Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
Nova estrela? Conheça Coral, neta de astro olímpico e filha de bicampeão
Neta de medalhista olímpico e filha de bicampeão mundial: a pequena Coral, de 2 anos, tem inegavelmente DNA de atleta.
A pequena é fruto do relacionamento de Phil Rajzman, um dos maiores surfistas do Brasil, com Julli Roldão. A influência do pai é direta e, desde os oito meses, ela pratica natação.
O surfe também entrou cedo na vida de Coral. "A primeira onda dela foi com dez meses. Ela pegou onda antes de andar", revelou a mãe. Desde então, a criança não dispensa uma sessão com o pai.
Mas antes de cair no mar e se aventurar com a Coral, é preciso voltar algumas décadas no tempo e contar um pouquinho da caminhada desta família.
Dependendo da sua idade, o sobrenome Rajzman pode dizer alguma coisa — ou muito, se você conhece um pouco das histórias do vôlei e do surfe no Brasil.
Bernard Rajzman, o avô da pequena, foi craque... mas em outro esporte: ele foi um dos principais nomes da chamada "Geração de Prata", primeira seleção do vôlei brasileiro a subir no pódio em uma Olimpíada.
Ao lado de Willian, Renan, Xandó, Montanaro, Amauri e Bernardinho, Bernard marcou época nas quadras. Sob o comando de Bebeto de Freitas, foi vice-campeão mundial em 1982 e olímpico em 1984, nos Jogos de Los Angeles.
Caso ainda você não tenha ligado o nome à pessoa, vale lembrar que Bernard é o criador de um dos lances mais icônicos de todos os tempos: o saque "Jornada nas Estrelas", que fazia a bola ir ao "espaço" antes de cair com tudo para atrapalhar a recepção adversária.
Depois do ouro no Pan de 1983 e de seis títulos sul-americanos, o atleta foi colher as vitórias também na praia e se tornou o primeiro brasileiro indicado para integrar o Hall da Fama nos EUA. Hoje, ele é membro representante do Comitê Olímpico Internacional (COI).
Metade praia, metade quadra
Phil, o primeiro filho de Bernard, cresceu em meio ao universo do vôlei... Mas a paixão foi a água. Ele tem o perfil clássico de quem chamamos de "waterman".
Diferente do pai, escolheu o surfe. Igual a ele, porém, ganhou o respeito e admiração dos rivais, cravou o "Rajzman" para sempre e coleciona troféus.
Se hoje falamos muito de Gabriel Medina, Adriano de Souza, Italo Ferreira e Filipe Toledo, foi Phil o primeiro brasileiro campeão mundial nas ondas: conquistou, em 2007 e em 2016, a WLT (World Longboard Tour).
Diferente dos ídolos de hoje, o carioca de 40 anos desbravou o planeta com pés nos pranchões, os longboards. O início, no entanto, foi pegando jacaré no pescoço do pai. Aos quatro anos, ganhou um bodyboard; aos sete, a primeira prancha própria. E nunca mais parou...
Próxima geração
O legado deve continuar com Coral, parceira frequente do pai nas ondas. A mãe, Julli, nasceu em Goiás e foi criada em fazenda nadando em rios. Ela só passou a ter contato com o surfe, de fato, ao conhecer o marido. Uma ligação definitiva na formação da filha.
Coral nasceu em Búzios (RJ), e a casa pé na areia foi o convite ideal para a paixão pela praia. Como a mãe, também incorporou o surfe na rotina. Tudo ficou mais fácil.
"A gente sempre teve isso em mente, que ela tivesse o contato com a água da forma mais natural e o mais rápido possível. Começou na natação aos oito meses: foi a imersão dela no universo aquático. Essa conexão com o oceano sempre ficou pro Phil por ter essa história de vida com o surfe", lembrou Julli.
A maioria das crianças tem os primeiros contatos com a arte pintando ou desenhando. Mas para a Coral, o lápis de cera e o pincel foram substituídos pela ferramenta fundamental para poder se manter em pé nas pranchas.
"Ela ama passar parafina. Ela acha que é como um quadro, o giz no quadro. Se o Phil estiver passando longe e ela ouve o barulhinho, vai correndo... desde pequenininha. Está sempre rodeada de coisas do surfe... sempre brincando em cima das pranchas e com o estrepe [cordinha que vai no pé]", disse a mãe.
"Quando ela tinha dez meses, fomos para Jericoacoara (CE). Já tinha coletinho, estava entrando mais na água e a gente sabia que ali poderia ser o lugar perfeito para o Phil fazer a primeira sessão de surfe com ela. Ela pegou onda antes de andar. Depois, a gente foi fazendo disso um hábito em Búzios, sempre que está tranquilo e com as condições favoráveis".
Mas com criança a gente sabe: diversão nunca é demais. E como em qualquer educação, é preciso colocar limite, senão a Coralzinha se joga mesmo.
"Ela ama ver o pai surfar, mas fica louca para ir, associa que sempre tem que ir. Às vezes o mar está grande, não dá e ela chora, fica chateada. Fica ali esperando a hora que vai ser chamada. Eles treinam muito isso em casa e ela adora ginástica olímpica, então eles fazem o 'tanden', que é quando homem e mulher surfam juntos. Assim que começaram, Coral passou a ter o hábito de ficar em cima da prancha e dar tchauzinho. Então, quando está na praia, todo mundo fica dando tchauzinho pra ela", contou Julli.
"Coral é artista, puxou os pais e os avós, adora uma plateia", completou Phil.
Do Brasil para os EUA
Por causa das competições do mundial da World Surf League, a família Rajzman voltou para a Califórnia. Com a mudança para a famosa Newport Beach, a areia e as ondas deixaram de ser uma extensão da casa, e a Coral sentiu um pouco no começo. Mas a cada ida para a praia é uma curtição.
"Aqui, ela fica encantada porque tem muito mais gente de várias idades surfando e ela adora ver todo mundo na água. Outro dia, observando uma pessoa, me disse: 'mamãe, ele rema direitinho'. Acha muito legal quando eu vou também, e fica gritando:'uhu, mamãe... uhu, papai'. Sempre quer ir surfar".
Famílias que aumentam os laços salgando o corpo nas ondas brotam com frequência nos litorais daqui e do exterior. Os irmãos Miguel e Samuel seguiram os passos de Wagner Pupo e estão juntos no top 10 do ranking da elite da WSL.
Neco e Teco Padaratz brilharam no circuito; tem o trio Paulinho, Neno e Amaro do Tombo... Picuruta e Almir Salazar... Chumbo & Chumbinho.
Campeão mundial de 2022, Filipe Toledo é filho e irmão de surfistas.
Agora... está surgindo a segunda geração dos Rajzman. Ops... a terceira, né? Afinal, o vovô foi o responsável por transformar os mergulhos do pai da Coral nas águas cariocas, em paixão. E aí... foi só o talento encontrar o destino.
Por @thiago_blum
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.