Saque e Voleio

Saque e Voleio

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
ReportagemEsporte

Gui Teixeira, parte I: trabalho discreto e de esponja em prol de Fonseca

A parceria começou há seis anos, quando João Fonseca ainda era apenas um pré-adolescente talentoso que dava seus primeiros passos internacionalmente no tênis. Hoje, o carioca tem 18 anos, é um dos nomes mais comentados no circuito mundial. Acabou de conquistar o título do Challenger 175 de Phoenix e ocupa o 60º posto, melhor ranking de sua carreira até agora.

Seu técnico, porém, passa longe das manchetes. Poucos sabem de onde vem, o que pensa e como trabalha o profissional que leva Fonseca à elite do tênis mundial. E é bem assim que Guilherme Teixeira gosta. O mineiro de 37 anos, que também encara pela primeira vez os maiores torneios do circuito, prefere trabalhar em silêncio. Gesticula pouco na beira da quadra e fala pouco em público.

Enquanto deixa todo o protagonismo com seu pupilo, Teixeira corre atrás de informação. Analisa estatísticas, estuda adversários e conversa com técnicos mais experientes. Tem até como consultor o argentino Franco Davín, que estará ao seu lado no box de Fonseca durante o Masters 1000 de Miami. Sim, o mesmo Davín que conquistou títulos de slam com Gastón Gaudio (Roland Garros/2004) e Juan Martín del Potro (US Open/2009) e viveu cenários parecidos com os que o mineiro vem encontrando em sua trajetória com Fonseca.

Teixeira e eu conversamos durante o Rio Open, e o papo revela partes importantes da personalidade do treinador. Ele reforça, entre outras coisas, que o protagonismo deve ser sempre de João e que precisa ser como "esponja" para absorver o máximo de informação dos técnicos mais experientes. A primeira parte do papo segue abaixo (a segunda vem amanhã). Leiam e conheçam melhor o homem que vem levando João Fonseca ao topo.

Antes de a gente falar sobre sua caminhada com o João, fala um pouquinho sobre a sua estrada no tênis. Como é que tudo começou?

Comecei a jogar tênis aos 12 anos, no condomínio que eu morava, numa cidade ao lado de Belo Horizonte. Tinha uma quadrinha ali e, claro, como toda criança, fazia aula de futebol. Mas tinha um amigo que comprou duas raquetes num dado momento ali, e a gente pegou essas duas raquetes e começou a jogar. Desde então, nunca mais parei. Pegava as raquetes e ia para a quadra com as bolinhas. Depois, entramos nas aulas e, de lá para cá, joguei júnior... Ali com 18 anos, joguei alguns torneios profissionais. Entrei na faculdade, fiquei naquela dúvida de ou vou fazer faculdade nos Estados Unidos ou no Brasil... Acabou que eu passei no vestibular da PUC, comecei a trabalhar com tênis, dando aula e fazendo faculdade à noite. Comecei a gostar muito de estar do outro lado da rede, como professor. Eu me graduei e continuei dando bastante aula em Belo Horizonte. Em dado momento, vim para o Rio de Janeiro, contratado pela Tennis Route. Depois, vim para o Country Club e foi quando eu encontrei o João.

Quanto tempo de experiência você tinha quando veio para a Tennis Route?

Sou ruim de data, mas tem dez anos que estou aqui no Rio. Vim para cá com 27. Já estava trabalhando logo depois dos meus 18 anos, então estava ali com quase dez anos de experiência.

Você lembra quando foi que você teve esse "estalo" de que seria melhor ser técnico do que tenista?

Continua após a publicidade

Quando eu jogava, eu conseguia atingir algumas coisinhas ali dentro do estado. Fui número 1 do estado, no Brasil meu melhor ranking foi top 10, não joguei muito internacionalmente. Basicamente joguei só os torneios internacionais que eram dentro do Brasil. Mas eu confesso que nunca me vi como um grande jogador. Em um dado momento, eu parei ali com meus 18 e pensei "se eu quiser investir nessa carreira, eu vou ter que ser dependente dos meus pais por muito tempo. Eu não queria viver desse jeito. Foi a virada de chave para mim. Eu achei que como eu gostava muito daquilo e tinha vivido coisas legais ali, entendendo este meio, e que eu queria ficar por ali, comecei a dar umas aulas meio de forma "vamos entender isso" e gostei demais.

Quem te trouxe para a Tennis Route?

O primeiro contato foi porque o meu preparador físico de quando eu jogava veio. Depois, um grande amigo meu, o Arthur Rabello, que é treinador também... Eu comecei a jogar tênis com o pai dele. O pai dele foi para esse condomínio onde eu morava dar as aulas. Aí já tinha uma turminha de Minas. Aí eu mandei meu cunhado para a Tennis Route. Ele estava estagiando comigo, já fazendo Educação Física. Eu falei "vai para lá que é melhor do que você ficar aqui comigo". E aí eu acabei sendo o quarto ou quinto de Minas a ir para lá, mas quem fez contato comigo foi o Duda [Matos, atual técnico de Thiago Wild].

Você ficou quanto tempo até ir para o Country e encontrar o João?

Três anos.

Continua após a publicidade

Como aconteceu de você ir para o Country?

Eu fui contratado pelo Bruno Bonjean, que tinha assumido a diretoria de tênis e tinha a ideia de reformular o tênis do clube. Não sei se você sabe, mas o Country [Rio de Janeiro Country Club] tem um semifinalista de US Open, que foi o Ronald Barnes, e a ideia era refazer o tênis ali. Passou pela equipe de competição. A gente reformulou toda parte dos treinamentos amadores e sociais ali, a gente fez vários torneios Challengers e Futures, torneios amadores e interclubes também, e chegou na equipe de competição. Começou a dar muito certo, e foi onde a gente criou a Yes Tennis [atual academia de Teixeira].

E foi quando você encontrou o João...

Ele tinha... Eu lembro exatamente em qual quadra e em que momento. Ele já tinha destaque, ele já tinha sido campeão da Copa Gerdau ou do Banana Bowl abaixo de dez anos. Eu já sabia que era um menino diferente. Realmente, batendo na bola já era muito especial. Mas eu realmente percebi quem era o João na primeira vez que a gente viajou para jogar a Copa Guga de 12 anos. Ele perdeu a final para o Pedro Rodrigues.

O que você viu ali? E o que imaginava para o futuro na época?

Eu lembro que na época, obviamente, os golpes chamavam muita atenção. Mas a gente sabe que para alguém ser um grande jogador, é necessário uma somatória de coisas. Eu fiquei muito impressionado positivamente quando eu vi ele competir. De novo: ele perdeu esse jogo. Uma final muito bem jogada, mas muito mais pela maneira como ele conduzia as coisas, no sentido de ser sempre muito convicto. Ele tinha as ideias, ele conseguia executar, independentemente do que estivesse passando no momento da pressão. Era uma final com torcida grande, era um menino que ele nunca tinha derrotado. Perdeu muito ainda antes e depois. Mas ele era muito convicto das coisas. Isso aí foi muito impressionante. Eu lembro que quando acabou esse torneio, eu falei com os pais: "Ele é muito diferente. A gente tem que começar a pensar em coisas diferentes para ele também." Foi ali que deu uma virada de chave que a gente meio que começou a profissionalizar mesmo o modelo de treinamento para ele.

Continua após a publicidade
Guilherme Teixeira, técnico de João Fonseca
Guilherme Teixeira, técnico de João Fonseca Imagem: Divulgação/Fotojump

Ele fala coisas muito legais da relação de vocês, que você é como um segundo pai, que vocês falam abertamente sobre assuntos extraquadra e tudo mais. As personalidades de vocês encaixaram imediatamente?

O João é um cara de fácil trato, super agradável. Isso aí facilitou demais. O tempo inteiro era uma relação muito de... Ele é um cara mais maduro para a idade também, então eu estava lidando ali com um menino de 11-12 anos, mas que já era um pouco mais evoluído nesse aspecto. E deu uma sinergia muito rápido. Ele sempre percebeu que na nossa relação não precisava de um estar acima do outro. A gente sempre conversou de tudo. A gente sempre usou uma palavra que é "negociações". Em um dado momento, o João ainda era um menino que gostava de tênis, mas não como gosta hoje. Ele não conseguia vislumbrar o que seria, então eu ficava sempre naquele papel de que ele tivesse a vida dele - ele gosta muito de estar com os amigos e a família - mas também dedicando ao tênis. Então a gente usava muito esse termo: negociação. Às vezes, ele me pedia para fazer uma viagem com os amigos. "Então vamos conversar. Vamos treinar mais aqui, e aí você vai para essa viagem tranquilo." Isso gerou uma confiança mútua. Ele nunca - acho! (risos) - fez nada escondido e também nunca teve medo de me pedir as coisas. Então essa relação de confiança começou ali. De novo: ele é um cara super fácil de lidar, super agradável, super educado, respeitoso.

Agora deixa eu falar um pouco mais de você. O João está muito conhecido, e você muita gente não sabe quem é. Você não tem rede social - ou se tem, tem alguma escondida...

Não, não tenho (risos de ambos).

Você dá poucas entrevistas... Na beira da quadra, a gente não vê grandes gestos de levantar, bater palma, comemorar. Você é um cara razoavelmente discreto ali. Isso é da sua personalidade ou você faz alguma força extra para aparecer menos?

Continua após a publicidade

Na verdade, eu gosto de fazer as coisas, mas não gosto de estar na linha de frente. Prefiro fazer meu trabalho de forma mais reservada. Mas mais do que isso, é entender o papel do treinador de tênis. A gente tem que entender quem é o protagonista daquilo ali. É mais uma coisa de que ele tem que sentir a confiança de que eu estou com ele, mas ele faz as coisas. Ele tem que ser independente, mas eu estou ali para ajudar. Então eu acho que essa maneira que você vê é o que eu tento fazer no sentido de nunca tentar aparecer mais do que ele, e mostrar para ele que ele é a estrela, e a gente está aqui para ajudar ele a brilhar. Não mais do que isso. Eu realmente não tenho redes sociais... Começou muito antes do João aparecer. Era uma coisa que eu estava tentando utilizar melhor o tempo da minha vida. Depois que eu fiquei sem, não quero isso mais. Não sei se vou voltar um dia, mas estou super bem sem (risos).

É saudável!

Exato.

A gente te vê muito na quadra de óculos escuros. Isso é opção de estilo, é por causa do sol ou para aparecer menos?

Realmente, é porque eu tenho uma dificuldade com claridade muito forte. Às vezes, se eu ficar muito tempo assim [sem óculos], eu fico com dor de cabeça, mas é mesmo uma questão de o meu olho não adaptar muito bem à claridade.

Que tipo de coisa você fala durante uma partida?

Continua após a publicidade

Então... Essa é uma pergunta legal.

Ainda não aconteceu de eu ver na TV um jogo com microfone ligado ali perto de você...

Basicamente, o plano do jogo é muito bem feito. Hoje, a gente tem essa vantagem de se precisar adaptar a rota, a gente consegue falar [recentemente, o circuito mundial passou a permitir a comunicação entre tenistas e seus treinadores entre os pontos], mas meu principal papel nas falas ali é orientá-lo ou encorajá-lo a fazer as coisas que já estão pré-programadas. Em cada torneio, eu tenho um papel ali fora. Tem momentos em que simplesmente é "pisa no acelerador que tá tudo bem". Outras vezes, é mais encorajá-lo. Outras vezes, é alertar para algumas coisas que estão acontecendo. Mas posso te dizer que eu faço alguns sinais às vezes - que em alguns torneios aparece mais do que em outros - é mais de acordo com o momento em que a gente está. Por exemplo: em Buenos Aires, a gente usou muito um código - vamos dizer assim - que era mais para ele buscar as forças interiores que a gente vêm falando. Eu acho que o que eu falo ali dentro do jogo é mais um lembrete das coisas que foram trabalhadas. É basicamente isso. Cada momento é um parafuso que tenho que apertar mais do que outro.

Vocês costumam ter conversas do tipo "olha o Alcaraz e o Sinner, esses caras têm que melhorar isso aqui e aquilo ali, então você também tem [muito a evoluir]?" Ou não precisa?

Eu digo que elas acontecem quase que naturalmente quando a gente tem a oportunidade de dividir um momento de estar assistindo a um jogo desses. Claro que tem situações que são importantes de frisar. "Olha para onde o tênis está indo", muito mais do que às vezes falar do Alcaraz e tudo, mas entender. Eu tenho me apegado muito à questão das estatísticas. Tentar entender o que de fato a gente vê e o que de fato acontece. Óbvio que não fico mostrando tudo para ele para não gerar excesso de pensamento, mas essas coisas têm que ser muito bem colocadas para não gerar comparação, excesso de pressão, para não gerar expectativa, né? Ele falou muito bem nesses últimos dias [durante o Rio Open] sobre a questão de respeitar o tempo de cada um e a naturalidade do processo. Ele é um cara que, normalmente, vai rápido, mas em dados momentos ele vai... O carro vai derrapar um pouco. E a gente tem que estar ali, junto, para reparar e continuar indo na velocidade certa.

Continua após a publicidade

Você falou sobre estatísticas... Como é um pré-jogo seu? Que números você olha? Usa vídeos?

Isso mudou bastante quando ele começou a jogar torneio profissional, né? Porque hoje a gente usa uma plataforma que nos envia esses números do próprio João. Então acaba uma gira, eu consigo solicitar...

É a Golden Set Analytics?

A gente está usando a Golden Set. Então isso me diz o que eu preciso melhorar, onde a gente está indo num caminho legal e onde a gente está abaixo. Obviamente, na hora que a gente vai enfrentar esses jogadores que já têm muitos jogos no Hawk-Eye, nas quadras maiores, aí tem bastante informação. Saque, devolução, saque+1, de onde saem os melhores golpes, velocidades, rotações, enfim. Então o trabalho do treinador ficou muito maior. Óbvio que eu gosto muito de ver os vídeos. Se eu puder ver o jogo ao vivo - às vezes acontece. A gente já passou por uma rodada, e o outro jogo ainda vai acontecer. Eu gosto de estar ali porque você consegue ver principalmente os entrepontos. Reações mentais e emoções. E os vídeos ajudam muito junto com esses números. O pré-jogo é: eu sento, faço uma análise, descrevo como o jogador é e como a gente vai montar o plano. Então o cara é assim, a gente tem isso, e vamos usar essas e essas armas. A gente debate um pouco, às vezes eu mostro umas jogadinhas que a gente deve evitar e outras que a gente deve priorizar. Basicamente, é isso.

João Fonseca e seu técnico, Guilherme Teixeira, após a conquista do ATP Next Gen Finals de 2024
João Fonseca e seu técnico, Guilherme Teixeira, após a conquista do ATP Next Gen Finals de 2024 Imagem: Divulgação

Você tem um técnico preferido no circuito? Alguém que você olhe a diga "esse cara faz isso aqui bem" ou algo do gênero?

Continua após a publicidade

Impossível não falar do Larri Passos. Fiz vários cursos com ele no começo da minha carreira de treinador. Inspiração total. De uns tempos para cá, eu gostava do discurso do Toni Nadal. Pela simplicidade, pela clareza nos pensamentos, é um cara que eu - vamos dizer assim - consumi todos os conteúdos que saíram dele. Não tive a oportunidade de, infelizmente, no tempo que a gente passou na Rafa Nadal Academy, de conhecê-lo, mas espero em breve poder ter um bate-papo com ele.

Você tem uma relação boa com o Franco Davín também, não? Onde ele entra na sua história?

Quando o João jogou a gira Cosat de 14 anos [torneios juvenis da Confederação Sul-Americana de Tênis], o Marcelo Albamonte, que é sócio do Franco Davín numa plataforma de estatística... Eu fiquei muito próximo dele e a gente começou a conversar bastante sobre muita coisa. Ele se interessou muito pelo João, e ele, junto com o Franco, ofereceu uma consultoria para quatro jogadores da América do Sul. O João tinha sido selecionado, então era para minha relação com o Franco ter começado ali, só que estourou a pandemia, acabou que não aconteceu. Morreu. Eu fiquei muito próximo do Marcelo, eles lançaram o livro deles, o "Game Set Math"... Eu li e comecei a pesquisar muita coisa na questão de estatística até que, por coincidência, no US Open de 2023, que o João ganhou, a gente estava na fila do credenciamento, e eu vi o Franco. Falei "vou ter que falar com ele." Nisso a gente começou a conversar. A fila demorou muito, para a minha sorte (risos). Ele estava com o Rodrigo Pacheco [tenista mexicano que hoje tem 19 anos e é #231 do mundo]. Nisso, players lounge, encontra daqui, encontra dali, conversa um pouco... Tentamos treinar junto e não conseguimos. Acabou que nas quartas de final o João jogaria com o Cina [Federico Cina, tenista italiano]. Mandei uma mensagem. "E aí, tudo bem? Se você tiver umas dicas aí para me passar para o próximo jogo e tudo..." Nisso, a gente começou a conversar muito. Ele falou algumas coisas que ele achava, a gente jogou [Fonseca superou Cina por 6/4 no terceiro set], ele deu os parabéns e comentou algumas coisas. Nesse meio tempo, eu falei que conversava com o Marcelo, que era sócio dele. Aí acabou que a gente fechou uma parceria para o ano seguinte, 2024, que era usar a plataforma de dados deles e ter um canal aberto de conversa com eles. Basicamente, a gente debate muito a questão de planificação, de estratégia, de tática, dos momentos... Ele viveu esse momento com o Del Potro, que também foi muito precoce [Davín foi técnico de Gastón Gaudio na conquista de Roland Garros, em 2004, e de Juan Martín del Potro na conquista do US Open de 2009]. Ele dá várias dicas muito interessantes. Já passou por essa estrada, ou seja, encurta muito o meu trabalho. E é um cara muito legal. Ano passado, a gente conseguiu estar junto por uma semana em Miami, na academia dele, treinando. E a ideia para este ano é que a gente faça isso mais vezes na academia dele, como uma base nos Estados Unidos, que ele também participe de alguns treinos no Rio de Janeiro, e também algumas semanas em torneios. Ele não tem relação direta com o João. Ele não conversa com o João, exceto quando está na quadra, obviamente, mas ele é mais um consultor do estafe, de treinamento de tudo.

Ele não é um integrante da equipe do João, né? É um consultor seu, certo?

Exato, exato. Eu tenho uma consultoria minha. Em 2024, eu consumi tanto, e ele me ofereceu de graça tudo, que eu fiquei sem graça. Eu "incomodo" tanto que eu prefiro pagar e ter a certeza de que posso "incomodar" muito. Basicamente, é isso. É um cara que deu uma sinergia muito legal. A gente tem que respeitar, principalmente, a opinião do João. O João se sentiu super bem de eu estar tendo essa consultoria, e o momento que a gente esteve junto em Miami, ano passado, também foi super leve. Está sendo super produtivo, sim. E ele [Davín] vai estar com a gente em Miami, que é onde ele mora. A gente cogitou até de, se não fosse jogar Phoenix, passar uma semana treinando na academia dele, mas acaba que ele vai estar com a gente no torneio e deve estar no Rio na preparação para o saibro.

Então é algo que vai se repetir em outros momentos do ano? De ele estar no box com você e o João.

Continua após a publicidade

Sim, em algumas semanas do ano.

Tem alguma história curiosa de Gaudio ou Del Potro que ele tenha te contado que chamou atenção e que, claro, você possa compartilhar?

Não vou dizer "a" história, mas vou dizer que um pouco da minha experiência, que é muito curta dentro do circuito, dividindo quadra com esses caras, todos esses caras que eu vi só pela televisão... No último dia de Miami, a gente fez um churrasco, e a gente já estava mais íntimo e foi perguntando um tanto de coisa. E é muito legal ver a visão dele, de dentro, porque a gente sempre tem a sensação de que os caras que a gente vê na televisão - esses top 10 e top 20 da vida - que eles não têm as fraquezas, mas no final a gente vê que todo mundo sofre das mesmas coisas. Em momentos distintos, mas é tudo a mesma coisa. Ele fala muito isso: o mais importante é como conduzir isso tudo. Obviamente, você tem que trabalhar em todos os aspectos, mas entender em que momento trabalhar. Ele cita fraquezas de um, fortalezas de outro que você fala "caramba, nunca podia imaginar que o fulano de tal passasse por isso." Então são coisas que um pouco da minha experiência dividindo esses treinos que a gente tem feito... Foi muito legal de entender que a gente tem nossos problemas, e não há nada de anormal nisso. É só a gente ter paciência e entender como superar um a um.

Você falou que puxou assunto com ele na fila do credenciamento, e fiquei imaginando aqui... Você é o tipo de pessoa que vê um técnico que você admira e vai atrás, puxa papo?

Acho que eu não sou um cara que vai provocar. Ali [com Davín] eu tinha uma porta de entrada, uma coisa que iria acontecer e não aconteceu. Eu gosto de fazer de forma natural. Normalmente, isso acontece quando a gente divide quadra em treinos. Aí eu forço um pouco a barra para marcar uns treinos com uma turma que eu acho que vai puxar o João. E, em um dado momento, acaba que você se aproxima da pessoa. Você divide a quadra ali. Por exemplo: agora, em Indian Wells, a gente estava na quadra com o Jamie Delgado, o treinador do Grigor Dimitrov. Treinou o Murray e tudo. Ele ganhou um torneio na minha cidade, em Belo Horizonte. Eu tinha ali - vamos dizer assim - o jeito de entrar, e acabou que fluiu super bem. A gente está tentando marcar treino para Miami. Principalmente no meu momento da carreira, eu tenho que ser esponja mesmo. Absorver o máximo possível dessa turma. Essa é a razão pela qual o Franco está aqui. Para poder me ajudar, principalmente, nessas coisas que eu não vivi, mas estou disposto a aprender.

.

Continua após a publicidade

A segunda parte da entrevista, publicada no dia 18 de março, pode ser lida aqui.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

9 comentários

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.


Carlos Alberto de Lima Botelho Filho

Excelente entrevista, parabéns a você e ao Guilherme 

Denunciar

Eliezer Polezi

Parabéns ao repórter, ao Gui e ao João. Entrevista bem elaborada, mostrando aspectos do técnico que desconhecemos. Penso que o Gui está fazendo um excelente trabalho junto ao Fonseca.  Acompanho a um tempo a carreira do garoto.  São poucos os tenistas que conseguem ganhar 3 títulos nesse curto espaço do ano. Penso que logo teremos um top 10, num esporte individual, altamente competitivo com forças em países que possuem tradição e trabalho forte.

Denunciar

Flauber Borges Vasconcelos Gouveia

Parabéns. Excelente entrevista!

Denunciar