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REPORTAGEM

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Nem Italo, nem Filipe Toledo; o CARA do Brasil em Sunset é Caio Ibelli

Caio Ibelli rasga forte durante etapa de Sunset Beach - WSL
Caio Ibelli rasga forte durante etapa de Sunset Beach Imagem: WSL

Colunista do UOL

17/02/2022 00h15

Segundo dia seguido de ondas pesadas em Sunset Beach, no Havaí. E os melhores do mundo enfrentaram as condições desafiadoras - pra não dizer insanas - nos primeiros rounds de mata-mata do Hurley Pro - 2ª etapa do calendário 2022 da World Surf League.

A quarta-feira foi histórica, com 16 baterias do round of 32... além de toda a fase oitavas de final.

Um dia longo... e esqueça - pelo menos nesta semana - os figurões. Evento péssimo para os campeões mundiais. Kelly Slater, John John Florence e Italo Ferreira disseram 'hasta luego' cedo da competição.

Comece a se acostumar com nomes e rostos diferentes. Jack Robinson, Jake Marshall, Seth Moniz e Ethan Ewing.

E para o Brasil... o momento é todo de Caio Ibelli.

Então, vamos por partes, pela ordem, pra ficar mais fácil de entender.

Caio - WSL - WSL
Caio Ibelli
Imagem: WSL

Foi justamente Caio que abriu as disputas. Mais uma vez aproveitou a oportunidade de entrar em um campeonato como suplente, já que não havia se reclassificado pelo ranking do ano passado.

Com o power surfe em dia e atitude de sobra, Caio despachou o americano Conner Coffin, número 4 do mundo em 2021. Vitória de virada, graças a uma nota 8,50.

Em seguida, vez de Italo Ferreira cair no mar.

Barron - WSL - WSL
Barron Mamiya, algoz de Italo Ferreira em Sunset
Imagem: WSL

Diante de Barron Mamiya, o primeiro dos 3 confrontos Brasil x Havaí da quarta-feira. Duelo duríssimo, diante do 'local boy' , um cara acostumado ao famoso pico de direitas.

Como sempre, Italo usou a força de seu backside (surfando de costas para a onda), mas não repetiu a performance de outras atuações.

Perdeu por 14,40 a 10,60 e fechou a participação na 17ª posição. Primeira grande surpresa nas volumosas ondas de Sunset.

Com a segunda eliminação precoce seguida - tinha ficado em 9º em Pipeline - o campeão mundial de 2019 terá que se recuperar na próxima etapa, para ingressar na disputa dos melhores do ranking.

Italo - WSL - WSL
Italo Ferreira, o 'Brabo'
Imagem: WSL

Bom para o 'Brabo', que a próxima parada será em Portugal, onde foi bicampeão em 2018 e 2019.

O troco veio logo. Com o mesmo arsenal de manobras que o levou até a final do campeonato no México no ano passado, Deivid Silva despachou o australiano Ryan Callinan. Não por acaso, o ataque de backside de DVD é considerado um dos mais fortes do tour.

Depois, 3 brazucas regulares (que surfam com o pé esquerdo na frente da prancha) na sequencia. Todos em baterias bem parelhas e equilibradas.

João Chumbinho foi o primeiro. O carioca de Saquarema entrou embalado após a excelente campanha em Pipeline na semana retrasada. Mas não alcançou as mesmas notas do adversário. Seth Moniz avançou e o Havaí marcou 2x0 no confronto direto do dia.

Ao mesmo tempo no mar, no formato 'overlaping heats', Filipe Toledo enfrentou outro local, mas um atleta que não faz parte da elite, Billy Kemper.

Vez do Brasil vencer. Filipinho foi paciente durante os 40 minutos. Saiu atrás, mas quando soltou seu surfe, marcou um 8 e um 8,47. O camisa 77 fez um dos maiores somatórios da fase (16,47), virou o jogo e se garantiu nas oitavas.

Filipe - WSL - WSL
Filipe Toledo surfou muito bem, mas ficou de novo em 9º
Imagem: WSL

Samuel Pupo fechou o trio. Contra o australiano Ethan Ewing, fez um dos melhores confrontos do evento até aqui.

Saiu atrás, virou, foi ultrapassado de novo... e teve a última chance a 40 segundos do fim. Fez um manobrão na junção, só que não conseguiu a nota que precisava. 15,50 a 14,76. Um resultado contestado.

Barton Lynch, campeão mundial de 1988 e comentarista da transmissão oficial da WSL, disse que o brasileiro merecia vencer. Mas ele ficou mesmo na 17ª posição.

Quem fechou o round foi Jadson André, o mais experiente do time verde e amarelo. Mais um match-up duro, com vitória do potiguar sobre o português Frederico Morais.

Quatro brazucas garantidos nas oitavas.

John - WSL - WSL
John John Florence decepcionou seus torcedores
Imagem: WSL

A maior surpresa da 3ª fase veio na 12ª bateria. A eliminação de John John Florence, considerado pela maioria como o principal favorito ao título. E JJF caiu diante de um rookie, o americano Jake Marshall.

Pra completar o dia horroroso dos maiores ídolos do esporte, Kelly Slater também parou na 3ª fase. 11x campeão do mundo, KS nunca escondeu que não morre de amores por Sunset... e que até não sabe lidar bem com o 'jogo' por lá.

Vai ter que esperar mais um pouco se quiser vencer na única onda que ainda não conquistou um título.

Kelly  - WSL - WSL
Kelly Slater, campeão da 1ª etapa da temporada 2022
Imagem: WSL

Contra Matthew McGillivray, deu tudo errado. O sul-africano abriu com uma nota 9... aí, Kelly cometeu uma interferência que definiu a derrota nos primeiros minutos.

Acabou escovado por 15,67 a 2,50. Uma das derrotas mais elásticas da longa carreira de 3 décadas na divisão principal.

Se ele ainda é rei em Pipeline, sequer deverá ser lembrado no futuro quando o assunto for Sunset Beach.

Caio - WSL - WSL
O sorriso prova que a fase de Caio Ibelli é ótima
Imagem: WSL

Vieram as oitavas. E para abrir, mais uma atuação cirúrgica de Caio Ibelli.

Solto e forte ao mesmo tempo, o paulista despachou mais um americano... deixou Kolohe Andino boiando: 13,10 a 10,57.

Um resuminho rápido: a menos de uma semana antes da temporada começar, Caio estava no Brasil e iria acompanhar o mundial à distância. Chegou em cima do laço em Pipeline e ficou em 3º. Entrou como 'replacement' também em Sunset e já garantiu ao menos o 5º lugar. O mundo dá voltas, já diria Badauí e o CPM 22.

Nas quartas, ele vai enfrentar o local Ezekiel Lau, que já venceu duas vezes o World Cup of Surfing, tradicional evento de Sunset, que faz parte da Tríplice Coroa Havaiana.

Deivid - WSL - WSL
Deivid Silva atacou as direitas e finalizou na 9ª posição
Imagem: WSL

Mas em seguida, os algozes dos brasileiros reapareceram.

Barron Mamiya, um dos convidados da etapa, que já havia eliminado Italo, voltou à cena. De virada, interrompeu a ótima campanha de Deivid Silva. Se a duração da bateria fosse menor, DVD teria passado. Parte do jogo.

Ethan - WSL - WSL
Ethan Ewing (AUS)
Imagem: WSL

Em seguida, outros nomes, mesmo cenário. Ethan Ewing versus Filipe Toledo.

Batalha de dois surfistas velozes e donos de linhas clássicas. Filipinho chegou a fazer um 9,17... mas nos segundos finais o australiano fez a nota decisiva (9.67),,, e derrubou o vice-campeão mundial do ano passado.

O encontro Japão x Brasil fechou a longa jornada. Kanoa Igarashi x Jadson André. Confronto dominado com sabedoria e tranquilidade pelo japonês. Com direito a nota mais alto do campeonato até aqui (9,77).

Em resumo... a partir de agora, Caio Ibelli é o Brasil no Hawaii!!!!!

Jake - WSL - WSL
Jake Marshall (EUA)
Imagem: WSL

Confira os duelos das quartas de final:

heat 1: Caio Ibelli x Ezekiel Lau (HAW)

heat 2: Barron Mamiya (HAW) x Seth Moniz (HAW)

heat 3: Ethan Ewing (AUS) x Jack Marshall (EUA)

heat 4: Jack Robinson (AUS) x Kanoa Igarashi (JPN)

Detalhe: os 8 finalistas são regulares, surfam com o pé esquerdo na frente da prancha!!!

Sunset - WSL - WSL
Crowd acompanha a competição em Sunset
Imagem: WSL

A chave masculina está no fim... e a feminina nem começou. Tatiana Weston-Webb é a única brasileira na chave.

Ela estreia na bateria de número 2 do round de abertura, contra a havaiana Malia Manuel e a australiana Bronte Macaulay.

por @thiago_blum / @surf360_