Tevez feliz, Gallardo furioso: o que o Boca x River deixa para o Brasil
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Quem esperava um Boca x River morno na Bombonera - quase toda a Buenos Aires - se engasgou com a empanada na noite deste sábado. Os dois times se chutaram e se socaram como se não houvesse amanhã, e o 2 a 2 fez justiça a um Superclássico descrito pelo diário "Olé" como um "jogaço melhor que o previsto" com duas expulsões, quatro gols e sete cartões amarelos.
Apesar da rispidez, ninguém saiu machucado. River (terça contra o Palmeiras) e Boca (quarta ante o Santos) logo voltam a campo pela Libertadores, e a coluna repassa as consequências do empate da Copa Diego Maradona na competição continental:
* O Boca jogou com 4 titulares dos 11 que deve levar a campo contra o Santos: o goleiro Andrada, o zagueiro Izquierdoz, o volante Campuzano e o meia-atacante Villa. O River surpreendeu e entrou em campo com 9 titulares que repetirão a presença inicial contra o Palmeiras. Só Suárez e Nacho Fernández começaram no banco.
* Ouvir as transmissões das principais rádios portenhas (Mitre, La Red e Continental) era escutar repetidos elogios a Marcelo Gallardo e seu "nó" em Miguel Ángel Russo antes da partida - o treinador do River despistou dizendo que o objetivo era a Libertadores, mas escalou quase 100% dos titulares. Na avaliação dos comentaristas, até Russo foi surpreendido. Depois da partida houve uma mudança de olhar dos analistas, que consideraram o River correndo riscos demais e saindo de campo sem obter o que se propunha, que era "ganhar e arrastar o rival pelo piso em sua própria casa".
* O empate contou com o bom nível de Tevez, que "voltou a ser Carlitos", segundo o "Olé". Ele começou no banco e encaixou ótima assistência para o segundo gol, marcado por Villa. Foi até exageradamente comparada ao passe de Maradona a Caniggia na Copa de 1990 contra o Brasil. O ídolo do Boca não economizou no discurso depois do jogo. Feliz, cravou que Boca e River são os favoritos para chegar à final da Libertadores. Ele acertou um carrinho violento em Nacho Fernández e poderia perfeitamente receber o vermelho. Só levou amarelo.
* A rivalidade entre os colombianos fez o clássico ferver. Primeiro, o volante Campuzano, do Boca, deu uma cotovelada brutal na jugular de Carrascal, do River, ainda no primeiro tempo, e só levou amarelo. Não duraria muito em campo, pois foi expulso no segundo, ao socar a orelha de Suárez. No fim do jogo, Borré e Villa trocaram empurrões. Os argentinos não ficaram felizes - em tom de brincadeira, queriam se apropriar da valentia. "Os colombianos nunca jogaram assim, de maneira tão aguerrida, isso era qualidade de uruguaios", destacou o ex-jogador Diego Gambetita Latorre na ESPN.
* O River jogou com os titulares, buscou uma virada do 0 a 1 para o 2 a 1 e terminou a partida com dez homens em campo depois da expulsão de Enzo Pérez. A sensação do clube de Núñez era de fúria por permitir o empate depois de tanto esforço, mas ponderam que o desgaste não será sentido na Libertadores. A comissão técnica, entre si, se lembra de 2015, quando perdeu para o Boca pelo Campeonato Argentino no domingo e ganhou do próprio Boca na Libertadores na quarta. Assim como agora, foram só dois dias de intervalo entre as partidas para recuperar os titulares.
* Raridade, Gallardo saiu sem dar entrevistas. "Ele tanto falou antes da partida e fez tudo diferente, que nem vamos sentir falta", foi o comentário irônico de Gabi Anello na Rádio Mitre. Uma das razões apontadas pelo seu silêncio foi a irritação com os cochilos da defesa nos dois gols do Boca.
* Nacho Fernández entrou muito bem e voltou a mostrar sua capacidade como o melhor jogador do futebol argentino antes da pandemia. O meio-campo do River contra o Palmeiras tem tudo para ser Enzo Pérez, Nacho, De La Cruz e Carrascal. Uma formação de muito respeito, mas que nunca atuou junta - por lesões (Nacho), covid-19 (Enzo) ou entrada recente (Carrascal) na equipe.
* Pelo lado do Boca, Mauro Zárate e Wanchope Ábila trocaram ofensas em campo e no banco de reservas, sugerindo novo sinal do mau ambiente entre os jogadores, algo ressaltado desde a fase de grupos. Os dois minimizaram as consequências e dizem que a desavença comprova que vão dar tudo pela Libertadores.
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