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João Chumbinho: 'Um mar de 10 pés, contra um dos meus ídolos, é um sonho'

João Chumbinho  - WSL
João Chumbinho Imagem: WSL

Colunista do UOL

07/02/2022 15h49

Atitude. Comprometimento. Talento. Ousadia. 'Go for it'.

Tudo junto e misturado. Foi assim a estreia do cara que depois de vários anos, recolocou o RJ na principal divisão da World Surf League. João 'Chumbinho' Chianca não chegou nas finais do Billabong Pro, mas deveria. Mostrou tudo é que preciso, conseguiu uma ótima colocação no pico mais famoso do planeta, e provou que merece estar na elite do circuito mundial.

Em condições absolutamente clássicas, eliminou o australiano Jack Robinson, um dos melhores tube-riders da atualidade. Bateu de frente com o bicampeão mundial John John Florence, local e um os maiores especialistas quando o assunto é Pipeline.

Fez a nota mais alta do campeonato (9,87), fechou a largada do calendário na 9ª posição, cheio de gás para as próximas etapas da temporada.

A próxima começa já na sexta-feira, em Sunset Beach, também no Havaí.

De Oahu, o carioca de Saquarema, conversou com o @surf360_

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João Chumbinho entocado na bomba de Pipeline
Imagem: WSL

Você me pareceu muito tranquilo durante todo o campeonato. Não ficou nervoso, sendo a estreia no CT e ainda mais em Pipeline?

Eu tava bem tranquilo, tentando relaxar bastante. Foi uma semana corrida, já tinha treinado bastante na onda, pensando mais em em recuperar fisicamente, porque requer muito esforço e muito tempo dentro d'água. É uma onda que eu conheço muito... Pipeline, se não é a primeira, é a segunda onda que eu mais gosto de surfar no mundo. E o fato de ser uma estreia no CT, eu simplesmente tentei só fazer o meu surfe, tentar mostrar o que eu venho trabalhando em todos esses anos, um resultado de todo esse esforço. Antes das baterias eu meditava pra tirar essa ansiedade, essa angústia... e focar totalmente nos objetivos, pegar as ondas certas... e me deixou bem calmo.

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João Chumbinho quebrou tudo e só perdeu porque pegou JJF
Imagem: WSL

Realizou o desejo de enfrentar o "dono do parquinho"? Foram dois confrontos contra o John John Florence e em ambas ficou perto da vitória.

Ter pego o John John logo na primeira bateria foi incrível, porque eu vi o quão bom ele é, e o quão bom eu sou também nessas condições. A primeira onda foi inesperada, começar o CT com um 'high score'... foi literalmente a representação do meu esforço. Aquele segundo confronto foi a bateria da minha vida, quando eu cheguei mais perto de uma nota 10 e levei o público à loucura. As vezes, se você for olhar não só pelos números, dinheiro e pontos, você consegue encontrar valores especiais, quando você consegue se apresentar como uma maneira daquela. Eu ter uma bateria homem a homem, em um mar de 10 pés, em Pipeline com um dos meus ídolos, uma das pessoas que eu sempre olhei como inspiração, realmente é a realização de um sonho. Agora vamos pra próxima.

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João Chumbinho fez o batismo na elite com grande atuação
Imagem: WSL

Chegar até as oitavas era o que estava dentro dos seus planos?

É difícil esconder né, mas o jeito que eu conheço a onda e o jeito que eu surfo e me divirto em Pipeline, o jeito que me sinto no 'line-up'... quando eu tô lá é muito natural pra mim. Então, eu queria ir até o dia das finais, isso sim estava dentro dos meus planos. Mas eu sempre mantive a expectativa baixa, eu sabia que tava numa chave de baterias que teria que ganhar de caras muito bons... mas ao mesmo tempo, se conseguisse passar deles, eu tinha uma grande chance de ir até a final. Mas bola pra frente, se contentar com esse 9º lugar que não é um resultado ruim, começamos no top 10.

O espaço é curto. Já tem outro grande desafio pela frente, em condições totalmente diferentes. O que espera do evento em Sunset? É uma onda que está habituado a surfar? Vai ter tempo suficiente pra treinar?

Eu já tive tempo de digerir esse resultado aqui de Pipeline, já virei a página. Tirei uns dias pra descansar, surfar um pouco onde eu quisesse. Agora tem uma semana até o evento de Sunset, com certeza vou colocar tempo naquela onda... eu acho que vai ser meu maior desafio. Já surfei lá algumas vezes, tive alguns bons resultados, mas é uma onda sempre muito difícil de ler, um 'line-up' sempre muito difícil de se posicionar.

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Sunset Beach, Oahu - Havaí
Imagem: WSL

Quem você considera os principais favoritos para a 2ª etapa?

Com certeza, diria que os favoritos... que eu tenho visto... acho que o Jack Robinson é um dos surfistas que eu mais gosto de ver em Sunset... o John John, com certeza... Jordy Smith... tem bastante gente boa.

O período da janela do 'Hurley Pro Sunset Beach' vai de 11 a 23 de fevereiro, mais uma vez com as competições masculina e feminina.

O tradicional pico de direitas volta à elite mundial masculina depois de 19 anos. O último campeão por lá foi Jake Paterson. Os também australianos Tom Carroll e Ian Cairns são os únicos bicampeões do evento.

Em 1991, o paraibano Fabio Gouveia também faturou o caneco por lá.

No feminino, 3 atletas presentes no tour de 2022 já ficaram com a taça: a local Carissa Moore e as australianas Tyler Wright e Stephanie Gilmore.

por @thiago_blum / @surf360_