Fonseca sobre Sinner e Alcaraz: 'Comparações inúteis'
Antes de João Fonseca, 18 anos e maior promessa do tênis brasileiro masculino, levantar o troféu do ATP Next Gen Finals, só dois tenistas com menos de 19 anos haviam disputado a final da mesma competição: Jannik Sinner, atual número 1 do mundo, e Carlos Alcaraz, ex-número 1 do mundo e dono de quatro títulos de slam.
Sinner, aliás, foi campeão do Next Gen Finals com 18 anos e 2 meses de idade. Fonseca venceu com 18 anos e 3 meses. O carioca, aliás, já contou que alguns de seus amigos lhe chamam de Pequeno Sinner, em uma comparação até com o estilo e jogo do italiano.
João entende de onde vêm as comparações. Sabe também que elas são feitas em tom positivo e que elas trazem o que ele chama de "pressão boa". No entanto, na coletiva logo após conquistar o evento em Gidá, na Arábia Saudita, Fonseca deu um recado importante. Comparações não significam tanto assim para ele.
"Quero viver o presente. Quero seguir trabalhando na minha rotina junto com pessoas que me ajudam e querem meu bem, querem me ver alcançar coisas grandes, e não ficar pensando muito nessas coisas de 'prodígio', se eu vou conseguir... 'O João tem 18 anos e 3 meses e ganhou o Next Gen. O Sinner ganhou com dois meses.' São comparações meio que inúteis. Cada um tem seu tempo", disse o carioca.
Pouco antes, na mesma resposta, João já tinha simplificado ao extremo a questão:
"É um pouco da nossa tradição, né? De brasileiros. Quando a gente vê um jovem ganhando coisas relativamente grandes, já querem botar como promessa, botar expectativa. Eu quero ser eu. Quero ser o João. Obviamente, é uma pressão boa estar com o suporte de todos, me comparando com mitos do esporte, mas quero fazer a minha história. Só quero ser o João, quero jogar o meu tênis, quero viver o presente e não pensar muito no futuro, no que eu vou ser ou [no que vai acontecer] se eu não conseguir."
A coletiva, feita via teleconferência com cerca de duas dezenas de jornalistas, rendeu outros momentos interessantes e frases que revelam mais um pouco da personalidade de João e de seus objetivos no tênis em 2025. Veja outros trechos abaixo.
Sobre os encontros com Rafael Nadal em Gidá:
"É sensacional a aura que ele transmite. Quando você está do lado dele, é como estar vendo deus assim, é uma coisa surreal. Sem câmera, também conversei com ele, e ele me deu boa sorte. Depois do jogo, consegui encontrar com ele, e ele falou coisas super legais. Obviamente, tem o nervosismo de jogar na frente dele, mas eu consegui sobressair bem. O primeiro set, mais ou menos, mas depois consegui sobressair bem."
Sobre as metas para 2025:
"Eu diria que este torneio já faz parte do ano que vem porque eu tive já a pré-temporada, e meio que a gente emenda [o fim de 2024 com o começo de 2025]. Vai ser um ano desafiador para mim porque vai ser meu segundo ano como profissional, eu tenho que defender pontos, mas vai ser um ano interessante, um ano em que eu vou estar mais acostumado com o circuito, já vou estar mais maduro e começando o ano bem. Uma das metas deste ano é jogar chave principal de grand slam. É uma meta pessoal minha. Obviamente, eu e meu treinador, a gente vai fazer algumas metas de número, de ranking, de títulos, mas é uma coisa mais pessoal. Também não gosto de falar muito para não criar expectativas. É uma coisa mais minha e do meu treinador. Mas uma das metas pessoais que eu quero falar é que quero jogar chave de grand slam. É onde eu quero chegar. Quero jogar cada vez mais em torneios grandes."
Sobre a importância do título do Next Gen Finals
"Diz que eu estou no caminho certo. Obviamente, vem um pouco da pressão, mas, como eu disse, uma pressão boa. Eu quero fazer o que eles [Sinner e Alcaraz] estão fazendo, atingindo número 1 do mundo, ganhando grand slams, tendo uma rivalidade inacreditável. Espero que em alguns anos - vou trabalhar para isso - eu consiga estar ali no meio, jogar finais, fazer jogos importantes com esses jogadores tão grandes no mundo do tênis."
"Só de eu ter qualificado, já é muito importante para mim, como pessoa e como jogador. Acho que ganhar aqui, tanta vontade de ganhar, porque assim... Primeiro que você está disputando com pessoas muito tops. Os sete eram melhores do que eu, e eu não queria perder, obviamente, para nenhum deles, nenhuma partida. Também diz porque jogadores muito bons como Sinner e Alcaraz já ganharam aqui, então eu diria que como eles fizeram essa trajetória, por que não eu fazer também? O dinheiro é mais um extra. Eu estava pensando mais pelo título mesmo, pelo significado do título. Eu já fui para o ATP Finals, em Turim, e é quase igual. O locker com o seu nome, você estampado na parede, são só oito jogadores, então é muito especial só de estar participando disso. Tem um significado muito importante para mim. Dá mais confiança para eu começar o ano que vem. Tem um significado porque era um torneio muito difícil para mim. A gente tinha como meta participar, e agora a gente ganhou. Estou muito feliz comigo mesmo."
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