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Tales Torraga

O que o atropelamento do River ensina ao Palmeiras

Rafa Borré comemora gol do River contra o Nacional - Divulgação CARP
Rafa Borré comemora gol do River contra o Nacional Imagem: Divulgação CARP

Colunista do UOL

18/12/2020 07h50

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"Tan perfecto que asusta", profundo rock da banda Callejeros, é a trilha sonora da torcida do River Plate neste fim de semana em Buenos Aires. A euforia tem sua razão. A classificação agregada de 8 a 2 sobre o Nacional-URU (2 a 0 na Argentina e 6 a 2 no Uruguai) faz a metade vermelha e branca do país repetir sem parar seu clássico lema "ganar, gustar, golear". A outra brincadeira em moda na capital portenha é o 4G (o de Gallardo somado a esses outros três).

Pelos seis gols de ontem, listamos seis aspectos para o Palmeiras considerar desde já para a semifinal dos dias 5 (em Avellaneda) e 12 (São Paulo).

Goleiro expulso. A atuação do River foi sim memorável, mas muito facilitada logo aos 18 minutos de jogo pelo cartão vermelho para Rochet, arqueiro do Nacional. Estava 0 a 0 quando ele desferiu uma patada violenta em Suárez. O clube de Núñez já demonstrava superioridade e o Nacional já dava espaços - no 11 contra 11, um cálculo razoável das TVs e rádios de Buenos Aires era o da vitória do River por 3 a 1. Os dois gols sofridos foram atribuídos ao relaxamento que um jogo mais pegado não permitiria.

8 a 2 e ainda vai reforçar. Setorista do River na Rádio La Red, Gustavo Yarroch informou que o clube está atrás de dois nomes para a semifinal. Um para o meio-campo e outro para o ataque. O bom meia Tomás Pocchetino, de 24 anos, do Talleres, tem negociações avançadas, segundo o diário "Olé". São três inscrições permitidas para cada time até o dia 2.

Zuculini. O volante que atuou no lugar de Nacho Fernández fez ontem seu terceiro gol em quatro jogos. Está marcando bem, passando bem e pisando na área rival com competência. Precisa controlar sua agressividade, pois poderia ser expulso depois de acertar uma joelhada na cabeça do goleiro. É muito lembrado na Argentina o seu coice no tornozelo de Centurión nas oitavas da Libertadores de 2018 contra o Racing. Um eventual embate seu com Felipe Melo seria para rachar a caneleira dos dois.

Carrascal. O "Neymar colombiano" parece ter enfim desencantado. "Seu futuro é maior que o de James Rodríguez", falou o comentarista Ogro Fabbiani, da ESPN, destacando que o meia-atacante de 22 anos é talentoso demais e agora incorporou ao seu jogo a entrega e a velocidade típicas do futebol argentino. O golaço que abriu o placar ontem prova que não é exagero.

Fome demais. Marcelo Gallardo foi bastante questionado depois da partida por humilhar o time em que começou a carreira de técnico. "Vencer ok, mas fazer seis é demais", foi a conclusão de um alucinado debate em plena madrugada na Rádio Mitre. O histórico treinador do River já havia sido acusado da mesma coisa quando aplicou 6 a 1 no Racing do amigo Chacho Coudet no Argentino do ano passado. "A maior maneira de respeitar o rival é jogando o melhor possível, e eu não teria autoridade para pedir energia aos jogadores se eu falar para eles aliviarem", ponderou Marcelo.

Equilíbrio. Este River que arrasou o Nacional tem uma mescla perfeita de experiência e juventude. Há os baluartes, como o volante Ponzio, há nove (!) anos no clube, ou o goleiro Armani, dono do arco há três. Mas há também o frescor de novidades como o zagueiro Rojas, o lateral-esquerdo Angileri, o volante Zuculini e o armador Carrascal, que abraçaram a titularidade nas últimas semanas e renderam bem demais.