criar ambientes que lhes permitiram jogar o melhor tênis em seu piso preferido. Apenas aplausos.

Coisas que eu acho que acho:

- Pra não esquecer: ambos também foram campeões do 1000 de Cincinnati, pouco antes do US Open. Ambos derrotaram americanos nas finais também por lá (Pegula e Tiafoe). E ambos sobrenomes começam com a mesma letra (inevitável citar até esta pequena coincidência).

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- Sinner ainda teve de lidar com a repercussão de seu caso de doping, sobre o qual muita gente falou (e ainda vem falando) bobagem sem conhecer os detalhes do caso. Sei que dá preguiça ler um documento de 33 páginas. É mais fácil sair dando uma opinião qualquer e ganhando manchetes aqui. Uma pena.

- A leveza da personalidade de Sabalenka, que contrasta deliciosamente com a "violência" (no bom sentido, por favor!) de seu tênis, é deliciosa em tempos de vestiários tensos e tantas preocupações. Seu jeito de encarar o circuito faz muito bem ao tênis. Agradecemos.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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