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OPINIÃO

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Começo de ano ruim não representa como será o 2022 de Italo Ferreira

Italo Ferreira durante a etapa de Pipeline, ho Havaí - WSL
Italo Ferreira durante a etapa de Pipeline, ho Havaí Imagem: WSL

Colunista do UOL

23/02/2022 04h00

O que esperar de um campeão mundial e olímpico?

Boas performances, com vitórias e títulos, certo? Certo! Mas nem sempre a primeira parte se conecta com a segunda. Eu explico.

O atleta em questão é Italo Ferreira, um dos principais nomes do surfe nos últimos anos. Um competidor respeitado e temido pelos adversários.

O cara que quando veste a lycra e entra no mar, se torna favorito em qualquer situação.

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Italo Ferreira
Imagem: reprodução/Instagram

Pois é. Só que começo da atual temporada não foi como eu esperava... e é óbvio que ele tem a mesma opinião.

Afinal, desde 2015 — primeiro ano na elite da World Surf League —, o potiguar não largava com resultados tão fracos.

Mas é bom que fique claro: nada fora da normalidade. É que, o que é bom para a maioria, para o 'Brabo' é pouco.

E essa linha fina, a meu ver, ficou ainda mais tênue em 2022.

A pré-temporada, não por acaso, foi feita, e muito bem feita, em Fernando de Noronha, único lugar no Brasil com ondas semelhantes ao maior palco do esporte.

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Italo Ferreira na abertura do mundial da WSL em Pipeline
Imagem: WSL

A parte física e a raça então, nem entram em discussão.

Poucos atletas pegam tão pesado nos treinos como ele. Não há dúvida que IF é o mais dedicado da liga.

A declaração dias antes do embarque para o Havaí, publicada aqui na coluna, define bem qual era o objetivo para a perna havaiana.

"Acreditar que é possível, acreditar que você pode alcançar qualquer coisa. Sempre acredito que se eu colocar uma coisa na cabeça e eu trabalho para que aquilo venha a acontecer... 100%... ou 110%, porque tem que fazer um pouco a mais do que os outros fazem para realmente dar certo. Através da perseverança, treino e garra... todo esse conjunto me faz chegar no objetivo final".

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Italo Ferreira, durante a perna havaiana do mundial
Imagem: WSL

Veio a largada.

Pipeline, onde Italo levantou o título mundial de 2019 e se acostumou a derrubar os rivais.

Foi um show. Veteranos, campeões, estreantes e locais apresentaram níveis altíssimos de desempenho. Mesmo quem nunca havia competido lá estava com a prancha no pé para encarar as clássicas direitas e esquerdas.

Assim... derrotas ali não saíram de atuações ruins, mas sim em pequenos detalhes.

Italo estava afinado como sempre.

Passou sem sustos pelas duas fases iniciais. E, em seguida, caiu diante de Miguel Pupo.

9º lugar na estreia. Decepcionante? Sem dúvida. Outros favoritos também se despediram cedo. Mas já era um aviso de que nesse ano, o ritmo será outro... o equilíbrio tomou conta de vez... está todo mundo voando baixo.

Vida que segue. Era hora de encarar o 'desconhecido'.

Sunset Beach voltava à elite após longos anos.

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Italo Ferreira manobra forte durante o Hurley Pro, em Sunset
Imagem: WSL

Intervalo curto, ondas e abordagem completamente diferentes.

Para todos. Menos para quem vive no North Shore havaiano e está acostumado a ler as linhas de um dos picos mais complicados e desafiadores do planeta.

Como faço em 90% dos casos, coloquei Italo no meu time do Fantasy Oficial da WSL.

Dois resultados abaixo de esperado seguidamente? De jeito nenhum!

Ops!

Eu não esperava... ninguém acreditava.

Só que o surfe hoje em dia está muito parelho. E até aquele cara que a gente quase não ouve o nome, que não faz parte da elite, é capaz de brilhar e derrubar os gigantes.

O local Barron Mamiya foi o algoz de todos. E Italo não escapou. Eliminação precoce demais... mas que não dá para chamar de zebra, nem de derrota inesperada.

Ainda mais quando o evento acabou, Mamiya apareceu para pegar o troféu de campeão... e como novo líder do ranking.

Como diria o famoso narrador: "É outro Championship Tour, amigo".

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Italo Ferreira, no Havaí
Imagem: reprodução/Instagram

Italo não terminava uma etapa na 17ª colocação desde 2019, no Taiti. Depois de duas etapas, ele está na 16ª posição da classificação geral.

100% de certeza de que está mordido. Que está contando as horas para vestir a lycra de novo. Que quer amassar.

Ainda mais que a próxima parada do calendário é em Portugal.

Ele é 'dono' de Peniche (não por acaso nome de um dos seus cachorros).

Vai defender o bicampeonato conquistado em Supertubos em 2018 e 2019. Ainda teve um vice em 2015.

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Ítalo Ferreira durante etapa na Austrália em 2019
Imagem: Matt Dunbar/WSL

Sempre com o mesmo tesão... a mesma força... o mesmo alvo.

"O foco para esse ano é ser campeão do mundo novamente, o bicampeonato. Se parar para pensar, eu já venci tudo o que tinha pra vencer. E essa é a parte mais difícil, se manter no topo, se manter entre os melhores. É por isso que não paro de treinar, que estou sempre viajando para melhorar meu surfe, buscando coisas e oportunidades que possam me fazer melhor. Está tudo no caminho correto, é só fazer a minha parte e acreditar que é possível".

Esse é Italo Ferreira. Nunca se entrega, sempre quer mais.

Se ele vai lutar? Não tenho a menor dúvida.

Vai ganhar? Sim! Me cobrem!

@thiago_blum / @surf360_