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Tales Torraga

Jogar em casa é mau negócio no mata-mata da Libertadores sem público

Colunista do UOL

10/12/2020 04h01

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A surpreendente derrota do Boca Juniors para o Internacional por 1 a 0 ontem na Bombonera reforçou a tendência desta Libertadores sem público e com poucas vitórias em casa nos mata-matas.

Boca -  Marcelo Endelli/Getty Images -  Marcelo Endelli/Getty Images
Patrick tenta fugir da marcação de Buffarini em Boca Juniors x Internacional pela Copa Libertadores
Imagem: Marcelo Endelli/Getty Images

Foram disputados 18 jogos até aqui: 16 pelas oitavas e dois pelas quartas de final. E desses 18 confrontos, só em quatro ocasiões o mandante saiu de campo com a vitória.

Nas oitavas, as partidas vencidas pelo time da casa foram Grêmio 2 a 0 Guaraní, Palmeiras 5 a 0 Delfín, Libertad 3 a 1 Jorge Wilstermann e River Plate 1 a 0 Athletico-PR. Nos dois confrontos das quartas ocorreram dois empates (1 a 1 em Libertad x Palmeiras e Grêmio x Santos).

A taxa de vitória dos mandantes (22,2%) é a mais baixa da Libertadores nesta década ao se observar sempre os 18 primeiros jogos do mata-mata. A segunda menor quantidade de triunfos no período vem de 2011, com seis vitórias (33,3%).

Na Libertadores-2020, além das quatro vitórias mandantes, ocorreram sete empates e sete vitórias visitantes (38,8%), também o maior índice de triunfos forasteiros da década, superando as seis de 2018 e 2011.

Tamanha discrepância não vinha sendo notada na fase de grupos: das 96 partidas, 48 tiveram vitórias do time da casa, o que dá redondos 50%, contra 53,1% de triunfos dos mandantes na edição do ano passado.

Durante o confronto entre Boca e Inter, Diego Latorre, comentarista da ESPN argentina, analisou na Bombonera as razões que levam a este incomum aproveitamento nos mata-matas. A primeira razão, segundo o ex-meia-atacante do Boca, era óbvia, com a falta de apoio da torcida. "Hoje os times jogam em casa, e não diante do seu público, como se dizia", ponderou.

O segundo motivo está atrelado ao primeiro: não há pressão nenhuma sobre a arbitragem, que trabalha sem as amarras psicológicas de se atuar contrariando milhares de fanáticos barulhentos.

A terceira razão listada por Latorre é o gol fora seguir valendo como critério de desempate, o que libera ainda mais o visitante a jogar no ataque. No 1 a 1 agregado entre Inter e Boca, os dois triunfos, afinal, ocorreram na condição de visitante, com o 1 a 0 do Boca no Beira-Rio e o 1 a 0 do Inter em Buenos Aires.

O aproveitamento de mandantes e visitantes em mata-matas de Libertadores nesta década: *

2020 - 4 vitórias mandantes / 7 empates / 7 vitórias visitantes
2019 -
9 / 4 / 4
2018 - 9 / 3 / 6
2017 - 7 / 6 / 5
2016 - 10 / 6 / 2
2015 - 11 / 4 / 3
2014 - 9 / 6 / 3
2013 - 10 / 5 / 3
2012 - 10 / 7 / 1
2011 - 6 / 6 / 6

* Contando os 18 primeiros jogos depois da fase de grupos