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Careca: 'Quero viajar à Argentina e me despedir de Maradona no cemitério'
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O sol forte seguia queimando a tarde no estacionamento do Estádio Delle Alpi, em Turim, quando Diego Maradona entrou no ônibus da Argentina. A seleção azul e branca acabava de tirar o Brasil da Copa de 1990, e a loucura de 40 barulhentos argentinos virou um imediato silêncio. Maradona exigia respeito aos amigos Careca e Alemão, tristes e eliminados, no ônibus brasileiro do lado.
O célebre episódio comprova o respeito e o carinho entre Maradona e Careca, companheiros no Napoli entre 1987 e 1991. E será também no silêncio, como 31 anos atrás, que o brasileiro pretende se despedir de quem considerava "um irmão". Foi o que Careca revelou ontem (22) em Buenos Aires à rádio 947 FM.
"Quero ir à Argentina para me despedir de Maradona no cemitério", falou Careca, que está com 60 anos e não traçou data para a despedida. Ele não pôde comparecer ao funeral do amigo no final de novembro. "Em 1998 fomos ao túmulo do Ayrton Senna no Cemitério do Morumbi. Diego me disse uma coisa que me marcou, ele falou que as pessoas que nos davam alegrias mereciam ser celebradas."
Maradona está enterrado no Cemitério Jardín de Bella Vista, nos arredores de Buenos Aires, sob forte proteção policial durante as 24 horas. Apenas pessoas autorizadas pela família podem se aproximar do seu túmulo.
Careca contou detalhes da sua amizade com Maradona. "O primeiro encontro com Diego me marcou. Veio até a minha casa e me deu um baita abraço, me abriu as portas do clube. Na segunda seguinte, treinamos pela primeira vez e foi tudo fácil. Falávamos a mesma língua. Maradona era alegria, a gente gostava de vê-lo", afirmou. Juntos, ganharam um Campeonato Italiano (1989/1990), uma Copa da Uefa (1989) e uma Supercopa da Itália (1990).
"Era fácil jogar com ele, mas também tinha suas dificuldades. A preparação era maior do que para atuar com um jogador qualquer. Eu convivia com sua genialidade. Ele via um milímetro e era o suficiente para um passe."
Para Careca, Maradona seria o jogador mais caro do mundo se atuasse hoje - e com muita folga: "Imagine o que seria Diego hoje com 22, 23, 24 anos. Nenhum clube poderia pagá-lo, nem um banco inteiro poderia comprá-lo".
O que não tinha preço, para o brasileiro, era o companheirismo do argentino. "Diego estava sempre presente. Nas horas mais difíceis, principalmente. Sabia que podia ganhar um jogo sozinho, mas um time se construía com um grupo inteiro. Chamava a responsabilidade. Era um líder. Dentro e fora de campo, sempre brigava por todos. Pelo roupeiro, pelo massagista, pelo último jogador do banco. Era sempre o capitão."
"Em Nápoles, saíamos camuflados com nossos filhos. Diego era louco por feijoada, mas sempre precisava se esconder dos torcedores e era difícil. Ele foi uma pessoa especial, um fenômeno, alguém inigualável. Vamos nos lembrar dele para sempre. Não apenas como jogador, foi imenso como pessoa e como amigo, por isso quero este momento a sós com ele no túmulo."
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