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Exclusivo - Gabriel Medina: Amo ser desafiado... e não quero mais polêmicas
Foi uma temporada perfeita. Com um desfecho inesquecível.
E a realização do sonho concretizada aos 27 anos, ainda com muita onda pela frente.
Gabriel Medina conquistou mais um título e entrou para o seleto grupo dos tricampeões mundiais.
Ainda absorvendo o feito, ele falou com exclusividade com o @surf360_.
Disse que depois das férias, vai em busca de novos desafios. E que não é fácil conviver com assuntos polêmicos.
O seu sonho era ser tricampeão, chegando ao patamar em que estão Mick Fanning, Tom Curren e Andy Irons. Mas você é o primeiro goofy (quem surfa com o pé direito na frente) a alcançar esse feito. E agora? Vai seguir disputando o Circuito Mundial? A ideia é aumentar essa marca? Ou tem outro plano, que não seja competir na WSL?
Na verdade eu queria deixar a poeira baixar um pouco. E viver um pouco, pelo menos esses próximos dias. Eu amo competir, eu amo surfar... mas (quero) parar pra pensar e traçar meus próximos objetivos. Estou com 27 anos, sonho realizado, concluído. Mas eu amo desafio, ser desafiado. Eu quero inventar alguma coisa aí, só não tenho certeza o que vai ser.
A manobra mais falada do campeonato foi o seu backflip, quase nunca usada. É uma manobra treinada ou uma coisa do momento?
É do momento, até porque não é em todo mar que dá pra executar. Foi um dia muito bom, porque o vento passou do fundo pra esquerda, o que teoricamente ajuda a prancha ficar mais junto com você. E as esquerdas estavam dando essa oportunidade, foi até atípico, porque em Trestles, normalmente, a onda melhor é a direita. Dois treinos antes da final, eu acertei de primeira... arrisquei e acertei, até postaram. Aí falei: 'Ela tá no pé, espero poder fazer na final'. Era algo que tinha na cabeça, até porque a Yasmin (mulher do Gabriel) ficava pedindo: 'Eu quero 10 e o backflip', a semana toda. Aí fiquei com isso na cabeça e quando tive a oportunidade ali, que eu vi a rampa, falei: 'É essa onda!". E era a oportunidade de me distanciar, né, porque, até então, a bateria tava bem próxima. Eu tava confiante e só fui.
E por que não deram o 10?
É... realmente. Uma manobra que ninguém dá, é difícil falar de julgamento, acho que é uma boa pergunta para um juiz. Uma desculpa boa pode ter sido o tamanho da onda, não foi uma onda da série. Mas foi uma manobra que ninguém faz em competição, então, poderia.
Você acha que a WSL está perdendo um pouco de força? Esse ano, vários atletas de ponta (Julian Wilson, Jeremy Flores e Mikey Wright) deixaram o circuito. O que você tem pensado sobre essa "debandada"? Pode ser uma tendência?
Acho que não. Eles devem ter tido as suas razões. Sou muito próximo do Julian e do Jeremy e conversei sobre. São caras que agora têm família... e o mundo tá muito louco. É uma missão... hoje, tem todo o protocolo pra ser seguido por causa da covid. Então, eles chegaram em um ponto que tiveram que decidir. Ou continuo vivendo isso longe da minha família... ou família antes e surfe depois. Acho que quando você se torna pai, as prioridades mudam e isso eu vi muito de perto, eles falando com orgulho de ser pai. São escolhas que fazem sentido pra eles. A WSL tá fazendo formato diferente, tá tentando dar uma renovada no circuito, sempre fazendo esses testes. E a gente vai vendo conforme os resultados, do público... enfim... eles têm todos os números que precisam. Eu vou vivendo como atleta ali. A minha cabeça, independente do que decidirem em questão de regra ou formato, vou fazer o meu melhor, porque amo surfar e competir. Eu sei qual é meu foco, é vencer sempre. Independente do que criarem, se favorece um ou favorece outro, quero pensar positivo e em vencer. Às vezes é difícil, mas tem que superar tudo isso.
Você é um formador de opinião, famoso e com muitos seguidores. E foi muito criticado por algumas atitudes e posicionamentos recentemente. Você acha que sua imagem ficou arranhada? Isso te preocupou? Te preocupa ter que se posicionar em determinados assuntos que não são relacionados diretamente ao surfe?
Na verdade, é muito difícil se posicionar. É... na verdade... eu queria deixar essas pessoas viverem na minha pele um tempo pra ver. Porque é de tudo que é lado. No mundo de competição, fora da competição, problemas pessoais que as pessoas se envolvem. Então é uma mistura, todo mundo quer se envolver, não têm muita informação, mas querem resolver. E fica essa má informação no caminho. E claro que acaba afetando, porque é o meu nome, meus problemas, minhas coisas. E ao mesmo tempo, eu estou no circuito mundial, me preparando pra decidir minha vida ali, naquele momento, e é muito difícil separar essas coisas. É o preço que a gente paga, tem que tirar o melhor disso, aprender, escutar, errar todo mundo erra... é nos erros que a gente melhora, e eu estou disposto a melhorar. Eu não quero estar em polêmica, quero passar mensagem positiva pra galera se inspirar... Servir de exemplo, e um dia as pessoas focarem em um sonho e chegarem lá como eu cheguei. Prometo fazer o meu melhor na questão da pessoa pública e servir de exemplo pra essa galera.
Achar o ponto certo na hora de se pronunciar, de se colocar e se resguardar, é a parte mais difícil?
Difícil se posicionar em qualquer situação, porque cada um tem uma opinião e um jeito de viver, e ao mesmo tempo querem que você faça o que elas acreditam e o que todo mundo tá fazendo. Particularmente, prefiro ficar em silêncio, fazer o que eu amo, sem julgamentos. Só quero ficar na minha e o que eu puder ajudar, eu vou ajudar.
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