O 'Efeito Fonseca' já é real
Pouca gente prestou atenção em Thiago Monteiro, que fez um belíssimo qualifying, vencendo três jogos em sets diretos e brilhando em moments importantes. Salvou dois set points e ganhou dois tie-breaks em um jogo duríssimo contra Kubler. Salvou set point contra Royer com um slicinho cruzado genial. Quebrou Coppejans nos únicos games em que teve break points. Uma grandíssima sequência de um tenista que até este ano somava apenas três vitórias em Melbourne (contando qualis e chaves principais) e que nem sempre joga seu melhor em momentos delicados.
Pouco destaque vem recebendo o fato de que Beatriz Haddad Maia chega ao Australian Open vindo de três derrotas nas simples. Atuações ruins e uma cãibra contra uma rival que também tinha problemas físicos. Nas simples, é o pior começo de temporada de Bia desde seu retorno ao top 100. Ainda que seja uma amostra pequena - só três partidas - é preocupante para quem terminou tão bem 2024 e começa(va?) 2025 com expectativas lá no alto.
Luisa Stefani até foi questionada aqui e ali (mais no X/Twitter) por não ter competido na United Cup. A paulista conseguiu o raro feito de ganhar prêmio em dinheiro em duas competições consecutivas sem jogar uma partida oficial (WTA Finals e United Cup). Trata-se de uma tenista que até alguns anos atrás era vista como futura #1 do mundo em potencial, mas mostrou muito pouco (tênis, planejamento e comunicação) desde 2023 para chegar ao topo. Logo, muito pouco vem sendo falado sobre ela.
Thiago Wild, que não competiu este ano, mas é o número 1 do Brasil, passa completamente fora do radar. Até sua volta ao time brasileiro da Copa Davis foi noticiada pela maioria dos veículos como um mero pé de página. Quem ficou fora, quem pediu para não jogar e quem fez pré-temporada de turista também mal teve seus nomes mencionados. E zero cobrança.
Só um assunto é realmente grande no tênis brasileiro desde dezembro: João Fonseca. O carioca venceu 13 jogos e 16 sets seguidos, levantou duas taças e passou pelo qualifying do Australian Open. Disputará uma chave principal de slam pela primeira vez na carreira profissional aos 18 anos e vai enfrentar logo um top 10 (e ninguém duvida que ele possa sair vitorioso). Um fenômeno, evidentemente. O mundo inteiro olha para ele com a atenção de quem olhou para Sinner e, depois, Alcaraz alguns anos atrás.
Enquanto isso, o resto do tênis brasileiro ganha paz (o que é ótimo na maioria dos casos). O bate-boca público entre a Confederação Brasileira de Tênis (CBT) e o Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) mal saiu dos posts no Instagram (veja acima). Bia, Monteiro e Wild treinam sem pressão. Ninguém questionou o nível do tênis e de condicionamento físico em Perth, Adelaide ou Riviera de São Lourenço.
Olhamos todos para Fonseca.
Oramos todos por Fonseca.
Abençoado seja Fonseca.
O Efeito Fonseca é real.
Coisas que eu acho que acho:
- João não tem nada a ver com isso, mas a ascensão de uma estrela no esporte, enquanto tem a capacidade de fazer maravilhas por uma modalidade, também ajuda o trabalho de quem tenta varrer certos aspectos ou fatos para baixo do tapete. Prestemos atenção.
- A última de rodada de Thiago Monteiro no quali do AO merecia um pouco mais de carinho por parte da Disney, que tem tantos narradores e comentaristas, mas não destacou ninguém para esse jogo. Pelo menos a última, né?
- Mudando completamente de assunto, é interessante o movimento da marca brasileira Slyce, que assinou com dois tenistas de patamar mais elevado em Thiago Monteiro e Luisa Stefani. Pela TV e nas fotos, contudo, ainda é difícil identificar a marca da empresa. O logo é pequeno e parece não ter sido pensado para esse tipo de patrocínio.
- A New Era, conhecida marca de bonés, está pela primeira vez vendendo produtos oficiais do Australian Open no Brasil. É possível comprar os bonés na loja física do Barra Shopping, no Rio de Janeiro, ou no site da empresa.
.
Quer saber mais? Conheça o programa de financiamento coletivo do Saque e Voleio e torne-se um apoiador. Com pelo menos R$ 15 mensais, apoiadores têm acesso a conteúdo exclusivo, como podcast semanal, lives restritas a apoiadores, áudios exclusivos e de entrevistas coletivas pelo mundo, além de ingresso em grupo de bate-papo no Telegram, participação no Circuito dos Palpitões e promoções.
Acompanhe o Saque e Voleio também no Threads, no Bluesky e no Instagram.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.