Boca e River vivem sábado de 'guerra fria' na Argentina. E a Libertadores?
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Com a sonhada final Boca x River mais longe na Libertadores, a Argentina volta os canhões hoje (9) para uma nova e enlouquecida decisão. Antes relegada ao "plano Z", a Copa Diego Maradona, criada só para movimentar os times na pandemia, ganhou inesperada importância para os eternos rivais.
Um tem a Libertadores como missão impossível diante do Palmeiras (o River), e o outro (Boca) define vaga diante do Santos sem vantagens. Quem escalar no torneio local? Este é o dilema dos dois, que entram em campo no mesmo horário (21h30) para definir quem fará a final da Copa Maradona, muito provavelmente contra o Banfield. Havendo sucesso rival na Libertadores, o título local seria uma adequada resposta à torcida e aos contrários - o famoso "fator anímico" tão repetido na Argentina.
O Boca visita o Argentinos Juniors na Paternal (com ESPN), enquanto o River joga como mandante no Florencio Sola, em Banfield, contra o Independiente. Boca e River estão empatados em pontos (8), e o Boca leva vantagem no primeiro desempate (saldo de gols, 5 a 4). Havendo igualdade em pontos, saldo e gols marcados, a AFA prevê sorteio (o regulamento não), mas ninguém descarta que Boca e River acertem entre si uma partida extra - e lucrativa - para definir o finalista. Com 7 pontos, o Argentinos Juniors também tem chances de avançar à decisão.
Nem Marcelo Gallardo, pelo River, nem Miguel Ángel Russo, pelo Boca, anteciparam quem sairá jogando hoje. A estratégia é parecida à do Superclássico da semana passada: relacionar todo o elenco e depois escolher um time misto ou reserva - segundo os setoristas do Boca, será este o caso da equipe, cuja formação mais provável é: Rossi; Buffarini, Zambrano, Ávila e Mas; Varela, Capaldo (González), Zeballos e Cardona (Medina); Zárate e Ábila. Só o volante Capaldo começou jogando contra o Santos.
No River, os titulares citados pelos jornalistas mais próximos são: Armani (Bologna); Casco, Rojas (Sosa), Díaz e Angileri; Zuculini, Ponzio, Ferreira e Carrascal; Álvarez e Girotti. Quatro (Armani, Casco, Rojas e Carrascal) saíram jogando contra o Palmeiras. Que ninguém se espante com as duas hostes levando força máxima ao campo neste sábado, por estranho que pareça pela proximidade dos jogos - e viagens - contra Palmeiras e Santos. O Boca x River é mesmo um universo à parte na órbita do futebol, e há até quem veja o River com força máxima agora e, se necessário, escalando os reservas para pegar o Palmeiras, como insiste o comentarista Gringo Cingolani, da TyC Sports.
Se em campo o tempo está nublado, nos bastidores pode-se dizer que a Copa Maradona é mais uma tempestade em copo-d'água para Boca e River manterem a eterna "guerra fria" que caracteriza a (não) relação entre ambos.
Grande parte da discórdia vem da violência de ambas as partes. A impune cotovelada de Campuzano, volante do Boca, na jugular de Carrascal, meia-atacante do River, foi condenada não só em Núñez, mas também pela opinião pública, que criou até apelido para o golpe - "ataque piranha", em referência aos roubos covardes aos que saem do banco, a "saidinha" no Brasil.
O Boca se defende falando que o lance foi casual e que o River é a hipocrisia em vermelho e branco, pois Gallardo foi flagrado dizendo para o zagueiro Rojas "quebrar o tornozelo" de Tevez. "Quem diz isso nunca chutou uma bola, é bobagem se agarrar às palavras e tirá-las de contexto", falou o técnico, defendendo que apenas pediu para o defensor "chegar mais junto".
Pelos lados de Núñez, há interesse especial em ganhar a Copa Maradona - sutil revide ao Boca por conquistar uma competição batizada por um ídolo rival. Com tanta rixa em campo e fora, a Libertadores será esquecida por algumas horas. Amanhã os dois juntam os cacos e seguem a vida.
Uma copa chamada Diego Maradona, afinal, não poderia mesmo terminar sem loucura e paixão.
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