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Saques de Mensik, Sabalenka brasuca e o que aprendemos com o Miami Open

Jakub Mensik mostrou que a "Geração Fonseca" não vive só de Fonseca, algo que Learner Tien também já indicou. Tem uma turma boa subindo o ranking nessa faixa etária. O que Mensik fez ao longo da semana, ganhando seis tiebreaks em seus jogos contra Draper, Fritz e Djokovic, não é pouco, não. Chegar a dois tie-breaks contra Nole em uma final já teria sido enorme. Vencer ambos é raro. Muito raro.

Nunca convém descartar Novak Djokovic. Mesmo em seu pior começo de temporada em uma década. A campanha em Miami significa que Nole está de volta ao seu melhor e vai brigar por títulos em todos torneios que disputar a partida de agora? Talvez não. A amostra ainda é pequena, sobretudo diante de como a chave se abriu na Flórida. E Nole voltou a sofrer com o clima úmido. Os sinais, porém, são animadores. A evolução em relação aos primeiros meses do ano ficou evidente.

Dá para dizer, sim, que o jovem Mensik é (ou, pelo menos, vinha sendo) um tanto subestimado, especialmente quando colocado ao lado de Fonseca. E tudo bem. Sem drama demais aqui. O brasileiro impressionou tanto desde o Next Gen Finals, vencendo dois Challengers e um ATP 250, que concentrou em si os holofotes desta nova geração. Além disso, Mensik não tem um tênis tão cativante quanto o de Fonseca ou o carisma do brasileiro. Logo, será normal se João seguir como o mais badalado de sua faixa etária, mesmo que não seja (no momento) o mais bem ranqueado entre eles.

Vale registrar: Mensik já tem vitórias sobre Rublev (2x), Dimitrov (2x), Casper Ruud, Jack Draper, Taylor Fritz e, agora, Novak Djokovic. São oito vitórias em 13 partidas contra top 10. Mais um número impressionante do rapaz.

O que impressiona mais sobre Mensik hoje: entre a elite, o tcheco está entre os tenistas que menos vencem pontos com o segundo serviço. Só que, seu primeiro saque faz tanto estrago que compensa o ponto fraco. Em algumas partidas, Mensik fez aces em mais de 26% dos pontos. É um número que praticamente não existe hoje no circuito. Vale ler este texto no Tennis Abstract para ter uma ideia melhor do poder do primeiro serviço do tcheco.

Especificamente sobre Fonseca: o rapaz segue jogando em um nível altíssimo, bastante acima do seu ranking. Todos que o derrotaram recentemente o fizeram com atuações brilhantes, de Sonego em Melbourne a De Minaur em Miami. Isso diz bastante sobre a consistência que o brasileiro vem mostrando.

Fazer a dobradinha Indian Wells-Miami é muito mais difícil do que alguns grandes nomes já fizeram parecer (como Iga em 2022). Draper e, especialmente, Andreeva, que vinham muito bem, fizeram pouco na Flórida. Embora sejam torneios consecutivos com dias de folga entre as partidas, o nível de exigência mental é alto. É preciso muito para levantar os dois troféus no mesmo ano.

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Como escrevi no post anterior, Jannik Sinner se deu muito bem no período graças à falta de resultados mais expressivos de Alexander Zverev e Carlos Alcaraz, atuais números 2 e 3 do mundo. Enquanto o italiano cumpre seu "acordo" de doping, mantém a cabeça descansada e pode se preparar bem melhor para a temporada europeia de saibro, quando fará seu retorno.

Iga Swiatek vem encontrando mais e mais problemas para vencer no circuito. Não só porque o vestiário feminino já mapeou uma maneira de derrotá-la (pressão no segundo saque, além de bolas agressivas e mais retas contra o forehand da polonesa) mas porque a própria Iga parece mais e mais sem paciência em quadra. A sensação que passa para quem vê seus jogos é de uma atleta que se vê pressionada a alcançar os mesmos resultados de quando dominou o circuito, alguns anos atrás.

O francês Maxime Tchoutakian, ex-Vika e anunciado no começo da temporada como adição ao time de Beatriz Haddad Maia, não está mais com a brasileira. A tenista não se manifestou. A notícia do desligamento do treinador foi dada por ele mesmo em um story no Instagram. Prova de que nem sempre um técnico a mais - seja brasileiro ou estrangeiro - é sinônimo de evolução. Talvez Tchoutakian não fosse o nome ideal para o cargo. Talvez o time de Bia precise de alguém de mais peso. Talvez não. Repito o que sempre digo nesses casos: de fora, sem acompanhar o dia a dia de uma equipe, é muito difícil apontar onde há um problema (a não ser que uma das partes envolvidas se manifeste).

Aryna Sabalenka, evidentemente, sai em alta por causa do título. A bielorrussa, contudo, ganhou ainda mais em Miami por manter a lua de mel com o público brasileiro. Namorada de um brasileiro, a número 1 do mundo foi adotada pela torcida verde-e-amarela e correspondeu. Dirigiu-se aos brasileiros nos discursos, falou palavras em português e só ganhou com isso.

Mirra Andreeva, que vinha de títulos seguidos em Dubai e Indian Wells (superou Iga e Rybakina em ambos e Sabalenka no segundo) não conseguiu manter sua série em Miami. Caiu diante de Anisimova em seu segundo jogo no torneio. Ainda assim, ficou até o último dia e conquistou o título de duplas ao lado da compatriota Diana Shnaider - outra jovem russa em ascensão que parece prestes a entrar no top 10.

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O Nadalismo está vivo e forte com Alexandra Eala, a filipina de 19 anos que bateu, em sequência, Ostapenko, Keys, Badosa e Swiatek em Miami. Parou apenas nas semifinais, superada por Jessica Pegula. Eala, que foi número 2 do mundo como juvenil e campeã do US Open juvenil de 2022, subiu do 140º para o 75º posto do ranking. A adolescente é uma das mais famosas criar da Rafa Nadal Academy (e aparece com destaque no documentário produzido sobre o centro de treinamento alguns anos atrás).

Não tem a ver com Miami, mas aconteceu durante a última semana, então vale o registro aqui: a russa Daria Kasatkina, que jogou os últimos dois anos sem bandeira no circuito mundial, obteve nacionalidade australiana e já defende o novo país na WTA. Muito de sua decisão tem a ver com sua sexualidade e a postura contra posição russa na Ucrânia.

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