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Irmãos Pupo nas finais no Havaí: 'Incrível, na verdade quase impossível'
Parece que não passa de hoje. Novo swell chegando no North Shore da ilha de Oahu, no Havaí. E o sábado deve ser o dia decisivo do Billabong Pro, etapa de abertura do mundial da World Surf League em 2022.
Entre os brasileiros, 3 nomes presentes nas quartas de final: Caio Ibelli, Miguel Pupo e Samuel Pupo. Pegou os sobrenomes? Pois é.
Logo na 1ª etapa competindo juntos na divisão principal, Miguel - o experiente - e Samuel - o estreante - estão entre os destaques e com chances de título em Pipeline, na bancada de coral mais famosa do planeta. E mais: como cada um está de um lado na chave, podem até se encontrar na decisão.
Ao contrário de outras ocasiões, os pais Jeane e Wagner não viajaram com a dupla. E como tem acontecido, vão acompanhar as finais a distância, em Maresias, litoral norte de São Paulo.
Dá pra descrever a sensação de ter dois filhos na principal divisão do mundial, no maior palco do surfe, se destacando e com lugares nas finais de um evento tão especial?
Jeane: É incrível, na verdade algo quase impossível. Eles tem 9 anos de diferença. Quando o Miguel entrou no CT, o Samuel tinha 11 anos. Ele acompanhou o Miguel nessa jornada. Em várias etapas do circuito, o Miguel sempre que podia levava junto, ele até entrou como convidado em algumas "Expressions Sessions". Só que tinha um detalhe: Miguel tinha que se manter e o Samuel entrar, algo muito difícil, um plano quase impossível. Mas era um sonho. E ver os dois em Pipeline, com essa performance aí, é incrível. Eu já previa que eles poderiam se dar bem, porque Maresias dá essa condição de treino. Sempre gostaram de cair em mar grande, eles caem em Paúba. Então não é uma novidade, aqui no litoral norte da muita condição pra viver isso.
Você foi profissional e conhece bem os desafios e as dificuldades para alcançar os objetivos. Como se sente vendo os dois brilhando juntos na elite?
Wagner: Os desafios são grandes, a gente sabe que no Brasil o esporte não é muito valorizado, e é sempre uma batalha como profissional. Pra alcançar os objetivos, você depende muito de si mesmo, e quando você presta atenção naquilo que você quer, e se dedica para conseguir uma boa trajetória, alcança as metas. Tô muito feliz pelos meninos, que estão lá fazendo o trabalho deles da forma correta, e tendo as decisões certas nos momentos certos.
Mesmo tão acostumada em acompanhar os dois em situações de risco, como fica o coração de mãe durante uma competição nas condições insanas como vimos nas primeiras fases da etapa de Pipeline? Você assiste todas as baterias?
Jeane: Costumo acompanhar. A gente não conseguiu ir, porque com a pandemia nosso visto venceu e não conseguimos renovar por causa de falta de horário. Muitas vezes a gente vai junto... ou a gente assiste. Meu coração sempre fica temeroso, porque o Havaí é aquilo, tudo de bom, mas é tudo de perigoso também. Tem vários riscos ali, de bater a cabeça, se machucar. Até quando não é meu filho, eu fico lá chorando e pedindo pra Deus que não seja nada de grave. Mas é assim... a gente tá no mundo né, então a gente tem medo de muita coisa. Tenho medo do mar, tenho medo do avião, de gente ruim. Medo a gente tem, mas tem que confiar em Deus, que Ele tá guardando eles, e estar sempre confiante.
Miguel já tem muita experiência no tour. Para o Samuel, você passou alguma orientação ou dica especial para essa primeira temporada dele no CT?
Wagner: O Miguel está 9 anos no tour, desde o início a gente trabalhou a preparação mental, física e equipamento, sempre teve esse apoio. E o Samuel a gente faz da mesma maneira. É algo novo pra ele, mas já está há muito tempo... veio eu como profissional, Miguel e agora ele... então ele tá bem ciente do que é um evento grande, do porte do PipeMasters. Ele tá bem tranquilo, focado no objetivo, na carreira e nas conquistas. A gente conversa muito... e é mais a parte mental mesmo estar bem, porque ele é um menino talentoso, sabe o que faz, e só vai depender dele estar bem, feliz com o que está fazendo. Isso é o que importa.
Durante as etapas, você costuma conversar com eles? Ou prefere ficar distante para não interferir ou tirar o foco da competição?
Jeane: A gente se fala quase todo dia. Inclusive, no dia que os dois brilharam juntos lá em Pipeline. Pra gente foi um orgulho muito grande, quando acabou tudo, eles chegaram em casa e a primeira coisa que eles fizeram foi um vídeo ao vivo com a família toda. Hoje em dia, a internet dá toda essa condição pra gente, e eles totalmente emocionados, contando como que foi... e todo mundo junto vibrando no whatsapp. Samuel ligou dizendo que está com dor de garganta... e a gente "faz um chá, faz isso, faz aquilo, toma bastante água". Então a gente tem que tá sempre conversando com eles no dia a dia, dando o suporte que dá pra dar, um conselho... falando alguma coisa. A gente é super participativo em tudo, não tem essa de estar ausente não.
Mesmo no melhor dos seus sonhos, imaginava ver seus dois filhos nas finais em Pipeline? Ainda mais o Samuel, logo no primeiro evento?
Wagner: A gente sempre tem um sonho... temos certeza que eles são capacitados pra realizar os sonhos deles, primeiramente, muito mais importante do que o nosso. Super feliz, a gente não planeja nada... hoje em dia tudo que você planeja não dá certo... a naturalidade do esporte e a trajetória da nossa família levaram eles a poderem estar neste evento. É lógico que a gente torce muito pra que os dois estejam juntos na final. Aqui é só alegria.
Qual é principal vantagem que você enxerga em ter um irmão ao lado durante as competições?
Wagner: A grande vantagem é ter uma pessoa de confiança, Porque ao mesmo tempo que o irmão é um adversário, é alguém que pode confiar, nas palavras. É muito difícil em um campeonato de surfe, porque é uma competição que tem várias atletas e você não pode dar ouvido a qualquer um. Então o Samuel tá muito bem assessorado pelo irmão dele... tanto o Miguel pelo Samuel, porque apesar de ser jovem já é considerado um veterano. Foi campeão de muitas categorias, já tem uma trajetória muito grande como surfista, começou com 4 anos de idade. A gente sabe que um pode se apoiar no outro... e a gente fica muito feliz por isso... e estamos muito tranquilos quanto essa união dos irmãos.
Com 3 classificados, o Brasil tem a maioria dos representantes no último dia de competição nas perfeitas direitas e esquerdas de Pipeline. Havaí com, 2, Japão, Estados Unidos e Peru completam a lista dos 8 finalistas.
Confira os confrontos das quartas de final:
HEAT 1: Kelly Slater (EUA) x Kanoa Igarashi (JPN)
HEAT 2: Miguel Pupo x Lucca Mesinas (PER)
HEAT 3: Seth Moniz (HAW) x John John Florence (HAW)
HEAT 4: Caio Ibelli x Samuel Pupo
por @thiago_blum / @surf360_
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