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Medina tri, Italo de ouro e a força da nova geração; hora da retrô de 2021
"Nada como um ano após o outro". Para a galera das ondas, o ditado valeu. Depois de um 2020 de muito treino e pouca competição (apesar de algumas disputas virtuais), 2021 voltou com tudo... bem, quase tudo.
Mas houve estreia olímpica... com direito a ouro, tricampeonato mundial, destaques surgindo, nomes se afirmando ainda mais. Ou seja, como se diz... rolou... e foi bem bacana. Então, vai aqui a retrospectiva do que vi como o melhor e o pior da temporada.
ESTREIA EM JOGOS OLÍMPICOS... E OURO PARA ITALO FERREIRA
Demorou, demorou... mas o sonho de ver o surfe em uma Olimpíada enfim, se realizou.
O Japão recebeu atletas de todos os continentes, numa verdadeira festa internacional das pranchinhas. E a praia de Tsurigazaki foi o palco da estreia. Boas ondas? Nem tanto? Mas e daí?
Para o Brasil, a tão cantada medalha veio sim, claro.
Não foi aquela esperada dobradinha... e muita gente reclamou do julgamento. Os juízes valorizaram a performance do japonês Kanoa Igarashi... e Gabriel Medina não foi à final.
Na decisão, Italo Ferreira sobrou, mesmo depois de quebrar a prancha no começo da bateria. Atropelou geral e colocou o ouro no peito.
Medina perdeu a disputa do 3º lugar para o australiano Owen Wright e ficou fora do pódio.
No feminino, Tatiana Weston-Webb e Silvana Lima ficaram cedo pelo caminho. A vitória ficou com a havaiana Carissa Moore.
Competição histórica! Inesquecível!
O DONO DO MUNDO: GABRIEL MEDINA TRICAMPEÃO
Sem medalha no Japão, mas o dono do mundo.
O assunto World Surf League teve nome e sobrenome.
O tour teve 7 etapas no ano.
Gabriel venceu duas (Narrabeen e Rottnest Island, na Austrália) e foi vice em outras 3 (Pipeline-HAV, Newcastle-AUS e piscina do Surf Ranch-EUA).
E quando chegou a etapa especial de Trestles, era o favorito e deu show.
Mandou todas as manobras que podia. Rolou até backflip na última bateria da temporada.
Com o título na Califórnia, Medina se tornou o primeiro goofy (quem surfa com o pé direito na frente da prancha) tricampeão mundial.
DOMÍNIO ABSOLUTO: BRASIL NAS 3 PRIMEIRAS POSIÇÕES
A performance de Gabriel Medina foi especial. E ele teve apenas dois rivais à altura durante o ano... brasileiros, lógico.
Italo Ferreira foi o 'brabo' de sempre... venceu um evento e chegou a usar a lycra amarela de líder durante a temporada.
Mas o principal adversário desta vez foi Filipe Toledo.
Filipinho fez de tudo para se tornar o 4º brasileiro campeão mundial.
Foi campeão nas direitas de Margaret River, na Austrália... na etapa mais casca-grossa do ano.
Repetiu a dose nas perfeitas ondas artificiais da famosa piscina de Kelly Slater. Primeiro título dele em Lemoore. Primeira vez que Medina não subiu no lugar mais alto do pódio por lá.
Chegou no WSL Finals com tudo. Despachou na sequencia Conner Coffin e Italo Ferreira.
Terminou em 2º, mostrando que é não um dos melhores do mundo por acaso.
E 2021 fechou com um resultado inédito: com o Brasil nas 3 primeiras posições da divisão principal.
Teve também os 4 garantidos na elite via ranking do CT: Yago Dora, Miguel Pupo, Deivid Silva e Jadson André. Além dos dois novatos que se garantiram pelo Challenger Series: João Chumbinho e Samuel Pupo.
O país do surfe, não é verdade?
TATI, A ESTRELA SOLITÁRIA
No masculino o Brasil mandou, No feminino, a batalha foi individual.
E por pouco não terminou com título também.
Tatiana Weston-Webb vestiu o verde e amarelo com todas as forças e bateu na trave.
Quando o mar subiu, ninguém pôde com ela em Margaret River. Tati também fez final em Narrabeen.
Chegou nas finais em 2º lugar. E Na etapa decisiva foi cirúrgica. Chegou a bater a mega-campeã Carissa Moore no primeiro confronto melhor de três. Acabou derrotada por 2 a 1.
Mostrou para a havaiana que em 2022, os duelos vão ser ainda mais duros.
Carissa faturou o 5º título. Definitivamente, a melhor do planeta na atualidade.
CAMPEONATOS INTERNACIONAIS VOLTARAM POR AQUI
Essa foi uma comemoração a parte. Poder ver de perto, eventos com surfistas brasileiros e estrangeiros na nossa costa.
Se em 2020 e 2021, a elite não passou por ondas brazucas por causa da pandemia, pelo menos vimos tops e gringos atrás de pontos e $$$$.
E foram justamente Saquarema e Florianópolis, duas das cidades mais tradicionais do esporte, que receberam batalhas valendo como a largada do ranking regional da WSL na América Latina, para homens e mulheres.
As praias de Itaúna e Mole viram os QS 3000 dos profissionais.
Com um detalhe importante: na carioca, ainda houve provas da categoria júnior e na modalidade longboard.
Não por acaso, a semana foi chamada de Festival.
SHOW DA NOVA GERAÇÃO
2021 foi o ano da volta dos campeonatos. E da confirmação: se o presente do Brasil é forte, o amanhã está garantido.
A gente já conhecia vários jovens de destaque, como Lucas Vicente, Sophia Medina e Tainá Hinckel.
Mas vimos muitas caras novas... bem novas, quebrando em todas as condições. Na água doce ou salgada, em mares grandes ou minúsculos.
Galera disposta a arrebentar as portas do profissionalismo.
Uma turma de 18 anos ou menos, que mostrou nos torneios e nas redes sociais do que são capazes.
Vini Palma, Ryan Kainalo, Gabriel Klaussner, Caio Costa, Cauã Costa, Samuel Joquinha, Matheus Jhones, Pablo Gabriel, Laura Raupp, Bela Nalu, Luara Mandelli, Summer Macedo, Sol Carrion, Maria Eduarda... e por aí vai.
Pequena a lista? Não, né... mas com certeza deixei alguns de fora.
Como escrevi várias vezes por aqui, não me canso e sem medo de errar: O FUTURO É AGORA!
CBSURF: EM MAIS UM ANO DE CRISE
Mas é claro que nem tudo pode ser perfeito numa retrospectiva.
Então, vou encerrar com uma polêmica que se estendeu por mais 12 meses... mas ao que parece, vai ter fim em 2022: a criticadíssima gestão da Confederação Brasileira de Surf.
Após uma eleição que acabou não valendo, Adalvo Argolo se manteve no cargo de presidente, comandando a entidade quase que contra tudo e contra todos.
Nos bastidores, batalha na justiça, com documentos e ações da situação e da oposição.
Na prática, os atletas sem possibilidades e com o horizonte embaçado.
No fim, os melhores surfistas nacionais do ano conhecidos após a realização de apenas uma etapa.
Mesmo assim, pra muita gente, o campeonato realizado em dezembro em Itacaré, na Bahia, não teve o tamanho nem a chancela para definir os campeões brasileiros.
Que as coisas se ajeitem na nova temporada.
Que os triunfos e sucesso dentro da água, se transformem também em organização fora dela.
Principalmente de olho nas categorias de base, onde os campeões e ídolos começam a ser formados.
por @thiago_blum / @surf360_
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