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Tales Torraga

A uma semana de enfrentar Palmeiras, saída de Pratto atrapalha o River

Pratto entrou no lugar de Borré na final da Libertadores - REUTERS/Henry Romero
Pratto entrou no lugar de Borré na final da Libertadores Imagem: REUTERS/Henry Romero

Colunista do UOL

29/12/2020 09h24Atualizada em 31/12/2020 11h07

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Lucas Pratto pegou a Argentina de surpresa ao anunciar ontem à tarde que deixaria o River Plate para um empréstimo de seis meses no Feyenoord, da Holanda. A notícia era tão inesperada que ocorreu no exato instante em que a manchete do diário "Olé" era sobre a importância do centroavante de 32 anos no superclássico de sábado contra o Boca e na semifinal de Libertadores ante o Palmeiras, que será aberta daqui a exatamente uma semana.

Pratto era reserva, até porque Borré e Suárez atravessam boa fase, mas seria essencial para entrar em caso de lesão ou para reverter um placar. Vale lembrar que são cinco as substituições desta Libertadores. Sem Pratto, resta ao técnico Marcelo Gallardo opções apenas como crias do clube - Julián Álvarez, de 20 anos, e Federico Girotti, de 21. Álvarez foi titular em setembro e fez cinco gols, mas também perdeu espaço. Girotti é apenas uma promessa.

A saída de Pratto não impacta só o rendimento em campo. Lucas era o braço-direito dos mais jovens e uma garantia de tranquilidade no vestiário. Gallardo sempre afirmou que o centroavante e o volante Ponzio, dois experientes que vinham entre os reservas, serviam de contenção natural aos jovens. "Eles olham para o Pratto e para o Ponzio no banco de reservas e até abaixam a cabeça. Não têm coragem de reclamar", repete o treinador.

A falta de opções para o ataque não é nova para Gallardo - que não se opôs à saída de Pratto e se despediu do atacante em minutos. "Não faz sentido segurar quem queira ir", disse o técnico mais de uma vez. "Foi uma decisão do jogador, e é difícil reverter uma decisão quando ela já está tomada", ponderou Enzo Francescoli, dirigente do clube de Núñez.

O River antes das semifinais da Libertadores em 2015 também perdeu o volante Ariel Rojas e o atacante Teo Gutiérrez, mas a pausa para a Copa América do Chile permitiu a contratação de Lucas Alario, que seria essencial para o título da equipe naquele ano. Agora não há tempo e nem dinheiro - Pratto sai sem deixar nada aos cofres do clube, e uma opção de compra do Feyenoord ainda será estudada com o atacante já na Europa. O River informa que quitou 100% do que devia ao São Paulo.

Embora a escolha de Pratto mereça respeito, a ponderação dos dirigentes do River também merece ouvidos. Pratto foi a contratação mais cara da história do clube (11,5 milhões de euros), e seu salário era um dos maiores do elenco. Ele levou quase um ano para se recuperar de uma lesão no quadril. E agora, com a chance de render bem em partidas importantes, tinha a chance também de apagar a desastrosa entrada na final do ano passado contra o Flamengo.

(E retribuir o tratamento e o dinheiro recebido no período inativo, claro, mas resolveu fazer as malas rumo à Europa - em que pese livrar o clube de um altíssimo gasto em dólar no momento mais delicado da história recente da Argentina.)

No começo do mês, Pratto fez quatro gols em cinco jogos e sugeriu que seria importante nesta arrancada final - agora sabe-se que sua melhora de nível foi exatamente para cumprir a promessa de transferência para a Holanda.