Fiasco brasileiro na United Cup? Nem tanto
É bem verdade que o início de temporada de Beatriz Haddad Maia não empolgou. Na verdade, até preocupa. Dito isto, não dá para dizer que a participação brasileira na United Cup foi um fiasco, um fracasso ou algo parecido. Afirmo isto sabendo, evidentemente, que foram seis derrotas em seis jogos. Eu explico.
A United Cup é um torneio peculiar, não só por ser um torneio misto, com participação de homens e mulheres, mas porque os países se classificam graças os rankings de seus melhores jogadores. Logo, é possível ver times como a Noruega, que tem o top 10 Casper Ruud, mas nenhum outro jogador entre os 400 do mundo.
Outra característica importante é que os confrontos têm apenas um jogo de simples entre mulheres e outro entre homens. Logo, entram em quadra apenas os melhores de cada time, o que é muito ruim para os números 2 de cada equipe. Viajar para a Austrália e ficar no banco da United Cup enquanto é preciso buscar ritmo de competição antes de um slam não é um bom negócio. Por isso, muitos #2 nem estão lá. Laura Pigossi, por exemplo, optou por um calendário diferente. Os EUA têm Fritz, mas não têm Paul, Tiafoe, Shelton nem Korda. Seu #2 na United é Denis Kudla, #267 do ranking. Deu para entender, né?
São jogos com nomes de peso. Uma boa participação de Bia seria essencial para que o Brasil vencesse pelo menos um dos confrontos. Não foi o que aconteceu. A paulista teve cãibras e perdeu seu primeiro jogo para Xinyu Gao (#175). Dois dias depois, oscilou e foi muito mal na reta final contra Laura Siegemund (#80). Sem esses pontos, seria demais esperar que Monteiro derrotasse Zhizhen Zhang (#45) e Alexander Zverev (#2) em quadra dura. Suas derrotas, ambas em sets diretos, foram absolutamente normais.
Mesmo que Monteiro tivesse protagonizado uma zebra (ou duas), ainda seria necessário que Rafael Matos tirasse um coelho da cartola sem ter a melhor duplista do time, Luisa Stefani, em condições de jogar. Contra a China, sem Stefani e com Bia exausta, foi Carol Meligeni que entrou em quadra ao lado de Rafa. Não adiantou. O mesmo aconteceu contra a Alemanha, com o Brasil já eliminado. São jogos muito acima do nível de tênis que Carol apresenta hoje. Rafa ainda fez o que pôde na rede, tentando "proteger" a parceira no fundo de quadra, mas os dois reveses também foram normais. E Carol, é bom que se diga, fez apresentações bastante dignas dentro do que era possível fazer diante de oponentes mais fortes.
Fiasco, para mim, seria perder confrontos muito ganháveis ou contra rivais muito mais fracos. Não foi o que aconteceu em Perth. E se é verdade que o começo de temporada de Bia Haddad preocupa (tanto física quanto tecnicamente), também é inegável que a amostra - duas partidas - ainda é pequena. E o resto do time jogou de acordo com suas possibilidades e limitações. Simples assim.
Coisas que eu acho que acho:
- De novo, houve críticas a Luisa Stefani, que estava inscrita na competição e viajou até Perth, mas não teve condições de jogo. Assim como no WTA Finals, volta para casa com um bom prize money sem pisar na quadra (falarei especificamente sobre o prize money em outro texto).
Difícil entender, mas não surpreende. A Luísa Stefani ter ido pra United Cup mesmo sem ter condições físicas disso.
-- Mundo Do Tênis 🎾 (@mundodotenispod) December 28, 2024
o que mais me choca é a luísa stefani ter ido só pra passear kkkkkkkkk como que a pessoa se inscreve em um torneio de times sem poder ajudar o time??? tá fazendo oq lá então???? https://t.co/oyFwVRkEAR
-- . (@fereverwinter) December 29, 2024
- Cabe explicar aqui que as inscrições para a United Cup foram feitas em outubro (o ranking que conta é o do dia 16 daquele mês), quando Luisa acreditava que já estaria recuperada agora, em dezembro.
- Também cabe explicar que Ingrid Martins e Laura Pigossi não quiseram ir à United Cup, então a presença de Stefani (que, em tese, tiraria a vaga de outra duplista) acabou não fazendo diferença na formação da equipe.
- O que, repito, não faz sentido é Luisa ficar em silêncio em suas redes sociais em vez de explicar o que aconteceu e os porquês de tudo. Quando ela não fala, é atacada e, como falei um mês atrás, sua imagem é prejudicada.
- Vale dar crédito aqui: em outubro, Thiago Wild estava lesionado e não sabia se poderia disputar a United Cup, então não se inscreveu na competição. Deixou o lugar livre para Thiago Monteiro. Parabéns ao paranaense por ter pensado adiante em não prejudicar o time.
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