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No anúncio do adeus, Rafael Nadal nos deu mais uma lição

Primeiro, a notícia:

Pouco mais de duas semanas depois de ser escalado pela Espanha para a fase final da Copa Davis, Rafael Nadal anunciou que a competição também marcará o fim de sua carreira como tênis profissional. Em um vídeo postado em suas redes sociais, o tenista de 38 anos, ex-número 1 do mundo, campeão de 22 slams em simples e dono de duas medalhas de ouro olímpicas, Rafa agradeceu a todos envolvidos em sua carreira e explicou os motivos de sua decisão:

"Foram anos difíceis, especialmente estes últimos dois. Não consegui jogar sem limitações. É uma decisão que, evidentemente, foi difícil, que precisei de tempo para tomar, mas nesta vida, tudo tem um princípio e um fim. Acho que é o momento adequado para colocar um ponto final em uma carreira que foi longa e com muito mais sucesso do que eu poderia ter imaginado. Tenho muita vontade que meu último torneio seja a final da Copa Davis, representando meu país e fechar o ciclo, já que uma das minhas primeiras grandes alegrias como tenista profissional foi a final de Sevilha, em 2004."

Nadal teve muitas lesões ao longo de uma carreira que começou em 2001, quando Rafa, com 15 anos, disputou seu primeiro torneio profissional. Em sua trajetória, Nadal se recuperou com sucesso da maioria delas, mas foi um problema no quadril, que se manifestou no Australian Open de 2023, que mostrou-se dura demais para que ele voltasse a jogar seu melhor tênis.


Nadal passou o ano inteiro de 2023 afastado do circuito, tentando se recuperar e voltou a competir em janeiro de 2024, no ATP de Brisbane. Após duas apresentações animadoras, voltou a sentir dores e nunca mais conseguiu voltar a jogar em altíssimo nível. Depois disso, jogou apenas cinco eventos e teve como melhor resultado um vice-campeonato no modesto ATP 250 de Bastad.

Seu último evento foram os Jogos Olímpicos Paris 2024, onde competiu em simples e duplas. Individualmente, parou na segunda rodada, superado por Novak Djokovic em dois sets. Nas duplas, ao lado de Carlos Alcaraz, avançou até as quartas de final.

A fase final da Copa Davis deste ano será disputada em Málaga, na Espanha, a partir de 19 de novembro. O time de Nadal, que também deve contar com Carlos Alcaraz, enfrentará a Holanda nas quartas de final. Se vencerem, os espanhóis vão encontrar Alemanha ou Canadá nas semifinais. Itália, Argentina, Estados Unidos e Austrália também estão na disputa na outra metade da chave.

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Agora, a opinião:

Como em tudo na vida, Rafael Nadal deixou tudo que tinha em mais este duelo. Passou quase dois anos inteiros, submeteu-se a uma cirurgia e entrou em quadra em um nível muito aquém do que gostaria. Tentou de todas as maneiras. Conseguiu despedir-se dignamente em Roland Garros e nos Jogos Olímpicos, mas não no nível que gostaria de seguir como tenista profissional. No fim, o tempo, o inimigo imbatível, venceu novamente.

Entre tantas ao longo de uma carreira de mais de 20 anos, mais uma lição: dedicação máxima, arrependimento zero. Nadal faz seu anúncio com a leveza de consciência dos que trabalham a full 24/7. É um pronunciamento que vem com a dor de quem não tinha a intenção de parar aqui e agora, mas que também entrega a sensação de dever cumprido e que não há motivos para olhar para trás e duvidar desta ou daquela decisão.

Para nós, fãs, não é hora de dizer adeus. Ainda não. Falta pouco mais de um mês para a fase final da Copa Davis. No entanto, ao fazer o anúncio hoje, Nadal nos deu um tempo para processar a notícia, entender a importância desta derradeira Copa Davis e, por que não, curtir ao máximo uma última aparição que pode fechar as cortinas de maneira apoteótica, com o título, mas também pode ser apenas uma última ponta.

É difícil prever algo no tênis de hoje - sobretudo nesta versão fast-food em que a Copa Davis foi transformada - mas sobra, acima de qualquer suspeita, a garantia de que Rafa estará lá por inteiro. Se é impossível saber se seu tênis será 50, 70 ou 90% do que já foi, a maior certeza do mundo é que seu coração baterá 100% como sempre em uma quadra de tênis.

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Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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