Como a camisa que Pelé usou pelo Santos em 1963 foi parar no museu do Boca
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O Santos enfrenta o Boca Juniors hoje, às 19h15, na Bombonera, palco de uma das maiores vitórias da sua história - foi em 1963, quando Pelé e companhia fizeram 2 a 1 nos argentinos e ergueram o bi da Libertadores.
De tão marcante, a atuação é representada até hoje no complexo do Estádio Alberto Jacinto Armando, nome oficial da Bombonera. Inaugurado em 2001, o museu do clube exibe desde então a camisa de Pelé naquela final.
A relíquia foi doada por Antonio Rattín, lendário capitão xeneize, que a trocou com Pelé depois da partida. A camisa está autografada ("Do amigo Pelé") e exposta ao lado de um uniforme de Rattín, com a foto dos dois abraçados e a seguinte frase do brasileiro: "Rattín foi o adversário mais aguerrido e nobre que enfrentei na minha carreira. Sempre o considerei um grande amigo porque me marcou seu espírito de grande lutador, como cabe a um bom atleta".
A coluna falou com Rattín, que está com 83 anos e vive em sua cidade-natal, Tigre, à beira de um dos rios mais visitados pelos turistas que querem escapar do agito de Buenos Aires. "Hoje só descanso e me dedico a estar vivo, o que mais você quer eu faça?", ressaltou, pela idade avançada e pela pandemia.
Ele, porém, amolece ao falar de Pelé: "Tivemos lindos momentos juntos, ninguém pode dizer que houve um jogador melhor que ele. Não houve. Nem Maradona", e explicou por que doou sua camisa do amigo: "É uma homenagem a alguém que foi um atleta extraordinário e uma pessoa ainda melhor. Eu seria muito estúpido se viesse aqui, fizesse elogios, e não permitisse que se mantenha viva a memória de alguém que eu gosto muito e merece demais. É a camisa de 1963, sim. Fizeram confusão achando que era a de um amistoso em 1968, mas é a da final da Copa."
Caso raro de alguém que defendeu apenas um clube, Rattín foi emblema do Boca entre 1956 e 1970, e desde 2015 tem também uma estátua no museu do clube. Esteve ligado à política nas últimas décadas, como deputado e vereador, e demonstrou habilidade também nos bastidores do Boca, desenvolvendo projetos que permitiram ao museu do clube ser um dos espaços privados mais concorridos de Buenos Aires - cerca de 70% dos turistas estrangeiros vêm do Brasil.
Pela pandemia, o museu está fechado há dez meses, e trabalha para reabrir suas portas no máximo até março.
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