Um brinde a Beatriz
"Desculpem, gente. Estou de férias e vou tomar uma cerveja."
Foi assim, com um sorriso, que Beatriz Haddad Maia, cabelo úmido e solto e uma leveza de espírito que não aparece tanto assim em público, se despediu da imprensa na noite deste sábado, pouco depois de encerrar a obrigatória entrevista coletiva pós-confronto.
Bia merece todas as cervejas do mundo. Carregou o time brasileiro durante os dois dias de confronto, venceu seus dois jogos de simples e foi, com folgas, a melhor em quadra na dupla que definiu a vitória do time da casa no Ibirapuera. Teve um fim de semana de número 1 de uma equipe e manteve o Brasil na primeira divisão da Billie Jean King Cup.
Talvez Bia ainda não seja a número 1 do país dominante que seus fãs esperavam ou desejavam. As duas vitórias em casa vieram no sufoco, com muito mais drama do que o esperado ou desejado. Precisou salvar dois match points num jogo. Salvou-se de um 4/4 e 0/30 estando um set abaixo no outro. Não faltou muito (talvez aquele pontinho da sexta-feira) para a Argentina, mesmo sem suas três simplistas mais bem ranqueadas (Podoroska, Carlé e Riera), protagonizar uma zebra memorável.
Se faltou a solidez que se espera ou deseja de uma top 20, sobraram outras características. Contra Jazmin Ortenzi (#274), na sexta-feira, quando tudo parecia conspirar contra, Bia leu o momento de forma correta. Apostou no nervosismo da jovem argentina e viu suas fichas multiplicarem. Ficou no jogo, lutou e evoluiu até dominar o terceiro set.
O sábado não foi muito diferente. Bia teve de recalcular a rota manualmente algumas vezes enquanto seu Waze tenístico parecia offline e não encontrava o tênis de Solana Sierra (#154). De novo, a brasileira achou o caminho quando a chegada ao destino parecia comprometida. De novo, dominou o terceiro set. Colocou o Brasil na frente e preparou-se para um possível jogo de duplas.
Laura Pigossi não teve seu melhor fim de semana. Perdeu os dois jogos, o que significou a necessidade de uma partida de duplas para resolver a questão. E lá estava Beatriz mais uma vez. Agora, acompanhada por Carolina Meligeni, que fez uma apresentação digna sob pressão - um feito e tanto para quem faz uma temporada sem brilho e só soube que entraria em quadra neste sábado.
No entanto, quem brilhou MESMO foi Bia. Quando não abriu o caminho para sua parceira matar uma bola fácil junto à rede, tratou ela mesma de matar pontos, fosse da rede ou do fundo. Confirmou seu saque a partida inteira. Foi um alicerce para Carol. Foi a número 1 que o Brasil precisava no confronto, e isso é o que importa.
Que a cerveja tenha descido deliciosamente. Um brinde a você, Beatriz.
Coisas que eu acho que acho:
- Importante lembrar: na assembleia deste sábado, Alexandre Farias, atual presidente da Federação Catarinense, foi eleito futuro presidente da CBT. Saus vice-presidentes serão Aristides Barcellos e Eduardo Gordilho.
- Foi grande assunto de bastidores a ausência de Eduardo Frick na chapa candidata. Frick foi o homem de confiança de Rafael Westrupp durante tanto tempo, e era cotado internamente como o sucessor na presidência. Esbarrou em forte rejeição no meio do tênis, e a solução da chapa da situação foi excluí-lo. A medida afetou a relação entre os dois cartolas. Não podia ser diferente.
- Não vi, pois estava no Ibirapuera, mas as críticas à transmissão do NSports não foram poucas. Desde a qualidade da imagem até a incrível queda de sinal no match point de Bia Haddad na sexta-feira, passando pela torcida do narrador e sua tirada contra supostos haters justamente ao fim do jogo de Bia, momento em que havia tanto a exaltar na atleta. É importante priorizar.
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