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REPORTAGEM

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Tatiana Weston-Webb, brasileiríssima

Tatiana Weston-Webb - Cait Miers/WSL
Tatiana Weston-Webb Imagem: Cait Miers/WSL

Colunista do UOL

13/05/2021 12h12

Resumo da notícia

  • Brasileira celebra aniversário, título e novo patrocinador na mesma semana
  • Vitória em Margaret River coloca Tati Weston-Webb em 2º no ranking e mais perto das finais do mundial
  • Única brasileira na elite foca no mundial e na Olimpíada de Tóquio
  • União e parceria ajudam a aumentar o domínio do time brasileiro nas etapas da WSL
  • Próxima etapa acontece a partir de sábado, em Rottnest island, na Austrália

Aniversário, título e novo patrocinador.

A última semana não podia ter sido melhor para Tatiana Weston-Webb.

Os 25 anos foram celebrados longe da família, mas perto de muitos amigos e companheiros do surfe.

O melhor presente ganhou dela mesma, conquistado com categoria e raça dentro d'água.

A vitória na 4ª etapa do mundial deixou a única brasileira da elite na vice-líder da classificação geral.

E teve mais,

Tati é a nova patrocinada da Corona, marca que também patrocina as provas da World Surf League.

Com o acordo, ela passa a fazer parte de um grupo seleto de craques que têm colocado o Brasil no topo do esporte das ondas dos últimos anos. Ao lado de Gabriel Medina, Chloé Calmon, Filipe Toledo e Phil Rajzman,

A responsabilidade aumenta, em um ano cansativo, cheio de realizações e desafios. Tudo junto e misturado.

O momento não podia ser melhor, só que há muito tempo para comemorações. A maratona continua a partir de sábado, com a disputa de outro evento, em Rottnest Island, ainda na Austrália. Se terminar a temporada entre as 5 melhores do ranking, Tati garante vaga para disputar o título, em setembro na Califórnia.

Antes, tem a Olimpíada de Tóquio, no final de julho, onde o surfe vai estrear como esporte olímpico. Com as cores verde e amarela na lycra de competição, ela será uma das representantes do país, e não vê a hora do momento histórico chegar.

Mas calma. Melhor pensar em uma coisa de cada vez.

"É bem difícil pensar no futuro. Eu sempre vivo o momento, assim funciona melhor. Agora estou pensando em Rottnest, quando chegar a hora da Olimpíada, eu vou pensar na Olimpíada. Mas claro que já estamos fazendo toda a preparação para estar em alto nível quando chegar lá".

Tatiana Weston-Webb e Johanne Defay (FRA) em Margaret River, Austrália - Divulgação/Corona - Divulgação/Corona
Tatiana Weston-Webb
Imagem: Divulgação/Corona

Filha de um inglês e de uma brasileira, Tatiana Weston-Webb nasceu no Rio Grande do Sul, mas cresceu no Havaí.

As excelentes ondas da ilha foram fundamentais na formação do talento.

E não demorou para a classe e a força nas manobras a levarem para o circuito mundial.

Começou defendendo os Estados Unidos. E pra quem pensa que foi difícil tomar a decisão de trocar a bandeira americana pela brasileira, ela explica sem titubear.

"Quando a gente se classifica para o CT não temos uma escolha, não perguntam que país queremos representar. Eu competia pelo Havaí e depois, por causa da Olimpíada, mudou pra os Estados Unidos. Eu também poderia optar pela Inglaterra, porque meu pai é de lá. Pra mim nem foi uma escolha, eu sempre me senti mais brasileira. Cresci no Havaí, mas lá é bem diferente dos EUA, e com certeza o Havaí me criou para ser essa surfista que sou hoje. Mas quando veio a escolha, foi muito fácil pra mim ser o Brasil. Eu amo esse país, está dentro do meu coração. Minha família está aí e sabia que teria esse apoio".

Tati vestiu a camisa nacional e foi muito bem recebida.

Logo virou mais uma referência da chamada "Brazilian Storm".

Depois de um 2020 de muito treino e nada de competições, veio 2021... e os resultados apareceram.

Terceira colocada na etapa do Havaí. 9º em Newcastle.

Tava na hora de subir.

Em Narrabeen, vice-campeonato.

E na sequencia, em Margaret River, enfim, o lugar mais alto do pódio.

Uma conquista pessoal. Uma celebração coletiva de todo o time presente.

Mais uma razão para unir a galera, e transbordar de novo a onda de alegria dos campeões.

Dos atuais donos do tour.

"Eles estão sempre me assistindo e me apoiando nos campeonatos, fazendo bastante barulho, o que pra mim já faz uma grande diferença. Tá todo mundo bem unido e isso é legal de ver. Estou super grata de fazer parte deste time incrível e ter todos por perto aqui. Todo mundo sabe que o "time-Brasil" é sempre o mais unido na rua. Eu estava falando com os australianos e eles disseram 'nossa, antes era a gente fazendo isso e agora são os brasileiros, eles estão mostrando pra gente como é para ter o apoio e fazer a diferença em um evento'. Essa é a diferença que cada vez mais levanta a gente. E agora é só o Brasil dominando. E com a pandemia isso aumentou, a gente ficou com saudade dos eventos , da competição e de ficar com a nossa família na rua".

Tati rasgando forte na decisão da etapa de Margaret River - Cait Miers/WSL - Cait Miers/WSL
Tatiana Weston-Webb
Imagem: Cait Miers/WSL

Para a comemoração ser completa, só faltou o marido.

Também surfista profissional, Jesse Mendes não pôde viajar.

A torcida ficou à distância.

E quando perguntei se o parceiro que também já integrou a elite opina no desempenho dela, Tati disse que eles tem alguns "combinados".

"O Jesse é muito especial e tem sempre muita paciência comigo. Claro que a gente surfa junto quase todo dia em casa, sempre apoiando um ao outro, pra ficar positivo. Mas quando vem para os campeonatos, a gente separa muito isso no nosso relacionamento. É bem fácil falar quando se está fora da água assistindo o outro competindo, muito mais fácil falar do que competir. Então é bem melhor ficar separando isso, porque assim funciona bem melhor o nosso relacionamento. A gente criou umas regras assim e funciona. Mesmo assim, quando eu fico bem curiosa, pergunto o que ele achou realmente. Ele nunca mente pra mim, sempre fala a verdade e isso é muito especial, mas às vezes é bem difícil pra escutar. Então a gente tenta separar isso".

No momento, Tati Weston-Webb é a única brasileira na principal divisão. Espelho para diversas meninas e mulheres.

"Isso é realmente incrível. Meu sonho é poder inspirar as meninas do Brasil. Principalmente porque por lá não tem tantos campeonatos como nos Estados Unidos. Motivar as meninas só para irem surfar já me dá uma coisa boa no coração, fico muito feliz sabendo disso. E dá pra ver que as meninas estão evoluindo bastante. Começou com a Silvana (Silvana Lima, a outra representante do Brasil nos Jogos Olímpicos), que mostrou que era possível a chegar neste nível top surfando pelo Brasil. Vou fazer o máximo para inspirá-las também".