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Tales Torraga

Sabella tinha razão: a mente de Gallardo é mesmo a enciclopédia do futebol

Colunista do UOL

11/12/2020 08h26

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Marcelo Gallardo citou ontem (10) Alejandro Sabella quatro vezes na repercussão da vitória do River Plate sobre o Nacional-URU por 2 a 0.

Mune - Montagem Olé - Montagem Olé
Alejandro Sabella e Marcelo Gallardo
Imagem: Montagem Olé

Emocionado com a morte do amigo, Gallardo, que estreou como jogador apenas porque foi notado por Sabella no começo dos anos 1990 no River, escutou de Alejandro aquele que talvez seja o maior elogio que um técnico argentino poderia receber: "Abram a cabeça de Gallardo que lá vão encontrar a Larousse ilustrada do futebol", comentou Sabella há dois anos.

Quem viu o 2 a 0 do River sobre o Nacional pode ter achado o jogo pouco emocionante e o time de Núñez pouco empolgante - bastaria observar os jogos anteriores do Nacional para ver que seria impossível fazer qualquer coisa diferente contra uma equipe tão aguerrida, tão uruguaia, tão "áspera", como definimos ontem.

Gallardo abriu a enciclopédia e revirou seu elenco atrás de opções. Tirou o zagueiro Pinola e o lateral Casco, veteranos e multicampeões (e não é difícil sacar medalhões do time?), para colocar Rojas e Angileri. Enzo Pérez, com covid-19, também foi desfalque. E voltou a usar o enganche no futebol argentino escalando o colombiano Carrascal, algo que ninguém cogitava antes da partida.

E é claro também que o técnico só troca suas peças porque elas têm qualidade. Esta é uma virtude do atual River (e que suas antigas versões não tinham): um ótimo recambio, que é como os argentinos chamam a rotação entre titulares e reservas.

Outra característica rara desta equipe é a quantidade de estrangeiros. Ontem, como titulares, cinco: o paraguaio Rojas, o chileno Díaz, os colombianos Carrascal e Borré e o uruguaio De La Cruz. Ou seja: o time que se gaba de ter a melhor divisão de base do mundo, disputada por todas as promessas da Argentina, ainda conta com o dedo certeiro de Gallardo nas contratações estrangeiras que só ele indica.

Das três partidas disputadas até aqui nas quartas de final, o 2 a 0 do River sobre o Nacional foi a única a terminar com vitória (o 1 a 1 prevaleceu em Grêmio x Santos e Libertad x Palmeiras). Dos 19 jogos do atual mata-mata, só em cinco ocasiões o mandante saiu como ganhador, e o River foi o único a ganhar duas vezes nesta condição (já havia batido o Athletico-PR em Avellaneda).

É uma equipe com grandes chances de ir para a final (seria a terceira seguida) e ser campeão (pela segunda vez em três anos). Afinal, não é qualquer time que tem um técnico comparado a uma enciclopédia por aquele que foi um dos maiores maestros da história do futebol argentino.