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Crespo e Muricy começam parceria com boas chances de salvar o São Paulo
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E Hernán Crespo é o técnico do São Paulo. Além do cartaz de expoente argentino do momento, o que não é pouco, ele desembarca no Morumbi com algo bem comum nos técnicos do seu país, que é o de recorrer aos mestres.
Foi assim no Defensa y Justicia, onde surpreendeu ao ganhar a Sul-Americana e ser comparado a Marcelo Gallardo - que, afinal, nasceu como a lenda vigente que é ao faturar a mesma competição em 2014. Crespo com frequência conversava com seus jogadores citando Alejandro Sabella, seu técnico da base do River Plate e que o levou ao profissional em 1993. "Sempre passava o que Alejandro me ensinou, que era pensar primeiro em 'nós' e depois em 'mim'. O time ficou bem mais firme", explicou mais de uma vez.
Crespo foi formado como jogador exatamente sob um comando conjunto - contou no River e na Argentina da Copa de 1998 com aquele que é tido pelos vizinhos como o "corpo técnico mais forte da história", triunvirato formado por Daniel Passarella, Alejandro Sabella e Tolo Gallego. Os dois últimos brilharam também voando sozinhos e dão respaldo a quem encampa tal análise.
Hernán se caracterizou na Argentina pela inteligência acima da média - não à toa, era chamado para participar de programas de entrevistas que pouco tinham a ver com futebol, como o PH (Podemos Hablar, ou "Podemos Falar"), das principais atrações da TV do país nos finais de semana. Nos seus papos fora das quatro linhas, reiteradamente citava a importância dos antecessores e reforçava o privilégio que tinha ao contar com opiniões experientes.
É aí que entra Muricy Ramalho.
O principal técnico do São Paulo depois da Era Telê foi anunciado como coordenador de futebol em janeiro, e Crespo é o primeiro treinador escolhido (e acolhido) sob seu aval. Ninguém melhor que Muricy para situar Hernán de onde ele está, o que é um privilégio para quem demonstra a cabeça aberta que tem Crespo. O argentino terá à disposição um suporte muito maior do que tiveram os técnicos estrangeiros recentemente por aqui. O idioma tampouco deve atrapalhar - Muricy jogou e foi técnico no México por sete anos, e Crespo, se confirmar seu gosto por estudos, logo vai conseguir arranhar o português.
Ambos, agora, terão o que mostrar.
Crespo precisa provar que tem bala para time grande, e assume o São Paulo com óbvia obrigação de entregar resultados. Chega, porém, sem ligações com as recentes decepções - a famosa mufa tão repetida pelos argentinos. Imenso como técnico, Muricy também precisa se provar neste papel de coordenador.
Há capacidade, mescla de gerações, objetivos e linguagem em comum, é o "aqui é trabalho!" se reforçando com a "raça argentina". Ao que parece, a soberba e o individualismo tão apontados pela torcida vão enfim terminar.
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