Em números, temporada de Sinner é top 5 nos últimos 25 anos
Foram dois títulos de slam (Australian Open e US Open), uma conquista no ATP Finals e mais um título na Copa Davis. Além disso, em 2024, Jannik Sinner anotou 73 vitórias e perdeu apenas seis jogos, registrando um espetacular aproveitamento de 92,4%. E mais: das 73 vitórias, 18 vieram sobre adversários do top 10. Somando isso tudo, dá para colocar a temporada 2024 do italiano entre as melhores dos últimos 25 anos no tênis masculino.
Em números, o ano de Sinner fica ainda mais especial quando colocado em contexto, lado a lado com temporadas brilhantes de Roger Federer, Novak Djokovic, Rafael Nadal e Andy Murray - os únicos quatro tenistas que, desde 2002, terminaram temporadas como número 1 do mundo e com mais de 80% de vitórias naquele período (em temporadas com pelo menos 70 vitórias).
Nadal e Murray, por exemplo, nunca tiveram mais de 92% de aproveitamento. Na única vez que passou dos 90%, em 2013, Rafa venceu 75 jogos e perdeu sete, ficando com 91,4% de aproveitamento. Naquele ano, o espanhol foi campeão de Roland Garros e do US Open. Em 2010, quando venceu três slams (não jogou o Australian Open), Nadal acumulou 71v e 10d (87%). Murray, por sua vez, teve seus melhores números em 2016, quando venceu Wimbledon e os Jogos Olímpicos e arrancou até chegar ao posto de número 1 do mundo. Naquela temporada, o escocês teve 71v e 14d (83%).
Talvez o mais espantoso seja observar que Novak Djokovic, detentor da maioria dos grandes recordes do tênis masculino, só teve uma temporada com aproveitamento melhor do que o de Sinner em 2024. Foi em 2015, quando registrou 82v e 6d (93%). No caminho, foi campeão do Australian Open, de Wimbledon e do US Open. Nole só ficou acima dos 90% em mais uma oportunidade: em 2011, quando teve 70v e 6d (92,1%), somando três vitórias a menos do que Sinner este ano.
Roger Federer, sim, foi mais dominante quando ocupou o posto de número 1 do mundo na década de 2000. Em 2004, ano em que chegou ao topo e venceu três slams, somou 74v e 6d (92,5%). No ano seguinte, continuou soberano. Foi campeão de dois slams (Australian Open e US Open) e teve 95% de aproveitamento, com 81v e 4d. Por último, em 2006, passou das 90 vitórias (92v e 5d), conquistou três slams (só perdeu a final de Roland Garros para Rafael Nadal) e venceu 94,8% de suas partidas.
Tirando o Big Four, os últimos 25 anos do tênis masculino tiveram apenas três nomes terminando temporadas como número 1. Andy Roddick terminou 2003 com 72v e 19d (79,1%); Lleyton Hewitt (2001 e 2002) teve sua melhor campanha em 2001, com 80v e 18d (81,6%); e em 2000, quem terminou no topo foi o brasileiro Gustavo Kuerten, que naquele ano conquistou Roland Garros pela segunda vez. O catarinense teve 63v e 22d (74,1%).
Coisas que eu acho que acho:
- "Ah, mas Sinner não jogou um ano inteiro contra o Big Four". Não, não jogou. Mas encarou Djokovic duas vezes (venceu ambas), Alcaraz em três oportunidades (perdeu todas) e Medvedev cinco vezes. Mais de 25% de seus triunfos vieram com adversários do top 10. Ou seja, dentro do que o circuito apresenta hoje, Sinner não poderia ter encontrado um caminho muito mais duro, não.
- Sim, o leitor viu certo: metade das derrotas de Sinner em 2024 veio diante de Carlos Alcaraz. O espanhol, no entanto, somou 4.820 pontos a menos do que o italiano nas últimas 52 semanas. Vale aqui o mesmo que se dizia quando Nadal não encontrava Federer nas finais dos slams de quadra dura (pré-2009): Sinner não tem culpa se Alcaraz não fez mais durante o ano.
- Outra leve semelhança: no incrível 2006 de Federer, que teve apenas cinco derrotas, quatro delas foram para um espanhol (sim, Nadal). A outra foi para Andy Murray.
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