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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Brasil x Brasil: por que os juízes diminuem notas de Medina, Filipe e cia?

Gabriel Medina, durante bateria no "G-Land Pro", na Indonésia - WSL
Gabriel Medina, durante bateria no 'G-Land Pro', na Indonésia Imagem: WSL

Colunista do UOL

05/06/2022 04h00

Terminou neste sábado em G-Land, a 6ª etapa do Championship Tour, a divisão de elite da World Surf League.

Com a vitória de Jack Robinson, novo vice-líder da temporada.

Um resultado que - de novo - arregalou os olhos da torcida brasileira.

Não pelo mérito de Jack, um cara super talentoso, principal nome da Austrália atualmente, que com o título na Indonésia engatou o 2ª conquista seguida, já que havia sido campeão em casa, no evento de Margaret River.

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Filipe Toledo (vice) e Jack Robinson (campeão)
Imagem: WSL

Mas enfim.... os brasileiros estão sendo roubados? Ou ao menos, as performances do nosso time tem sido desvalorizadas?

O tema é recorrente. E minha opinião não mudou.

É a mesma de alguns especialistas, entre eles Bruno Bocayuva, comentarista das transmissões do Sportv.

Há algum tempo, a superioridade óbvia de Gabriel Medina, Italo Ferreira e Filipe Toledo tem se voltado contra eles mesmos.

Eu explico.

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Filipe Toledo em ação no 'Quiksilver G-Land Pro'
Imagem: WSL

O julgamento no surfe é subjetivo... então, sugere interpretações. E a cada atuação de destaque, a galera do time verde e amarelo 'sobe o sarrafo'. E se a situação complica para os adversários, faz os juízes exigirem cada vez mais deles.

Ou seja, hoje em dia os nossos melhores do mundo acabando competindo contra eles mesmos.

Se Medina, Filipe ou Italo manda uma mega-manobra... na onda seguinte, precisam fazer algo similar ou melhor para chamar a atenção e subir as notas.

E se os rivais - que são claramente inferiores tecnicamente - fazem algo parecido, geram a surpresa, impressionam com a 'novidade' e são mais recompensados.

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Gabriel Medina
Imagem: WSL

Quer dizer... a comparação que tem que ser entre quem está se enfrentando, acaba esfarelando. E aí, quem perde são os brazucas.

Não que estão sendo 'roubados'... mas não tem sido 'justo'.

Em G-Land houve exemplos.

Nas quartas de final, Filipe Toledo atacou o lip com a velocidade e força costumeiras, e eliminou o americano Griffin Colapinto. Apesar da vitória, deixou o mar esbravejando. ficou indignado com os números. A maior nota não chegou perto de 7.

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Filipe Toledo voa em competição na Indonésia
Imagem: WSL

Na entrevista pós-bateria, deixou clara a insatisfação, perguntando o que teria que fazer para subir as notas.Algo parecido aconteceu com Medina. Na mesma fase, o tricampeão esmigalhou as ondas no confronto diante do amigo Jadson André. Forçou as manobras, foi fluído, agressivo e variou a abordagem.

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Gabriel Medina rasga durante bateria em G-Land (Indonésia)
Imagem: WSL

Não por acaso, marcou o maior somatório de todo o campeonato. E apesar de Jadson ter surfado bem, a diferença foi evidente.

Na fase seguinte, pegou Jack Robinson.

Melhor em todo campeonato na opinião da maioria, Medina era o favorito. Se não foi tão espetacular, fez o trabalho competente de sempre. E levou a virada nos segundos finais: 13,90 a 13,33. Resultado, no mínimo, discutível.

Na decisão, Jack x Filipinho.

A meu ver, o brasileiro foi bem julgado. Mas valorizaram a mais a última onda do australiano - pega a 3 segundos do final.

Placar? 13,50 a 13,16. Diferença irrisória... mas emblemática.

O domínio brasileiro incomoda? Sim!!!

A ausência de australianos e americanos entre os líderes do ranking e longe dos títulos... incomoda? Sim!!

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Filipe Toledo, com a lycra amarela de líder do ranking
Imagem: WSL

Tão roubando? Prefiro acreditar que não!!

Mas que tá estranho, está!

E que fique claro: ao menos no meu caso, a torcida é grande, mas anda absolutamente separada da análise.

Filipe Toledo segue na liderança da classificação geral.

Próxima parada: El Salvador, a partir do dia 12. Seguimos de olho.

por @thiago_blum / @surf360_