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Sobre Bia Haddad: por menos resiliência e mais tênis

Resiliente. É o adjetivo preferido por Beatriz Haddad Maia quando pedem que ela escolha uma palavra para falar de si mesma. Ela tem razão. Trata-se de uma competidora como poucas no mundo. Luta até o fim. Busca soluções. Vence jogos que outras perderiam. Seu coração tenístico só deixa de bater após o match point. Se a paulista de 28 anos já alcançou o top 10, conquistou títulos e fixou-se no top 20 nos últimos 2-3 anos, muito tem a ver com sua resiliência.

Foi assim que Bia evitou um desastre no Ibirapuera, no fim do ano passado, quando o Brasil esteve perigosamente perto de uma derrota para uma Argentina desfalcada de suas melhores simplistas. Foi assim que, nesta terça-feira, em Melbourne, Haddad Maia evitou o que seria uma decepcionante derrota para a argentina Julia Riera, #146 do mundo, na primeira rodada do Australian Open. Louvada seja a resiliência. De verdade.

Dito isso, uma tenista de 28 anos, experiente e que se diz pronta para ganhar um slam precisa mostrar mais tênis. Este ano começa com quatro atuações ruins. Nesta terça, a única vitória, Bia cometeu 21 erros não forçados só no primeiro set; sacou de forma hesitante, com o segundo serviço abaixo dos 110 km/h em múltiplas ocasiões; e perdeu pontos simples ou deu pontos de graça mesmo quando Riera se mostrava vulnerável.

Nervos de primeira rodada? A essa altura da carreira, já não fariam mais sentido. Dificuldades técnicas? Todos já viram o que Bia é capaz de fazer em uma quadra de tênis, e o que vem sendo apresentado neste começo de temporada está muito aquém daquele nível. O pedido "da internet" por um segundo técnico na equipe foi "acatado". O que falta agora?

Antes de estrear em Melbourne, Bia disse à ESPN - veja acima - que fez uma preparação "diferente" este ano, que passou a jogar com outro tipo de corda, e que estava se sentindo "cada vez mais confiante". Não foi o que a quadra mostrou. Há uma desconexão entre a teoria e a prática em algum lugar. Como houve durante boa parte do ano passado, quando Bia dizia que treinava bem, mas não conseguia transportar seu melhor nível para os torneios.

O belo fim de temporada foi animador, como já havia sido em 2023. No entanto, começa uma nova temporada, e velhos problemas vêm à tona. Cabe a Bia e seu time entender e dar o passo que falta para reduzir essa inconsistência e levar para quadra a atleta que, de fato, sente-se pronta para conquistar um slam.

O salto que a número 1 do Brasil quer dar - de top 20 para top 10 e forte candidata a títulos de slam - exige algo diferente. Como a própria Bia disse durante a Billie Jean King Cup, tênis precisa ser mais jogado e não necessariamente falado. E seu próximo passo exige uma dependência menor do "fui resiliente" e do "ganhei porque me perdoei" e mais tênis do começo ao fim de suas apresentações.

Coisas que eu acho que acho:

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- Se não ficou claro o bastante, ninguém aqui está sugerindo que Bia use "menos resiliência". Apenas que dependa menos disso. Simples assim.

- Para quem gosta do copo metade cheio: os bons momentos de Bia começam meio que do nada, às vezes vindo de seguidas atuações ruins. Que aconteça mais uma vez. De preferência, ainda durante este Australian Open.

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Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

4 comentários

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Elza Barros Candeloro

Precisa se movimentar mais em quadra. Precisa sacar melhor. Precisa devolver melhor. Precisa escolher melhor os seus golpes. Enfim, atualmente, não está jogando em alto nível. Erra demais em todos os aspectos técnicos. O seu jogo é sempre igual e já está bem conhecido. Não surpreende e as adversárias, mesmo as mais fracas, sabem como enfrentá-la. Ou muda ou morre competitivamente.

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Edson Shigueru Sakai

O fato é que é preciso jogar ao máximo o tempo inteiro hoje em dia, fazer muitas duplas faltas, segundo serviço fraco e errar bolas seguidas não é recuperável hoje em dia, com estas máquinas de jogar tênis, digo as top do ranking, como adversárias.

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Benedito Ferreira da Silva

O colunista parece não entender que Bia tem capacidade para ficar entre top 10-20 e ganhar uns torneios 500 e 1000, mas não para ser top 5 e ganhar um Slam

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