Bia Haddad precisa mudar algo com urgência
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Vamos direto ao assunto. Nunca pedi nem sugeri a cabeça de nenhum treinador e não será agora que iniciarei nesse popular passatempo tupiniquim. Não faço parte da equipe, não vejo o dia a dia de treinos e não tenho informações sobre a quantas anda a relação de Beatriz Haddad Maia e seu técnico, Rafael Paciaroni.
Tampouco tenho conhecimento suficiente de psicologia do esporte para abordar como é o trabalho que a número 1 do Brasil faz com sua psicóloga, Carla di Pierro, a mesma que acompanhou Thomaz Bellucci anos atrás e que também atua junto ao Comitê Olímpico Brasileiro. São credenciais pesadas. Logo, não serei eu a apontar algo nessa direção. O mesmo vale para o resto do time da ex-top 10.
Dito isto, algo está seriamente fora de lugar na temporada de Bia. Após a eliminação no WTA 1000 de Miami, que veio em uma doída derrota por 6/0 e 6/2 diante de Linda Fruhvirtova, 19 anos, #215 do mundo, a paulista de 28 anos acumula números péssimos. Desde a virada do ano, são apenas duas vitórias e oito derrotas. Nenhuma vitória em um WTA 1000. Nenhuma vitória sobre uma top 80. Seis reveses consecutivos.
Bia Haddad Maia é eliminada em Miami vencendo apenas dois games: 6/0 e 6/2 para Linda Fruhvirtova, 19 anos, #215 do mundo.
-- Alexandre Cossenza (@saqueevoleio) March 21, 2025
- Seis derrotas seguidas
- 0v e 4d em WTA 1000
- 2v e 8d na temporada
- 0 vitória sobre top 80
Preocupante já é eufemismo para definir o 2025 da paulista.
Se as estatísticas são ruins, as imagens são mais graves. Bia saiu de quadra às lágrimas mais uma vez. Sem vencer há dois meses e meio, parece uma menina que deixou de curtir o que faz. O rosto sob a toalha numa virada de lado. A fuga ao banheiro após um set que durou apenas 24 minutos. A raiva ao fazer um winner no último game de um jogo perdido contra a pouco expressiva Sonay Kartal, #83 do mundo em Indian Wells.
Bia ainda grita seus "vamos!", fecha o punho e tenta se motivar aqui e ali, como se tentasse dizer a si mesma que é possível ou que ela ainda acredita. Gestos que se perdem entre os muitos erros não forçados, ralis jogados quase sem propósito e um par de saques empurrados que deixam espectadores de queixo caído - e não no melhor dos sentidos. Seu tênis se esfacela ao longo das partidas, e nem sua tão conhecida resiliência consegue resgatá-la hoje em dia.
Burnout? Em março? Soa estranho, mas seria meu palpite. Caso de alguém que ainda precisa de férias. Que se exigiu até o fim do ano passado e não recuperou o bastante naquela apertada semaninha de férias no nordeste (que nunca é mesmo suficiente). Não seria nada ruim fazer essa pausa agora, mesmo no meio do calendário. Passar tempo com a família. Recuperar energia. Sair do ambiente frenético do circuito e desacelerar. Netflix and chill, dizem. Ou um bom livro sob a sombra de um coqueiro aleatório numa praia qualquer.
Bia parece não pensar assim. À ESPN, a brasileira disse, entre outras coisas que "é uma questão minha comigo, de condução de emoção"; que "não tenho nada para dar como desculpa, não é exterior isso"; que "poderia estar me escondendo, não estar no circuito, poderia não estar me enfrentando, me expondo"; que precisa de equilíbrio; que é momento de aprender, "sabendo que tênis é uma maratona, não um tiro de 100 metros"; e que iria tentar buscar soluções.
O que quer que seja, Bia precisa mudar algo urgente. Dói vê-la amargurada, chorando, às vezes até se defendendo nas entrevistas. Buscando soluções que não vêm. E, sobretudo, infeliz em quadra. Que essa mudança, seja qual for, venha logo.
Coisas que eu acho que acho:
- Bia adicionou ao seu time no começo do ano o técnico Maxime Tchoutakian, que trabalhou com Victoria Azarenka. O resultado é prova de que um treinador a mais não é, necessariamente, solução de nada. Ênfase em "necessariamente", por favor.
- Pressão demais? Não parece o caso. Bia entrou ontem numa Grandstand quase vazia, enquanto o grande contingente brasileiro em Miami estava quase todo no estádio principal para ver João Fonseca.
- Problema físico? Duvido. Primeiro porque sua equipe não seria irresponsável ao ponto de deixá-la jogar duplas se houvesse uma lesão. Segundo porque ao lado de Laura Siegemund, divindindo as responsabilidades, Bia vem mostrando um tênis muito mais competitivo do que nas simples.
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5 comentários
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Paulo Augusto Torres do Nascimento
Muito triste e preocupante o que vem acontecendo com a nossa melhor tenista em décadas, vale lembrar; desde a década de 60, com a sensacional Maria Esther Bueno. Mas ainda espero que a Bia consiga dar a volta por cima e se recuperar. Resiliente, ela já demonstrou cabalmente que é...
Firmino Mariano de Souza J Nior
Nunca indiquem a psicóloga da Bia e do Bellutti
Sidnei Roberto Jorge
Mesma psicóloga que o Bellutti ??? Explicado.