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OpiniãoEsporte

Bia Haddad precisa mudar algo com urgência

Vamos direto ao assunto. Nunca pedi nem sugeri a cabeça de nenhum treinador e não será agora que iniciarei nesse popular passatempo tupiniquim. Não faço parte da equipe, não vejo o dia a dia de treinos e não tenho informações sobre a quantas anda a relação de Beatriz Haddad Maia e seu técnico, Rafael Paciaroni.

Tampouco tenho conhecimento suficiente de psicologia do esporte para abordar como é o trabalho que a número 1 do Brasil faz com sua psicóloga, Carla di Pierro, a mesma que acompanhou Thomaz Bellucci anos atrás e que também atua junto ao Comitê Olímpico Brasileiro. São credenciais pesadas. Logo, não serei eu a apontar algo nessa direção. O mesmo vale para o resto do time da ex-top 10.

Dito isto, algo está seriamente fora de lugar na temporada de Bia. Após a eliminação no WTA 1000 de Miami, que veio em uma doída derrota por 6/0 e 6/2 diante de Linda Fruhvirtova, 19 anos, #215 do mundo, a paulista de 28 anos acumula números péssimos. Desde a virada do ano, são apenas duas vitórias e oito derrotas. Nenhuma vitória em um WTA 1000. Nenhuma vitória sobre uma top 80. Seis reveses consecutivos.

Se as estatísticas são ruins, as imagens são mais graves. Bia saiu de quadra às lágrimas mais uma vez. Sem vencer há dois meses e meio, parece uma menina que deixou de curtir o que faz. O rosto sob a toalha numa virada de lado. A fuga ao banheiro após um set que durou apenas 24 minutos. A raiva ao fazer um winner no último game de um jogo perdido contra a pouco expressiva Sonay Kartal, #83 do mundo em Indian Wells.

Bia ainda grita seus "vamos!", fecha o punho e tenta se motivar aqui e ali, como se tentasse dizer a si mesma que é possível ou que ela ainda acredita. Gestos que se perdem entre os muitos erros não forçados, ralis jogados quase sem propósito e um par de saques empurrados que deixam espectadores de queixo caído - e não no melhor dos sentidos. Seu tênis se esfacela ao longo das partidas, e nem sua tão conhecida resiliência consegue resgatá-la hoje em dia.

Burnout? Em março? Soa estranho, mas seria meu palpite. Caso de alguém que ainda precisa de férias. Que se exigiu até o fim do ano passado e não recuperou o bastante naquela apertada semaninha de férias no nordeste (que nunca é mesmo suficiente). Não seria nada ruim fazer essa pausa agora, mesmo no meio do calendário. Passar tempo com a família. Recuperar energia. Sair do ambiente frenético do circuito e desacelerar. Netflix and chill, dizem. Ou um bom livro sob a sombra de um coqueiro aleatório numa praia qualquer.

Bia parece não pensar assim. À ESPN, a brasileira disse, entre outras coisas que "é uma questão minha comigo, de condução de emoção"; que "não tenho nada para dar como desculpa, não é exterior isso"; que "poderia estar me escondendo, não estar no circuito, poderia não estar me enfrentando, me expondo"; que precisa de equilíbrio; que é momento de aprender, "sabendo que tênis é uma maratona, não um tiro de 100 metros"; e que iria tentar buscar soluções.

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O que quer que seja, Bia precisa mudar algo urgente. Dói vê-la amargurada, chorando, às vezes até se defendendo nas entrevistas. Buscando soluções que não vêm. E, sobretudo, infeliz em quadra. Que essa mudança, seja qual for, venha logo.

Coisas que eu acho que acho:

- Bia adicionou ao seu time no começo do ano o técnico Maxime Tchoutakian, que trabalhou com Victoria Azarenka. O resultado é prova de que um treinador a mais não é, necessariamente, solução de nada. Ênfase em "necessariamente", por favor.

- Pressão demais? Não parece o caso. Bia entrou ontem numa Grandstand quase vazia, enquanto o grande contingente brasileiro em Miami estava quase todo no estádio principal para ver João Fonseca.

- Problema físico? Duvido. Primeiro porque sua equipe não seria irresponsável ao ponto de deixá-la jogar duplas se houvesse uma lesão. Segundo porque ao lado de Laura Siegemund, divindindo as responsabilidades, Bia vem mostrando um tênis muito mais competitivo do que nas simples.

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Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

5 comentários

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Paulo Augusto Torres do Nascimento

Muito triste e preocupante o que vem acontecendo com a nossa melhor tenista em décadas, vale lembrar; desde a década de 60, com a sensacional Maria Esther Bueno.  Mas ainda espero que a Bia consiga dar a volta por cima e se recuperar. Resiliente, ela já demonstrou cabalmente que é...

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Firmino Mariano de Souza J Nior

Nunca indiquem a psicóloga da Bia e do Bellutti

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Sidnei Roberto Jorge

Mesma psicóloga que o Bellutti ??? Explicado.

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